“como aprendi, ensinei”: modos de ser e constituir-se

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“como aprendi, ensinei”: modos de ser e constituir-se
“COMO APRENDI, ENSINEI”: MODOS DE SER E CONSTITUIR-SE
PROFESSORA
Joaquim Francisco Soares Guimarães- Universidade Tiradentes/UNIT
E-mail: [email protected]
José Rodrigo Vieira Febrônio- Universidade Tiradentes/UNIT
E-mail: [email protected]
O presente artigo é fruto da dissertação de mestrado em andamento “Memória de Educadoras:
práticas escolares e cultura escolar em Umbaúba (1960 -1980)”, e toma por objeto de estudo
as memórias orais da professora Maria Isabel dos Santos, 82 anos, residente no município de
Umbaúba, cidade localizada no sul sergipano. As suas memórias são experiências vividas na
família, no grupo de convívio e na instituição escolar, que se revelam potentes em possibilitar
um novo processo de leitura/escrita da história da educação sergipana, pois são capazes de
revelar um passado alargado. Desse modo, traçamos o objetivo de compreender como a
professora Maria Isabel dos Santos constituiu-se educadora pelos saberes mediados por sua
primeira e única professora, “Alice”, na década de 1930. A significância de tomarmos nossa
personagem para a pesquisa relacionada à história da profissão docente se encontra na razão
de que suas narrativas do viver na escola muito dizem de sua composição como professora.
Ao nos apropriarmos das memórias da professora e concebê-la como fruto de sujeito fazedor
de sua própria história, buscamos na história cultural e social Inglesa, segundo Edward P.
Thompson (1981) o respaldo teórico para operar historiograficamente pelas lentes da
“experiência”. Para tal, fizemos uso da metodologia da história oral, segundo as analises
realizadas por Aberti (2005) e Bosi (2003), bem como, das categorias de análise: “cultura
escolar” de Julia (2001) e “Práticas Escolares” Vidal (2009). Assim, conclui-se que os modos
de ser e fazer-se professora de Maria Isabel dos Santos foram forjados durante sua trajetória
enquanto aluna, pois teria herdado de sua professora “Alice” o modo de pensar e agir no
ensino escolarizado. Pois, é na escola que se aprende a ser professor, uma vez que, foi na sala
de aula na relação com sua professora que Maria Isabel também se compôs professora e nos
deixou indícios de como se constituiu a história da profissão docente no interior sergipano.
Palavras Chave: História. Memória. Profissão Docente.
PALAVRAS INICIAIS
“Aprendi a ser professora com minha única
professora, Alice [...] Foi na sala de aula que
aprendi.”
Maria Isabel dos Santos
O presente artigo é fruto de dissertação de mestrado em andamento: “Memória de
Educadoras: práticas escolares e cultura escolar em Umbaúba (1960-1980)” e tem por objeto a
memória de 07 (sete) professoras: Risonelma Soares Feitosa, 69 anos, Janete de Aguiar Souza
Cruz, 72 anos, Maria Lita Silveira, 76 anos, Maura Fontes Hora, 79 anos, Acinete Almeida
Bispo, 80 anos, Maria Isabel dos Santos, 82 anos e Josefina Batista Hora, 83 anos. O nosso
cenário de estudo é protagonizado pelas 07 (sete) educadoras que muito dizem da História da
Educação sergipana, pois elas entre 1960 e 1980 foram fundamentais para a concepção do
cenário pedagógico de um tempo e lugar, pois através das suas práticas educativas e cultura
escolar moldaram comportamentos e inculcaram conhecimentos em uma geração.
Tal dissertação esta atrelada ao projeto de pesquisa “Modos de Educar: Práticas
escolares e cultura escolar no território sul sergipano1” liderado pela Profª Drª Raylene
Andreza Dias Navarro Barreto. Este por sua vez, está inserido no bojo do projeto guardachuva intitulado: “Memória Oral da Educação Sergipana” e tem por objeto a memória oral de
educadores do território sul sergipano. Utilizando-se da metodologia da história oral e a luz
dos conceitos de “práticas escolares” de Vidal (2009) e de “cultura escolar” de Dominique
Julia (2001) o que se objetiva é perceber como se constituíram os seus modos de educar, o
que, por sua vez, auxiliará na compreensão do desdobramento da educação no Estado. Para tal
empreendimento de pesquisa se colecionou 23 (vinte e três) entrevistas de história oral que
posteriormente constituíram o acervo do Centro de Memória da Educação Sergipana.
