ética da informação - Repositório Aberto da Universidade do Porto
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ética da informação - Repositório Aberto da Universidade do Porto
ÉTICA DA INFORMAÇÃO CONCEITOS | ABORDAGENS | APLICAÇÕES Gustavo Henrique de Araújo Freire (Org.) Ideia João Pessoa 2010 Apoio: NORMALIZAÇÃO Ediane Toscano Galdino de Carvalho (UFPB/DCI) Edilene Toscano Galdino dos Santos (UFPB/DCI) Simpósio Brasileiro de Ética da Informação (1. : 2010 : João Pessoa, PB). Ética da Informação: conceitos, aboragens, aplicações / Organização, Gustavo Henrique de Araujo Freire, 18 a 19 de março de 2010. - João Pessoa: Ideia, 2010. CD-ROM E-book do I Simpósio Brasileiro de Ética da Informação. ISBN 978-85-7539-524-0 1. Ciência da Informação – Ética. 2. Ética da informação. 3. Informação. I. Título. II. Freire, Gustavo Henrique de Araújo. CDU 02:17 Editoração Eletrônica/Capa Magno Nicolau EDITORA LTDA. (83) 3222-5986 [email protected] A PESQUISA E SUAS APLICAÇÕES EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: Implicações éticas Armando Malheiro da Silva* 1 Da Epistemologia à Ètica O desafio, lançado através do convite a participar no I Simpósio Brasileiro de Ética da Informação, teve como consequência imediata sentirmos, claramente, a necessidade de reflectir sobre a concepção epistemológica, que de há uns anos vimos traçando para a Ciência da Informação, ensinada e debatida no âmbito das iniciativas científico-pedagógicas (Licenciatura e Mestrado), levadas a cabo, em parceria, pelas Faculdades de Engenharia e de Letras da Universidade do Porto. Convém frisar que esta comunicação marca quer o início de uma trajectória que, certamente, será retomada e prosseguida, quer a pertinência de se dotar um projecto epistemológico, como o que foi esboçado no livro Das “Ciências” Documentais à Ciência da Informação (SILVA; RIBEIRO, 2002) e tem sido desenvolvido e aperfeiçoado desde então, de uma análise de cariz ético. Análise essa que tem de permitir evidenciar as implicações de ordem ética, patentes tanto no plano da pesquisa, elaborada pela C.I., como no dos efeitos e das consequências provocados pelas aplicações que uma ciência social aplicada, categoria em que é incluída a C.I., naturalmente tende a gerar e a estimular nos mais diversos sectores de actividade e em articulação operacional com outros domínios científicos e tecnológicos. Esse plano dos efeitos concretos das aplicações revela-se no campo profissional e aí temos o imperativo dos códigos deontológicos, que regulam e balizam as attitudes e práticas comportamentais dos agentes e colaboradores. Até agora, temo-nos focado e preocupado com a reflexão e a indagação sobre as condições internas e externas do conhecimento científico, produzido e acumulado no decurso da “existência útil” da C.I. Em sentido amplo, epistemologia é definida como um ramo da Filosofia que trata dos problemas filosóficos relacionados com a crença e o conhecimento: investiga a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento. Nesta acepção radical e ampla, a epistemologia é equivalente a outros termos e expressões como filosofia do conhecimento, teoria do conhecimento ou ainda gnoseologia, inscrevendo-se, aí, algumas questões axiais ou “clássicas”: será que o ser humano conseguirá algum dia atingir realmente o conhecimento total e genuíno, fazendo-nos oscilar entre uma resposta dogmática ou empirista? Haverá realmente a distinção entre o mundo cognoscível e o mundo incognoscível? Por quais faculdades atingimos o conhecimento? Haverá conhecimento certo e seguro em alguma concepção a priori? A busca de respostas adequadas a estas e outras questões correlatas processa-se, há milénios, no interior da Filosofia, enquanto mais recentemente, a partir de meados do séc XIX, a fulgurante ascensão da Ciência Moderna e a sua crise, posta a nu, muito especialmente, pelos dois conflitos ocorridos na Europa e com ramificações noutras latitudes do planeta (a Grande Guerra, 1914-1918 e a II Guerra Mundial, 1939-1945), tornou inevitável uma especificação da espistemologia, isto é, a sua ressignificação em sentido restrito: a reflexão crítica sobre a origem, a natureza, a evolução e os limites do conhecimento produzido por cada ciência. Usando uma metáfora, que nos parece sugestiva, esta epistemologia localizada e instrumental é uma espécie de dispositivo de controlo, que instalado num carro, faz o monitoramento do motor e de todos os componentes do veículo, indicando de imediato algum problema ou avaria, sua localização precisa, e possibilitando, assim, que a mesma seja resolvida e superada. Não se deve, pois, estranhar, tendo em conta esta metáfora, que os epistemólogos da Física tenham sido e sejam físicos, ou que os teóricos