RESUMO A metáfora narrativa conceptualiza o processo pelo qual

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RESUMO A metáfora narrativa conceptualiza o processo pelo qual
RESUMO
A metáfora narrativa conceptualiza o processo pelo qual construímos significados e
organizamos os diversos elementos dissociados da experiência em acontecimentos
plausíveis e coerentes.
Investigações recentes têm apoiado o pressuposto de que a estrutura e coerência
narrativa está associada ao bem-estar psicológico e a um funcionamento psicológico mais
viável. No âmbito da abordagem cognitiva narrativa, pretendeu-se desenvolver um estudo
exploratório acerca da narratividade de adolescentes adoptados. Mais especificamente, a
presente investigação pretendeu explorar o grau de estrutura e coerência de narrativas
pessoais significativas expressas pelos adolescentes adoptados, relacionadas com os
momentos em que estiveram na família biológica, família/instituição de acolhimento e
família adoptiva. A questão chave é: em que medida é que o jovem adoptado mantém a
competência da estrutura e coerência narrativa, apesar das suas experiências de vida
inerentemente ímpares e dissociadas? Participaram neste estudo de investigação 20
adolescentes adoptados, de ambos os sexos e com idades compreendidas entre os 11 e
os 16 anos, os quais foram encorajados a narrar três histórias referentes aos três
períodos de vida com as três famílias. As 60 narrativas produzidas foram analisadas
usando a medida estandardizada Manual de Avaliação da Estrutura e Coerência
Narrativa,
considerando
quatro
dimensões:
orientação,
sequência
estrutural,
comprometimento avaliativo e integração. As narrativas foram codificadas por um par de
psicólogos que receberam treino e o acordo inter-juízes foi superior a 80%. O grau de
estrutura
e
coerência
narrativa
foi
também
relacionado
com
outras
medidas
sociodemográficas e de satisfação e adaptação dos jovens aos contextos sócio-familiares,
salientando-se particularmente a Escala de Satisfação com a Vida (SWLS). No global, as
narrativas dos adolescentes adoptados apresentam um nível de coerência estrutural
ligeiramente abaixo do ponto médio da escala. No entanto, à medida que nos movemos
ao longo das diferentes experiências nas famílias, os níveis de coerência vão
aumentando, passando de níveis visivelmente pouco coerentes nas narrativas família
biológica para níveis de coerência confortavelmente moderados nas narrativas família
adoptiva.
Adicionalmente, observaram-se correlações significativas moderadas e negativas entre os
scores totais da estrutura e coerência das narrativas família biológica e família de
acolhimento e o score obtido na Escala de Satisfação com a Vida (SWLS), revelando que
a satisfação actual dos jovens com a vida em geral é maior à medida que diminui a
coerência das narrativas relativas às famílias anteriores. Os resultados da investigação
sugerem que é possível manter níveis consideráveis de ambiguidade e dissociação
relativamente às experiências precoces nas outras famílias, ao mesmo tempo que níveis
de integração e coerência elevados relativamente às experiências mais recentes,
concorrendo ambos para a adaptação e bem-estar dos adolescentes adoptados. Tais
resultados podem adquirir particular importância na validação dos pressupostos da
abordagem cognitiva narrativa, bem como no contexto da intervenção psicológica no
mundo complexo da adopção.
ABSTRACT
Narratives make a story out of experience by weaving discrete and sometimes
contradictory elements into plausible and coherent accounts. Recently, research has been
supporting the idea that narrative coherence and structure is associated to psychological
well-being and adaptive psychological functioning. In light of cognitive narrative theory we
intended to develop an explanatory study about the narrativity of adopted adolescents.
More specifically, this study intended to explore the degree of narrative coherence and
structure of personal significant narratives, expressed by the adopted adolescent, related
to the moments he was with birth family, foster family/institution and adoptive family. The
key question is: how the adoptee maintains the competence of the narrative coherence
and structure, despite these uneven and inherently dissociated experiences? Participants
were 20 Portuguese adopted adolescents, both sexes, aged 11 to 16, who were
encouraged to narrate three stories concerning to the three periods of life with the three
families. The 60 produced narratives were analyzed using the standard measure Manual
for Evaluation of Narrative Structure and Coherence, considering four parameters:
orientation, structural sequence, evaluative commitment and integration.