Para a construção desse trabalho em especifico, operamos com a história de vida
de uma das nossas personagens, a professora aposentada, Maria Isabel dos Santos, 82 anos,
autora dos versos da epígrafe acima. O que compomos textualmente são suas experiências
vividas, que são capazes de revelar como está se fez professora. Dessa forma, o presente
artigo consiste em uma trama de memórias de vida de uma professora aposentada, que sem
suas reminiscências desapareceria no esquecimento. Para alcançar o objetivo, atentamos para
as seguintes questões: Como as memórias compostas pela oralidade, podem traduzir no fazerse sujeito professor? O que teria herdado de sua primeira e única professora? Onde encontrar
o cerne de sua formação? Como se produziu uma cultura escolar e suas práticas escolares no
seu trajeto educacional? Como Maria Isabel dos Santos se compôs educadora primária pelos
saberes, métodos, programas e disciplinas do seu curso primário? Para obtermos as respostas
para tais questões, imergirmos nas vozes cansadas, silêncios ininterruptos, lembranças e
1
Pesquisa financiada pela Universidade Tiradentes a partir de bolsa de estudos de iniciação científica/
PROBIC/UNIT- № 02/2011. Área do conhecimento: (tabela do CNPq) 7.00.00.00-0, subária do conhecimento:
7.08.00.00-6 e especialidade: 7.08.01.02-9.
esquecimentos opacos que compõe o tecido mnemônico da professora Maria Isabel dos
Santos.
MUITAS EXPERIÊNCIAS OUTRAS HISTÓRIAS... ESCUTAR E ESCREVER
NARRATIVAS PELAS FONTES ORAIS
Edward Palmer Thompson (1924- 1993) membro do Grupo de Historiadores do
Partido Comunista Britânico, foi um dos grandes fazedores da história cultural e social
Inglesa. Sua teoria tomou como base os pressupostos da dialética marxista, facilmente
identificada no uso dos termos: historicidade, totalidade, estrutura e fenômeno social. Em sua
perspectiva histórica circulou uma nova noção de tempo, método e fonte, trazendo para a
teoria história o caro conceito de “experiência”. Parafraseando E. P. Thompson, para entender
o desdobramento histórico se faz necessário buscar, por meio das evidências, apreender como
homens e mulheres agem e pensam dentro de determinadas condições, pois ele acredita que é
por meio da categoria experiência é que se pode “compreender a resposta mental e emocional,
seja de um indivíduo ou de um grupo social” (Thompson, 1981, p. 15). Desse modo, homens
e mulheres se “fazem” pela sua própria história/experiência, pois:
Estamos falando de homens e mulheres, em sua vida material, em suas
relações determinadas, em sua experiência dessas relações, e em sua
autoconsciência dessa experiência. Por „relações determinadas‟ indicamos
relações estruturadas em termos de classe, dentro de formações sociais
particulares [...] não como sujeitos autônomos, „indivíduos livres‟, mas como
pessoas que experimentam suas situações e relações produtivas determinadas
como necessidades e interesses e como antagonismos, e em seguida „tratam‟
essa experiência em sua consciência e sua cultura [...] e em seguida [...]
agem, por sua vez, sobre sua situação determinada (THOMPSON, 1981, p.
182).
Desse modo, podemos conjecturar que é pela experiência que homens e mulheres
definem e redefinem suas práticas e pensamentos. Uma vez que, por meio da experiência
vivida se torna possível escrever outras histórias, protagonizadas por outros sujeitos em outros
palcos e cenários. Por isso, para escrever outras histórias da profissão docente, buscamos
ouvir as experiências alargadas de Maria Isabel dos Santos e para tal utilizamos da
metodologia da história oral. A fecundidade das fontes orais se revela em sua dinamicidade,
pois articula diversos pontos de vista, às vezes oposto, dos sujeitos participantes do panorama
histórico. Por certo, transformar experiências vividas em narrativas é a especificidade da fonte
oral, estas são ornadas por imagem, sensações, sons, cores e aromas do passado representado
pelas narrativas. Contudo o depoimento oral necessita esforço de sistematização e claras
coordenadas interpretativas. Assim, o pesquisador está situado entre o fascínio do
vivido/narrado e o rigor demandado no tratamento de tais fontes. Sobre como chegar ao
passado pelas fontes orais, esclareceu Alberti (2004) fazendo alusão a um filme:
A presença de um interlocutor nos torna mais próximo do passado, como se
pudéssemos estabelecer uma continuidade com aquilo que já não volta mais
[...] Mas concordamos todos que a impossibilidade de restabelecer o vivido é
coisa dada. Não existe filme sem cortes, edições, mudanças de cenário.