da história sejam historiadores, embora esta tendência não exclua, antes coexiste com o interesse dos filósofos pelos problemas epistémicos “particulares” das diversas ciências. E é, óbviamente, este o tipo de epistemologia em foco na presente intervenção… Quanto à Ética, partamos já da ideia básica de que se trata de outro ramo ou disciplina filosófica, cujo sentido nuclear podemos entreabrir pela via etimológica: a palavra vem do grego ethos, que significa modo de ser, carácter; no latim, mos ou mores (plural) significa costumes e daí derivou o termo moral. Ética e moral confundem-se em nível semântico, mas também não tem faltado quem as ouse distinguir. E entre várias distinções possíveis trazemos, pela sua razoabilidade, uma à colação: a Ética trata/estuda o que é bom para o indíviduo e para a sociedade, tendo em vista qual a natureza dos deveres na interacção pessoa e sociedade; a Moral é o conjunto de normas, princípios, preceitos, costumes e valores que guiam a conduta do indivíduo dentro do seu grupo social. A Moral é normativa, enquanto a Ética é teórica, procurando explicar e justificar os costumes de uma sociedade, bem como ajudar na resolução dos seus dilemas mais comuns. E, se é possível distinguir Ética de Moral, mais fácil e necessário se torna distingui-la da lei, embora esta tenha por base, natural e frequentemente, princípios éticos. Decorre, desta distinção, outra, que é subsequente: Ética não é deontologia e muito menos código deontológico, mas este será tanto melhor e oportuno, quanto mais e fundas raízes tiver na Ética. Fernando Savater, na sua Ética para um jovem (Ética para Amador, na versão espanhola e original), quase a finalizar o capítulo cinco, sintetiza bem o que, aqui, importa deixar claro: Creio que a primeira e indispensável condição ética é a de estarmos decididos a não viver de qualquer maneira: estarmos convencidos de que nem tudo vem a dar no mesmo, embora, mais tarde ou mais cedo, tenhamos que morrer. Quando se fala de “moral” pensa-se habitualmente nas ordens e costumes que é hábito respeitar, pelo menos na aparência e muitas vezes sem que se saiba bem porquê. Mas talvez o busílis da questão não esteja em submetermo-nos a um código ou em contrariar o estabelecido (o que é também submetermo-nos a um código, só que às avessas) mas em tentar compreender. Compreender porque é que certos comportamentos nos convém e outros não, compreender o que é a vida e o que é que pode fazê-la “boa” para nós, seres humanos (SAVATER, 1998, p. 68). O popular filósofo e especialista espanhol em Ética, através deste extracto, ajuda-nos a esclarecer que não nos preocupa discutir a deontologia do profissional da informação, assunto, sem dúvida, importante, tanto mais que um código deontológico pode e deve ser uma extensão bem conseguida de um sério debate ético, mas como estamos a abrir caminho por terreno que até agora não ousaramos explorar, o que realmente nos interessa é compreender as implicações éticas do processo de pesquisa e dos modos como as aplicações práticas são percebidas e assimiladas nos contextos a que se destinam. Neste sentido, torna-se necessário subdividir a Ética da Informação, que centraliza o título deste primeiro Simpósio, em um tópico específico reservado à Ética implicada no estudo científico do processo info-comunicacional. Para bem se perceber a diferença, que estamos a introduzir, valerá a pena destacar o esclarecimento com que Adam D. Moore e Kristene Unsworth decidiram abrir a introdução da obra colectiva Information Ethics: privacy, property and power: Information ethics is a relatively new area of study comprised of several distinct yet interrelated disciplines including applied ethics, intellectual property, privacy, free speech, and societal control of information. The various issues addressed within these disciplines, along with the rise of technology-based information control, have lead many to understand these domains as interconnected. For example, when a photographer captures the image of a nude girl running from a napalm attack, questions arise that are related to each of these areas. Does the photographer own the picture in question? Does the girl have a privacy right that overrides the photographer’s ownership claims? Given that important information might be contained in the photograph, do free speech concerns play a role in deciding the moral issues surrounding the publication of the picture? Finally, if there were some reason to suppress the publication of the photograph, independent of privacy – perhaps publication would turn public sentiment against some governamental interest, for example – would such interests provide a compelling justification for suppression? Obviously, the justifications