Resumo À luz da teoria da vinculação, a natureza dos

Resumo
À luz da teoria da vinculação, a natureza dos acontecimentos emocionais vividos no
seio da relação familiar constituem importantes preditores do modo como o jovem se
envolve e investe emocionalmente na relação romântica com um par. Vários estudos
salientam que a experiência do divórcio parental e do conflito interparental parece
envolver os filhos num contexto relacional disfuncional, caracterizado pela ausência de
proximidade emocional entre pais e filhos. Consequentemente, reúnem-se condições
que dificultam a formação de vínculos seguros no contexto relacional familiar, e que
aumentam a probabilidade de os filhos viverem experiências de rejeição. Por outro lado,
estes estilos relacionais disfuncionais poderão ser generalizados às relações
subsequentes, designadamente as relações românticas. O presente trabalho apresenta um
estudo empírico cujo objectivo é analisar em que medida a qualidade da vinculação ao
par romântico de jovens adultos se diferencia em função da presença de divórcio e do
conflito interparental, investigando o papel mediador da qualidade da vinculação aos
pais, e da sensibilidade à rejeição para a compreensão desta associação. Para o efeito,
uma amostra de cerca de 401 jovens adultos, entre os 18 e os 30 anos de idade, filhos de
pais divorciados e de pais casados, respondeu a um conjunto de questionários que
pretendem avaliar a qualidade da vinculação aos pais (Questionário de Vinculação ao
Pai e à Mãe, Matos & Costa, 2001; versão revista) e ao par romântico (Questionário de
Vinculação Amorosa, Matos & Costa, 2001; versão revista), a percepção sobre o
conflito interparental (The Children’s Perception of Interparental Conflict Scale, Grych,
Seid & Fincham, 1992) e a ansiedade e expectativas de rejeição (Expectations of
Sensibility to Rejection, Downey & Feldman, 1996). As qualidades psicométricas dos
instrumentos foram analisadas a partir de procedimentos de análise factorial
confirmatória e da avaliação da consistência interna das dimensões, apresentando
globalmente indicadores adequados. Os resultados confirmam a hipótese central do
estudo de que o conflito é um melhor preditor da qualidade do relacionamento amoroso
de jovens adultos, quando comparado com a presença de divórcio. Por outro lado, foram
encontradas diferenças de género na vinculação amorosa, mas apenas em relação ao
evitamento, revelando-se os rapazes mais evitantes do que as raparigas. Por último,
verificamos que a influência do conflito interparental na qualidade da vinculação
amorosa é mediada pela qualidade da vinculação aos pais. Já a sensibilidade à rejeição
parece mediar a associação entre conflito interparental e a qualidade da vinculação
amorosa, mas apenas no caso das raparigas.
Abstract
According to attachment theory, there is an universal human need to establish close
enduring emotional bonds to feel secure (Ainsworth, 1989; Bowlby, 1973,1982).
Substantial evidence indicates a link between exposure to interparental conflict or
parental divorce and adults attachment representations, shed light on how childhood
experiences affect later life. This study investigated the effects of parental divorce and
interparental conflict on young adults romantic relationships. A sample of 401
Portuguese young adults, aged 18-30 years, with divorced and non-divorced parents,
responded
to
questionnaires
assessing
emotional
attachments
with
parents
(Father/Mother Attachment Questionnaire, Matos & Costa, 2001), perceived level of
interparental conflict (The Children’s Perception of Interparental Conflict Scale, Grych,
Seid & Fincham, 1992), a tendency to expect and be concerned about rejection across a
range of social situations (Expectations of Sensitivity to Rejection, Downey & Feldman,
1996), and quality of current romantic relationship (Romantic Attachment
Questionnaire, Matos & Costa, 2001). The psychometric properties of the instruments
were tested using confirmatory factor analysis and the internal reliability for all
dimensions for the sample used in this study was acceptable. As theoretically expected,
the parental divorce in itself was not related to feelings of insecurity in romantic
relationships. The results showed that the dimensions of interparental conflict and
parental attachment predicted the quality of young adults romantic relationships. In
particular, the results support the hypothesis that parental attachment mediates the link
between exposure to parental conflict and the quality of young adults romantic
relationships. Our study revealed gender differences on rejection sensitivity among
young adults representations of their intimate relationships.
Résumé
Selon la théorie de l’attachement, la nature des événements émotifs vécus au sein de la
relation familial prédis la forme comme le jeune s’engage émotionnellement dans la
relation romantique avec un partenaire. Le présent travail présente une étude empirique
des jeunes adultes dont l’objectif est analyser de quelle forme la qualité de
l’attachement au couple romantique des jeunes adultes se différencie en fonction de la
présence du divorce et du conflit entre parents, investiguant le rôle de la qualité de
l’attachement aux parents, et la sensibilité à la réjection pour la compréhension de cette
association. Pour l’effet, un échantillon de 410 jeunes adultes, entre les dix-huit et les
trente ans, fils de parents divorcés et de parents mariés, a répondu à un groupe de
questionnaires qui prétendent évaluer la qualité de l’attachement aux parents
(Questionnaire d’Attachement au Père et à la Mère, Matos & Costa, 2001; version
revue) et au couple romantique (Questionnaire d’Attachement Amoureux, Matos &
Costa, 2001; version revue), la perception sur le conflit entre parents (Questionnaire du
Conflit entre Parents, (Grych, Seid & Fincham, 1992) et l’anxiété et les expectatives de
la réjection (Questionnaire de la Sensibilité à la Rejection, Downey & Feldman, 1996).
Les qualités psychométriques des instruments ont été analysées à partir des procédés de
l’analyse factorielle confirmatoire
et de l’évaluation de la consistance interne des
dimensions, présentant globalement des indicateurs convenables. Les résultats
confirment l’hypothèse centrale de l’étude que le conflit est le meilleure prédicteur de la
qualité du rapport amoureux des jeunes adultes, comparativement à la présence du
divorce, et que son influence est modérée par la qualité de l’attachement aux parents.
Par contre, on a trouvé des différences de genre sur la façon comme la sensibilité à la
réjection influence la qualité des relations amoureuses des jeunes adultes.