Como em um filme, a entrevista nos revela pedaços do passado, encadeados
em um sentido no momento em que são contados e em que perguntamos a
respeito. Através desses pedaços temos sensação de que o passado está
presente. A memória, já se disse, é a presença do passado. (ALBERTI, 2004,
p. 15)
Desse modo, não podemos acessar o passado tal como foi, mas pelos pedaços do
“quebra cabeça” da história podemos alcançar conjunturas maiores. Pois, conforme Bosi
(2003) “A memória opera com grande liberdade escolhendo acontecimentos no espaço e no
tempo [...] trabalhando sobre o tempo vivido, recuperando pela voz do narrador o fluxo
circular entre passado e presente.” (BOSI, 2003, p. 45). Para ouvir as experiências da nossa
entrevistada realizamos 01 (uma) sessão de entrevistas em consonância com a metodologia da
história oral, que foi concedida2 na residência da professora Maria Isabel dos Santos, datada
em 15 de Setembro de 2011. Para tanto, lançamos mão de roteiros semi-estruturados,
seguindo o modelo do geral, específico e parcial de acordo como Manual de História Oral de
Alberti (2004). A entrevista totalizou mais de 02 (duas) horas de gravação em áudio e vídeo,
devidamente transcritos em Microsoft Word 2010. Estas se encontram armazenadas em HD e
constituíram o acervo do Centro de Memória da Educação Sergipana.
“SÓ TIVE UMA PROFESSORA, ELA CHAMAVA-SE ALICE”: RECORDAÇÕES
DA “CARTA DE OURO” E DA ÚNICA MESTRA
A menina Maria Isabel dos Santos nasceu na cidade de Campo do Brito, interior
do Estado de Sergipe em 1930, filha dos lavradores Genésio Gonçalves Alves e Maria Aprige.
Pertencente a uma família composta por mais quatro irmãos, muito embora não tenha
convívio com eles, pois se mudou com o seu pai para a cidade de Altamira, Estado da Bahia,
2
As entrevistas foram cedidas pelas professoras, a partir da Carta de Cessão de direitos, dispondo sobre os
direitos e deveres do entrevistado, bem como o esclarecimento, sobre uso das entrevistas para fins de pesquisa
acadêmica.
como rememora: “Meus irmãos. Nós fomos criados ausentes um dos outros, eu foi criada com
meu pai e minha mãe ficou com os outros.” Os pais dessa época como revelou à entrevistada
tinha por habito criar os filhos disciplinarmente. Sobre tal costume narra: “A minha infância
foi muito rígida, nós filhos não tínhamos o direito de brincar com outros colegas, não tinha
direito de sair para rua. Somente estudar e acabou.” E continuou evocando os momentos da
sua infância: “Com sete anos eu entrei na escola. Morava com o meu pai e a minha madrasta,
que meu pai separou-se da minha mãe. Eu fui criada com meu pai e a minha madrasta em
Altamira no Estado da Bahia.” Sobre sua entrada na escola recorda:
Na escola, era somente estudar e acabou. A leitura não era como hoje em
dia, a gente estudava o livro e dar a lição de cor, se não soubesse também
tinha que ficar de castigo. Levava os livros nas pastas... Tinha que estudar
mesmo, para dá a lição do livro paleógrafo e manuscrito, quando termina ali
a professora ainda passava lição para casa. Tinha um quadro negro, tinha
3
uma pedra . Era uma pedra ela usava para fazer copia, para passar conta e a
gente copiava nas pedras. Ai ela passava no quadro e a gente passava na
pedra. A gente escrevia com giz, existia lápis, existia borracha. Não existia
cadernos, era papel pautado, a gente costurava com a agulha formava um
caderno, de folha de papel pautado [...]todos os alunos tinha aquela pedra era
para escrever. (SANTOS, 15 de Setembro de 2011)
A menina Maria ingressou aos sete anos de idade na Escola Rural Isolada, em
1937, localizada no município de Altamira, Estado da Bahia. Instituição que se caracterizava
pela existência de turmas multisseriadas. Como rememora: “Não existia esse negocio de série,
tinha que ser todo mundo junto.” Em sua narrativa acima citada observamos a presença
reiterada dos materiais que compõe a cultura material da escola, elucidadas pelas: pedras,
livros, pastas, giz, quadro negro, entre outros. As características de uma educação imperial,
segundo Marcus Levy Bencostta, se traduziam em “escolas carentes de edifícios próprios,
livros didáticos e mobiliário, e precária em pessoal docente qualificado para o ensino de
crianças [...]” (BENCOSTTA, 2005, p. 69). Essas escolas primárias representavam as típicas
escolas de cadeiras isoladas que deveriam ter predominado apenas entre os anos de 1889 a
1910. A nascente república que deveria ser construída uma escola moderna e diferente
daquela do Império, a começar com edifícios próprios e únicos. Essa ação traria benefícios e
dentre eles a redução dos gastos nos cofres públicos, afinal a administração pública não teria
que arcar com os aluguéis das diversas casas que sediavam as escolas isoladas
3
Aqui a nossa entrevista se refere a um quadro de ardósia, isto é, de uma pedra negra constituída por
xisto argiloso.