and answers we give in one area of study will impact the arguments and policy decisions in other areas. (MOORE, 2005, p. 11). Seguindo, pois, pelo caminho escolhido, temos que explicar qual a concepção de C.I. que defendemos e rematamos este prazeiroso, mas árduo exercício, com as mais importantes questões e tópicos implicados na agenda de pesquisa teórico-prática da C.I. – um desiderato que iniciativas como a do livro A Ética na Sociedade, na área da Informação e da atuação profissional, organizado por Henriette Ferreira Gomes, Aldinar Martins Bottentuit e Maria Odaísa Espinheiro de Oliveira (GOMES, BOTTENTUIT; OLIVEIRA, 2009), visam atingir, embora haja nesse livro apenas um texto – Sociologia e valores, os valores da Sociologia, por Bernardo Sorj – que mais de perto se assemelha ao propósito da nossa comunicação. 2 De que Ciência da Informação falamos? Há critérios seguros para definir a CI como ciência? Como se manifesta o objecto desta ciência e que métodos usam os seus cientistas? Quem são? Onde estão? Há um método próprio da CI? Ou ela é parasita dos métodos das Ciências Sociais? A CI é uma ciência social? Questões tão fundamentais, quanto difíceis de serem respondidas, porquanto a eventual ausência de resposta seria, por si só, a assunção da impossibilidade científica deste campo disciplinar. Justifica-se, assim, todo o empenho em traçar rumos e perspectivas de cientificidade, e é importante assumir posicionamentos claros, ainda que controversos e sujeitos a análises críticas construtivas. A concepção de CI, que vimos tecendo e consolidando, é diversa da que continua a ser propalada, por exemplo, no Brasil, e que tem a ver com uma disciplina surgida nos EUA, em plena “sociedade pós-industrial”, e centrada no processamento automatizado da informação científica e técnica (LINARES COLUMBLÉ, 2005, p. 3-32). Esta CI norte-americana seria paralela à Documentação, à Biblioteconomia e à Arquivística. Paralela e autónoma. A nossa concepção, por seu turno, constrói-se como resposta, necessária e possível, a um conjunto de questões fundamentais que permanecem em aberto e alimentam um inesgotável debate: inspirada na citadíssima, ainda que pouco seguida, definição do artigo de Harold Borko (1968) e na proposta unitária e interdisciplinar de Yves Le Coadic (1994; 1997), a nossa concepção de CI é transdisciplinar, ou seja, constitui um estádio epistemológico evolutivo, resultante da interacção e integração das disciplinas práticas supracitadas. Mantém, naturalmente, a sua vocação interdisciplinar, que ocorre por níveis de proximidade, acontecendo, em primeiro lugar, no campo emergente das Ciências da Informação e Comunicação e, em seguida, no campo mais vasto das Ciências Sociais Aplicadas. Convoca um Método típico da investigação social, qualitativa e anti-positivista - trata-se do Método Quadripolar (SILVA; RIBEIRO, 2002, p. 84-121; SILVA, 2006, p. 15-31) formulado, em 1974, por Paul De Bruyne, Jacques Herman e Marc De Schoutheete, todos da Universidade de Louvain, Bélgica. E precisa, ainda, de uma metateoria explicativa, baseada em dois paradigmas essenciais: o custodial, patrimonialista, historicista e tecnicista, que surge a partir do séc. XVIII até à Era da Informação em que vivemos; e o póscustodial, informacional e científico, que tenderá a formatar o modo de ver, de pensar e de agir de gerações de cientistas e profissionais da informação, ao longo do séc. XXI (SILVA, 2006, p. 158-159). A transição de um paradigma para outro não ocorre por ruptura, é gradual, tensa e está em curso. O paradigma custodial e patrimonialista desenvolveu-se, sobretudo, a partir de uma formação localizada e centrada no locus profissional (Arquivos, Bibliotecas e Museus), com suas tarefas e exigências práticas que se sobrepunham a eventuais preocupações teóricas e reflexivas. Estabelecimentos de ensino modelares, dentro deste paradigma, como a École National des Chartes (1821), junto da Sorbonne, em Paris, ou, para o caso português, o Curso Superior de Letras, em Lisboa primeiro e, depois, a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde ficou fixado, de 1935 a 1982, o Curso de Bibliotecário-Arquivista, curso de especialização pós-graduada, com duração de dois anos, não escuraram os conhecimentos teóricos, mas estes emanavam directamente da Filologia, das Línguas Clássicas, da Literatura e da História, com os seus ramos auxiliares, como a Arqueologia, a Paleografia, a Diplomática, a Numismática, a Epigrafia, etc., gerando-se um imparável défice de base teórica, para indagações e interpretações, na dimensão especificamente arquivística e biblioteconómica. Os documentos eram objectos físicos e, ao mesmo tempo, fontes indispensáveis à produção de ciência e à valorização da