Narratives were rated by a set of trained psychologists with levels of inter-rater agreement
higher than 80%. The degree of narrative structure and coherence was also related to
other measures, such as socio-demographics and the adolescent’s satisfaction and
adaptation to socio-family contexts, specifically the Satisfaction With Life Scale (SWLS).
On the whole, the adopted adolescents’ narratives show a level of structure and
coherence slightly below the medium point of the scale. Nevertheless, as we move
towards different family experiences, quality of narrative coherence increases from visibly
low levels in biological family narratives to comfortably moderate levels in adoptive family
narratives.
Additionally, significant moderate negative correlations were found between total scores of
biological and foster family narratives and score on Satisfaction With Life Scale (SWLS),
revealing that the overall actual adolescents’ satisfaction with life is major as prior families’
narrative coherence diminishes. These research findings suggest that it is possible to
maintain considerable levels of ambiguity and dissociation with regard to early experiences
in the other families, at the same time that high levels of integration and coherence with
regard to more recent experiences, both competing to the adopted adolescents’ adaptation
and well-being. Such results can gain particular consideration in the validation of the
purposes of cognitive narrative theory, as well as in the psychological intervention context
in the complex world of adoption.
RESUMÉE
La métaphore narrative conçoit la procédure par laquelle nous construisons les sens des
mots et organisons les divers éléments dissociés de l’expérience dans des événements
plausibles et cohérents.
De récentes investigations ont soutenu le présupposé que la structure et cohérence
narrative est associée au bien-être psychologique et à un fonctionnement psychologique
plus viable. En suivant la perspective cognitive narrative, on a prétendu développer une
étude exploratrice à propos de la narration chez des adolescents adoptés. Plus
précisément, la présente investigation a voulu exploiter le degré de structure et cohérence
de narrations personnelles significatives exprimées par les adolescents adoptés, en
rapport avec les moments où ils étaient dans la famille biologique, famille/institution
d’accueil et famille adoptive. La question clé est: comment est-ce que le jeune adopté
maintient la compétence de la structure et cohérence narrative, malgré ses propres
expériences de vie impaires et dissociées? Dans cette recherche, 20 adolescents adoptés
ont participé, des deux sexes et âgé de 11 à 16 ans, qui ont été encouragés à raconter
trois histoires concernant les trois périodes de vie avec les trois familles. Les 60 récits
produits ont été analysés utilisant la régle standardisée Manuel d’Évaluation de la
Structure et Cohérence Narrative, considérant les quatre dimensions: orientation,
séquence structurelle, compromission évaluative et intégration. Les récits ont été codifiés
par un membre de psychologues qui ont reçu une formation et l’accord inter-juges a été
supérieur à 80%. Le degré de structure et cohérence du récit a aussi été rapporté avec
d’autres règles sociodémographiques et de satisfaction et adaptation des jeunes aux
contextes socio-familiaux, en soulignant en particulier l’Échelle de Satisfaction avec la Vie
(SWLS). Dans l’ensemble, les récits des adolescents adoptés ont tendance a être peu
cohérents dans leur structure. Cependant, au fur et à mesure que nous nous changeons
au long des différentes expériences dans les familles, les niveaux de cohérence
augmentent et passent d’états visiblement peu cohérents dans les récits famille
biologique, à des états de cohérence confortablement modérés dans les récits famille
adoptive. De plus, on observe des rapports significatifs modérés et négatifs entre les
scores finaux de la structure et cohérence des récits famille biologique et famille d’accueil
et le score obtenu à l’Échelle de la Satisfaction avec la Vie (SWLS), révélant que la
satisfaction actuel des jeunes avec la vie en général est plus grande au fur et à mesure
que diminue la cohérence des récits concernant aux familles précédentes. Les résultats
de la recherche suggèrent qu’il est possible de maintenir des niveaux considérables
d’ambiguïté et de dissociation en ce qui concerne les expériences précoces dans les
autres familles, en même temps que des niveaux d’intégration et cohérence élevés en ce
qui concerne les expériences actuelles, en tendent ceux-ci derniers à contribuer pour
l’adaptation et bien-être des adolescents adoptés. Tels résultats peuvent acquérir une
particulière importance dans la validation des présupposés de l’approche cognitive
narrative, aussi bien que dans le contexte de l’intervention psychologique dans le monde
complexe de l’adoption.

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