(BENCOSTTA, 2005). Os projetos educacionais republicanos, que iniciaram duas décadas
antes dos anos de 1930, propunham a construção de edifícios para os grupos escolares.
De fato, os objetos e produtos do escrever ocupam um lugar significativo no
conjunto das práticas escolares. Conforme Vidal (2009) a cultura material: “permite-nos
conhecer as estratégias de conformação da corporeidade dos sujeitos imposta pelos
mecanismos do poder [...] em que se acionam os vários dispositivos constituintes dos fazeres
da escola.” (VIDAL, 2009, p.32) A devida atenção aos aspectos materiais da escola, podem
nós revelar as condições objetivas do trabalho docente, constituído no entrecruzamento de
experiências individuais e coletivas do magistério. Desse modo, a materialidade escolar
composta pelos suportes de escrita e demais objetos utilizados nos fazeres escolares são
imprescindíveis para entender a cultura escolar. Aqui entendida conforme Julia:
[...] um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas
a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses
conhecimentos e a incorporação desses comportamentos; normas e práticas
coordenadas a finalidades que podem variar segundo as épocas (finalidades
religiosas, sociopolíticas ou simplesmente de socialização). Normas e
práticas não podem ser analisadas sem se levar em conta o corpo profissional
dos agentes que são chamados a obedecer a essas ordens e, portanto, a
utilizar dispositivos pedagógicos encarregados de facilitar sua aplicação, a
saber, os professores primários e os demais professores. (JULIA, 2001, p.
10-11)
Por certo olhar a escola pelas lentes da cultura escolar é considerar que
professores e alunos são agentes atuantes no cenário escolar. Tal fato passou a ser considerada
a partir da década de 70, com os estudos voltados para a cultura escolar. Desse modo, os
personagens (professores e alunos) são vistos como sujeitos privilegiados do processo de
ensino-aprendizagem, pelas escolhas que efetuam e pelos saberes que produzem. Como
advertiu Julia acima: “[...] normas e práticas não podem ser analisadas sem se levar em conta
o corpo profissional.” (JULIA, 2001, p. 10) Assim, pode-se conjecturar que as práticas
engendradas em sala de aula são inventadas por professores e aluno no seu cotidiano,
porquanto são pelas misturas de vontades, gostos, experiências que se formam gestos, rotinas
e comportamentos ritmados dentro da escola, por exemplo, o modo particular de organizar
aulas, de responder as atividades, se movimentar na sala, de se dirigir aos alunos e de utilizar
os recursos didáticos são reveladores das marcas pessoais imprimidas por cada sujeito.
Igualmente, deixamos a aluna Maria recordar sua primeira e única professora “Alice”:
A minha professora, só tive uma professora, clamava-se Alice. Ela não era
brasileira. A aula da professora era como eu estou falando, a gente estudava,
e passava aquelas lições para casa, no outro dia tinha que dar por turma. Dar
a lição de cor. Ela pegava o livro, botava em cima da banca, não era birô era
banca, e agente tinha que dar a lição: „tô, tô, tô, tô.‟ Ela dizia: „fulano de tal!