cultura de um povo. Guardar os documentos antigos e raros tornou-se a missão primeira e última dos profissionais, colocados nas instituições culturais, criadas e assumidas pelo Estado-Nação após a Revolução Francesa, o que, naturalmente, permitiu associações fáceis e imediatas, como a de cultura com património, e separações perversas, como o fosso cavado entre cultura “erudita” e “popular” – legado paradigmático reproduzido por gerações. Por outro lado, a consciência do acesso aos conteúdos, que decorria da função original consignada, para Arquivos e Bibliotecas, nas leis revolucionárias de setecentos, era contraditória (os documentos deviam estar acessíveis a todos, mas nem todos os mereciam...) e esbarrou em obstáculos de diversa ordem, nomeadamente sócio-culturais (taxas elevadíssimas de analfabetismo), tecnológicos (as limitações físicas da impressão em papel e a degenerescência das fotocópias e de outros produtos reprografados), sócio-económicos (desigualdade econômica no acesso a níveis superiores de ensino) e administrativos (a imposição de limites de idade e de regras aos utilizadores, francamente desestimuladores da consulta), que a atrofiaram até ao surgimento da Era da Informação em que já estamos em pleno. Tendo em conta estas características gerais do paradigma custodial, fica mais fácil perceber que ele se ajusta à génese e evolução do Estado-Nação liberal e capitalista que desembocará, graças aos contributos diversos e convergentes do comunismo e do fascismo/nazismo, no Estado Cultural, que teve, em França, com a dupla De Gaulle-Malraux, a sua consagração democrática e “cultualista” (SILVA, 2007, p. 219-228; SILVA, 2009, p. 637662; FUMAROLI, 1999). Arquivos, Bibliotecas e Museus surgiram e evoluíram como lugares da memória (Pierre Nora), intrínsecos à estratégia de um nacionalismo identitário essencial à assimilação dos efeitos vários das 1ª e 2ª vagas de industrialização, na dinâmica social e nas condutas individuais. Lugares da memória úteis ao Poder liberal e capitalista, que se afirma na Europa Ocidental e no Novo Mundo, mas, também, paradoxalmente, em ruptura com algumas necessidades vitais do novo Poder – o seu centralismo burocrático (Max Weber) exigia cada vez mais uma atenção ao fluxo documental administrativo e técnico (SILVA, 2009a: 654-658). Daí o aparecimento, bastante nítido no espaço anglo-americano, de Archives (Arquivos Públicos) e de Records (Arquivos Administrativos), ou a oposição entre Bibliotecas eruditas e Bibliotecas Especializadas/Centros de Documentação, voltados para publicações actuais e específicas, tratadas e ordenadas segundo novas técnicas bibliográficas e pela CDU. A transição do Estado-Nação (liberal, burguês e capitalista), para o “Estado Cultural” intervencionista do pós-II Guerra Mundial, foi acompanhada pela co-existência dos Arquivos Públicos ou Históricos e dos Administrativos (ínsitos às mais diversas Organizações). O Estado Cultural, no espaço da Europa democrática e social-democrata, confunde-se com o Estado Providência, promotor e utilizador dos equipamentos culturais para massificarem e democratizarem a fruição do património material e imaterial; implica “políticas públicas”, entendidas como decisões conformadoras de cariz inovador, que são acompanhadas das medidas necessárias para a sua continuidade e execução; e preservou o paradigma custodial e patrimonialista, mas ao mesmo tempo, foi propiciando a substituição da tutela da História e de outras Ciências Humanas e Sociais pela Técnica Documental, materializada num conjunto de normas, procedimentos e orientações práticas centradas na descrição dos documentos (objectos físicos) e na indicação de pontos de acesso controlados ao conteúdo desses objectos. E, deste modo, foi sendo gerado um novo paradigma – o póscustodial, informacional e científico – que só pôde “nascer” na segunda metade de novecentos, em consequência da génese e expansão da “Sociedade da Informação” ou da “Sociedade em Rede” (Manuel Castells), expressões que podem ficar subsumidas numa outra, mais apropriada do ponto de vista do longo prazo ou estrutural, a Era da Informação (CASTELLS, 2002-2003). No paradigma pós-custodial, não se pode proclamar a “morte do documento”, porque não é sequer pensável a equivocada desmaterialização da informação (JEANNERET, 2000, p. 68-79), na medida em que quando alguém externaliza o que pensa, o que sente, o que precisa ou o que quer tende a buscar um suporte material que veicule e registe/preserve as suas palavras, números, desenhos ou imagens. Mas, se é verdade que o documento, entendido como informação (conjunto estruturado de representações mentais e emocionais codificadas... – SILVA, 2006, p. 150) mais suporte (seja qual este for, tem sempre um sentido intrínseco e suscita possíveis e diversas leituras), é e continuará sendo incontornável, também é evidente que o aparecimento das Tecnologias de Informação e Comunicação (as TIC) introduziu uma dinâmica inteiramente nova na reprodução e na comunicabilidade dos conteúdos/informação, contribuindo para que esta coexista, sem alterações estruturais internas, em dois ou mais suportes diferentes. Perante esta multiplicação de documentos, com idêntico conteúdo, a informação sobressai como a “substância” a “destacar” e, a seguir, porquanto continuará sendo reproduzida e posta, sem limites, a “circular”. E isto é, obviamente, o oposto de custodiar ou guardar, de fechar, de esconder... O conceito de informação convoca, deste modo, o de comunicação e ambos se reportam a um fenómeno humano e social que tem a ver com a capacidade simbólica de cada pessoa e com a necessidade de uma interagir com outra ou outras. Esta conceituação abre, também, espaço para que se instaure não mais abordagens práticas e instrumentais voltadas para o primado de descrever os documentos (objectos culturais e patrimoniais conservados em instituições custodiadoras, como são os Arquivos e as Bibliotecas), mas um esforço de cientificidade que compreenda e explique os modos e os contextos de produção informacional, os imperativos e as formas de mediação plasmadas nas estratégias de organização e representação de conteúdos, em especial, nas bases de dados e diversas plataformas digitais e os múltiplos aspectos e nuances do comportamento individual e colectivo, em face à busca e uso da informação. O paradigma pós-custodial, informacional e científico implica, também, uma mudança de postura epistemológica fundamental: da ênfase nas abordagens instrumentais, práticas, normativas e prevalecentemente descritivas dos documentos-artefactos tem de se passar para a compreensão e a explicação do fenómeno info-comunicacional, patente num conjunto sequencial de etapas/momentos intrínsecos à capacidade simbólico-relacional dos seres humanos - origem, colecta, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação e utilização da informação. Trata-se, claramente, do imperativo da cientificidade diante dos desafios imensos e incertos que se erguem na actual Era da Informação, que se está estruturando de forma diversificada e complexa, e em que a internet assume a função de ferramenta de construção de projectos individuais desenvolvidos a partir de diferentes dimensões (...) a Internet é na sua constituição e apropriação flexível, interactiva, dotada de ubiquidade, global, acessível e não depende dos poderes passados ou existentes (CARDOSO, 2006, p. 37). A CI que brota deste novo paradigma é um projecto emergente, com fragilidades e com potencialidades, sintonizado com o universo dinâmico das Ciências Sociais e centrado na compreensão do social e do cultural, com influência directa no processo formativo dos futuros profissionais da informação. Assim sendo, convém enfatizar o dispositivo teóricometodológico, desta ciência emergente, preparado para atender às exigências de um enfoque que só, subsequentemente, é que é comunicacional, ou seja, o foco incide, antes de tudo, na produção informacional (em situações, contexto(s) e meio ambiente), seguindo-se ou não a dinâmica da partilha, da interacção ou da acção comunicante. Não se pode, por isso, negar a presença, no objecto construído sobre o fenómeno infocomunicacional, de uma problemática do sentido que implica o recurso à hermenêutica, ainda que esta se empregue apenas para tecer a interpretação do “processo” da infocomunicação e não dos discursos e seus interstícios. 1. O “olho” da Ética na actividade científica Baseamo-nos na sinopse exposta para formularmos as questões e os tópicos de Ética que é possível ir identificando no processo de pesquisa e de aplicações práticas. E, para tanto, parece-nos adequado usar o Método Quadripolar (esquema abaixo), concebido para as Ciências Sociais (“puras” e aplicadas) e que vimos propondo, desde 1999 (SILVA et al., 1999), como próprio da CI, na concretização do objectivo traçado. Consideremos, pois, o plano geral da pesquisa, activando o Método Quadripolar, no primeiro e mais fundamental pólo que é o epistemológico, em que se inscreve o paradigma Método quadripolar de investigação: interacções entre os pólos (ou modo de ver, pensar e abordar o objecto próprio da respectiva disciplina cientifica) que condiciona o sujeito-pesquisador e o obriga a assumir essa influência paradigmática, operando, na medida do possível, a adequada vigilância crítica. No que concerne, especificamente, à CI, o paradigma custodial, patrimonialista, historicista e tecnicista, sumariado no ponto anterior e surgido no séc. XVIII, está em crise e tende a ser substituído, a prazo, pelo paradigma emergente – pós-custodial, informacional e científico, também sumariado atrás. O sujeito-pesquisador começa por se posicionar perante um destes dois paradigmas, assumindo os valores que lhe são inerentes. O paradigma custodial enfatiza a memória documental como traço essencial à afirmação da identidade de um grupo, comunidade ou povo/nação. Guardar é a condição sine qua non para que o Bem Comum seja satisfeito, considerando que este depende da salvaguarda da memória e da identidade colectivas. A defesa do património converte-se num valor ético evidente até que a sua prática degenere num desvio ou perversão nociva a terceiros. Sobre esta eventual possibilidade temos a eloquentíssima caricatura de Umberto Eco no seu precioso opúsculo A Biblioteca: No início, no tempo de Assurbanípal ou de Polícrates, talvez fosse uma função de recolha, para não deixar dispersos os rolos ou volumes. Mais tarde, creio que a sua função tenha sido de entesourar: eram valiosos, os rolos. Depois, na época beneditina, de transcrever: a biblioteca quase como uma zona de passagem, o livro chega, é transcrito e o original ou a cópia voltam a partir. Penso que em determinada época, talvez já entre Augusto e Constantino, a função de uma biblioteca seria também a de fazer com que as pessoas lessem, e portanto, mais ou menos, de respeitar as deliberações da UNESCO que pude encontrar no volume que chegou hoje às minhas mãos, e onde se diz que uma das finalidades da biblioteca consiste em permitir que o público leia os livros. Mas depois creio que nasceram bibliotecas cuja função era de não deixar ler, de esconder, de ocultar o livro. É claro que essas bibliotecas também eram feitas para permitir que se encontrasse. Surpreende-nos sempre a habilidade dos humanistas do século XV em encontrarem manuscritos perdidos. Onde é que os encontram? Encontramnos na biblioteca. Em bibliotecas que em parte serviam para esconder, mas que também serviam para se achar (ECO, 1998, p. 15-16). Nessas instituições e serviços feitos para esconder, para ocultar, para dificultar ao máximo a vida ao leitor surge gigantesca e medonha a má biblioteca, com seus requintes de malvadez e de irritação capaz de “virar do avesso” o mais paciente e fleumático utilizador. Nessa má biblioteca, os catálogos devem estar divididos ao máximo, separando-se com cuidado o catálogo dos livros do das revistas e levando o capricho ao extremo de manter ortografias antigas e estranhas; os temas devem ser escolhidos pelo bibliotecário; as cotas devem ser intranscritíveis e de tal modo concebidas que o leitor que preencher a ficha [de requisição da obra] nunca tenha espaço para escrever a última denominação e a considere irrelevante (ECO, 1998, p. 18); a demora na entrega do livro deve ser muito prolongada; só pode ser entregue um livro de cada vez; deve ser desencorajada a leitura cruzada de vários livros porque causa estrabismo; a ausência de máquinas fotocopiadoras deve ser total, mas se por algum acaso existir uma, o acesso a ela deve ser muito demorado e cansativo, os preços superiores aos da livraria e os limites de cópias reduzidos a não mais de duas ou três cópias (ECO, 1998: 19); o leitor deve ser considerado pelo bibliotecário como um inimigo, um vadio (senão estaria a trabalhar), um ladrão potencial (ECO, 1998, p. 19); quase todo o pessoal deve ser afectado por limitações de ordem física (ECO, 1998, p. 19); não deve ser facilitado o empréstimo de livros; o empréstimo inter-bibliotecas deve ser impossível ou, então, demorar meses; em contrapartida, o furto deve ser facilitado; os horários de funcionamento têm de coincidir com os de trabalho, porque o maior inimigo da biblioteca é o estudante-trabalhador e o seu melhor amigo é Don Ferrante, alguém que tem a sua biblioteca pessoal, que não precisa, portanto, de ir à biblioteca e que, quando morre, a deixa em herança (ECO, 1998: 22); deve ser proibido restaurar as energias na biblioteca e nem fora dela, pelo menos, enquanto não forem devolvidos todos os livros requisitados; tem de ser impossível encontrar o mesmo livro no dia seguinte; tem de ser impossível saber quem levou emprestado o livro em falta; de preferência, há que abolir os sanitários; e, um último quesito, e talvez o mais cabal que dispensaria todos os outros, tem a ver com a proibição do utente entrar na biblioteca, mas admitindo, no usufruto caprichoso e antipático de um direito que lhe foi concedido com base nos princípios de oitenta e nove [referência ao ano de 1789 e à Revolução Francesa, que aprovou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão] mas que, todavia, não foi ainda assimilado pela sensibilidade colectiva, em todo o caso não deve, nem deverá nunca, à excepção das rápidas travessias da sala de leitura, ter acesso aos penetrais das estantes (ECO, 1998, p. 22-23). A iluminista e oitocentista biblioteca custodial e patrimonialista virou, em pleno séc. XX, a má biblioteca, denunciada com fulminante e humorado realismo por Umberto Eco, e o paradigma custodial e patrimonialista, que formou gerações de bibliotecários e de arquivistas, sob a tutela científica da História, convertidos em mediadores-profissionais e zeladores da Memória Nacional, foi alvo de um movimento corrector, em que pontificaram, entre outros, Paul Otlet e Ranganathan. Através da normalização bibliográfica e catalográfica e de “técnicas” de classificação e de indexação, capazes de uma recuperação fina e rápida dos conteúdos dos documentos, operou-se uma inversão valorativa: o primado do acesso sobrepôs-se ao da guarda ou custódia. Mas se esta inversão foi imposta, sobretudo no pósguerra (1945) e plasmada como programa no Manifesto da UNESCO para as bibliotecas públicas, nos Arquivos públicos e nos serviços de Arquivo de instituições da Administração central e local e de organizações, as mais diversas, o direito à confidencialidade e à propriedade das “informações” continuou e permanece, dentro da legitimidade ética, porquanto esses quesitos são essenciais ao Bem da instituição ou da empresa. E, no entanto, há sempre uma fronteira tênue que separa a boa conduta da acção perversa e negativa: a confidencialidade pode, por exemplo, ser evocada para garantir a opacidade de órgãos públicos que têm de estar ao serviço de todos os cidadãos e da comunidade que os institui e não dos agentes que neles trabalham... No paradigma custodial e patrimonialista, o sujeito-pesquisador não se assume ainda como cientista e tende, quando muito, a estabelecer um equilíbrio entre a valorização da Memória colectiva, materializada ou documentada, e o acesso possível. Mas, no paradigma pós-custodial emergente, há, forçosamente, uma mudança de postura axiológica: o sujeitopesquisador identifica-se com o princípio de que a informação produzida deve ser comunicada e difundida, sendo, assim, garantido um direito básico de todo e qualquer cidadão e respeitada uma elementar condição de cidadania – a liberdade de busca e de uso, o mais amplo que possa ser, das representações (sígnicas e simbólicas) individuais e colectivas. Reconhece-se, pois, essa identificação e assunção ética que tem de ser “gerida” através do dispositivo metodológico da “vigilância crítica” e pela dinâmica própria da cientificidade: o sujeito-pesquisador não julga e muito menos condena situações de custódia e, também, o seu propósito não deve ser o de fazer a apologia do acesso, mas, muito naturalmente, compreender e explicar as condições contextuais em que ele se processa, limites e efeitos positivos e/ou negativos. O posicionamento do cientista da informação só pode, pois, ser este, embora não possamos negar que ele, ao assumir-se dentro do paradigma emergente e póscustodial, é ensinado a valorizar a liberdade do acesso em detrimento da posse/propriedade dos documentos e a enfatizar a comunicação, o mais possível gratuita, em vez da aceitação do valor mercadológico da bibliofilia ou do coleccionismo. É ainda ensinado a perceber que tem de haver limites claros à “segurança do Estado” ou “aos segredos de Estado” e que a informação administrativa, custodiada no Serviço de Arquivo, pode ser sujeita a um período de “reserva” ou à “interdição do acesso público”, mas que a perpetuação aleatória ou indefinida desse período significa opacidade, ocultação e sonegação da informação ao legítimo conhecimento de todos. Em última instância, só o pleno acesso é ético, salvaguardado, claro está, o direito ao respeito e ao bom nome de qualquer cidadão. Na gênese da internet, nos seus textos fundadores (FLICHY, 2001), o princípio ético da liberdade aparece como o alpha e ômega de uma revolução tecnológica que visa o utópico desiderato de possibilitar que todos, independentemente do local de nascimento, sexo, cor de pele, grau de escolaridade, condição econômica e social, usufruam da informação/conhecimento qualquer que ele seja. Imperioso é reconhecer, sem prejuízo do esforço de objectividade e de rigor que a actividade científica pressupõe, o cientista da informação, modelado no paradigma póscustodial, é um nativo da Era Digital em que já estamos, e partilha, consequentemente, os valores éticos próprios deste novo ciclo estrutural. Entremos, agora, na operacionalização dos dois pólos cruciais da actividade científica: o teórico e o técnico. O sujeito-psquisador tanto pode estudar problemas, como optar por uma abordagem de “investigação-acção” ou de estudo de caso. Em conformidade com a abordagem escolhida tem de optar pelas “técnicas” ou operações metódicas mais adequadas, impondo-se deveres éticos elementares: na concepção e na aplicação de questionários assegura o anonimato dos inquiridos e das respostas, como nas entrevistas e na observação participante, por exemplo, não deve divulgar a identidade nem da instituição/organização, sem omitir o tipo de actividade ou do negócio respectivo, nem dos agentes entrevistados e analisados. Esta conduta assegura o respeito que o sujeito-pesquisador exibe pelo objecto estudado, mas comportarse, assim, não significa que deva, no pólo morfológico (publicação dos resultados), omitir ou alterar os resultados, faltando à verdade epistémica, que se impõe a si mesmo, atingir. A busca da verdade ou, dito de outro modo, a descrição e a interpretação do que foi possível observar e descobrir constitui a ponte natural entre a Epistemologia e a Ética: a busca de um conhecimento verdadeiro é, em simultâneo, um desiderato epistemológico e ético, mesmo assumindo-se a impossibilidade de uma verdade absoluta. E, se agora entrarmos num domínio mais concreto, perspectivando-se a conduta do sujeito-pesquisador no campo das aplicações ou da implementação dos modelos teóricopráticos que lhe compete desenvolver, disponibilizando-os a todos os que, em cada contexto específico, assumem a obrigação profissional de lhes conferirem utilidade, percebemos que entramos numa zona de mudança de éticas: passamos da científica para a profissional. O uso e integração, numa organização, de um modelo sistémico de organização e de recuperação da informação é sujeito aos fins de rentabilidade econômica e de auto-proteção dessa entidade, devendo os implementadores e profissionais da informação regerem-se por um código que concilie princípios éticos universais e valores conformes com o sucesso e sobrevivência organizacionais. Quando passamos do plano da pesquisa para o da aplicação contextual, entramos nos meandros da mediação (SILVA, 2009b; SILVA; RIBEIRO, 2010): o “bom” bibliotecário terá de ser aquele que se distancia da má biblioteca de Umberto Eco e assume a sua função disseminadora num registo de mediação claramente pós-custodial, assim como o bom arquivista terá de ser, não obstante o cumprimento de prescrições e restrições temporárias ao acesso a certos “conteúdos”, o que facilita o fluxo info-comunicacional, não o obstruindo e facilitando, deste modo, que ele seja a “seiva” que garante o bom e pleno funcionamento da instituição/organização. Radica, então, neste plano a pertinência do código deontológico que pode ter ajustamentos e justaposições aos chamados “código do servidor público” ou ao “código da empresa x ou y”. Tratam-se de especificações éticas que não podem, porém, entrar em contradição com os fundamentos gerais. Nesta intervenção, o foco não se centrou nessas éticas específicas, sendo certo que a atenção dispensada ao comportamento ético dos profissionais da informação tem sido bem maior do que a que merece o desenvolvimento da pesquisa em CI, Ora, entre os dois planos, podendo haver algumas diferenças operacionais e éticas, não há, certamente, rupturas ou hiatos essenciais. Há, sim, uma estreita continuidade. ABSTRACT Housed in a panel headed by Information Ethics, this text addresses the issue in focus from the nature and dynamics of research developed in the field of information science, as is taught and practiced at the University of Porto. A transdisciplinary Information Science and, at the same time, working within a interdisciplinary space, as is the Sciences of Information and Communication (CIC) field, has a complex subject and permeated by a variety of issues, problems and cases. Their mode of approach is predicated significant ethical issues and the results and the consequent implementation of solutions implemented or applicational again raise doubts and care from ethical nature. It starts, as here, the scientific practice to reflections of more philosophical touch, though deeply in a register "pragmatic" and not speculative. Keywords: Information Science Research; Ethics Referências CARDOSO, Gustavo. Os Media na sociedade em rede. Prefácio de Manuel Castells. Lisboa: Serviço de Educação e Bolsas; Fundação Calouste Gulbenkian. 2006. ISBN 972-311155-1. CASTELLS, Manuel. A Sociedade em rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002. v. 1. ISBN 972-31-0984-0 __________. O Poder da identidade. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. v. 2. ISBN 972-31-1008-3. __________. O Fim do milênio. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2003. v. 3. ISBN 972-31-1055-5. ECO, Umberto. A Biblioteca. 4ª ed. Lisboa: Difel, 1998. ISBN 972-29-0174-5. FLICHY, Patrice. 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