Pergunta resposta? Pergunta resposta?‟. Para dar decorado, se não soubesse
o aluno ficava de castigo até aprender, para poder ir para casa meio dia. Os
pais iam ver o que tinha acontecido com os filhos, ela colocava de castigo os
que não sabiam a lição [...] agora ai a gente tinha medo, porque a velha dona
Joana, que era a mãe da Alice. Ela vivia sempre acuada na cozinha e dentro
do quanto, mas na hora do castigo a velha levava para dentro do quanto, se
não desse a lição tinha que ficar lá. Ai o bicho pegava. (SANTOS, 15 de
Setembro de 2011)
Foi na Escola Rural Isolada que nossa personagem adentrou no modelo de ensino
escolarizado, onde cursou o primário, durante quatro anos. A memória dos saberes escolares,
bem como dos métodos de ensino são mantidos em suas lembranças quase esquecidas, como
narra: “O método que ela [a professora] usava para a gente aprender a ler e a escrever era
através do alfabeto. Ela primeiro cobria as letras para alfabetizar o menino.” Tal método
sintético foi desenvolvido e aplicado em um período da história da educação, cujas
instituições de ensino que estava sendo inicialmente organizada, apresentavam precárias
condições de funcionamento, e em virtude de diversos aspectos, entre eles as dificuldades de
utilização e de manutenção e do alto custo do material para escrita, priorizava o ensino da
leitura. Para o desenvolvimento de tal atividade, eram utilizados os métodos alfabético, fônico
e o silábico. Igualmente, os modos de educar vivenciados por Maria enquanto aluna ainda são
guardados em suas lembranças:
[...] tinha que saber ler a “carta de ouro”, que é o alfabeto [...] antigamente
ensinava a „Cartinha do Povo‟. Ela fazia as primeiras letras, a vocação dela
era sempre pegar ao direito, [para iniciar a escrita com a mão direita] porque,
tem meninos que faz a letra de dois pedaços, de três. A gente tinha que fazer
o alfabeto todinho, o lápis não era para suspender [...] a gente se reunia ao
redor da mesa. A professora tomava o livro e fechava tudo na banca, que não
tinha birô, tinha que dizer aquilo do começo até o fim. Perguntas e respostas
tinham que dizer tudo para outro... Era tudo decorado, as lições de livro de
cor. (SANTOS, 15 de Setembro de 2011)
O método da soletração, evidenciado pela narrativa acima, tem como unidade
principal a letra, sua sequência partia de uma ordem crescente de dificuldade, como nossa
entrevistada testemunha: “[...] A professora fazia um rabisco naquela folha para a gente
conhecer a letra, após conhecer aquela letra. Então ela ia juntar formar silabas e ensinar a
gente para poder desenvolver na cartinha.” Desse modo, podemos conjecturar que esse
modelo de ensino calcado na decoração oral das letras do alfabeto evidencia o ensino
sintético, cujo se aprende as letras isoladamente e em seguida para o todo do alfabeto.
Posteriormente a decoração de todas as letras e suas possíveis combinações silábicas4
4
Amplamente conhecida como famílias silábicas, formadas pelas combinações de vogais e consoantes.
formaria as palavras. A presença de tal método de ensino, sustentado na verbalização dos
conteúdos, partia do mais simples para o mais complexo, pois a professora “Alice”
primeiramente ensinou as vogais, em suas formas e som, depois ensinou as consoantes e sua
relação com as vogais. Assim, testemunhou:
O a, b, c, ela pagava uma folha de papel fazia um rombo na folha e botava
assim no folheto [mostra com as mãos em cima das pernas], ai ela dizia:
„Que letra é essa fulana e essa?‟ Dizia o nome daquelas letras, após conhecer
aquelas letras ela ia formas palavras no quadro negro, para a gente aprender.
Para escrever através dessas letras. Formar a família do a, e, i, o, u. Esse era
o acompanhante das letras consoantes, formava a família dessas letras
consoantes com as vogais. A gente ia aprendendo ba- be- bi- bo- bu, quando
já sabia que era para ensinar que b com a era ba. A família do c, muitos da
gente nem queria dizer, porque esse negocio de ca- co- cu „vixe Maria!‟. Ai
pronto formava outra família... Era rápido que aprendia. (SANTOS, 15 de
Setembro de 2011)
Nas memórias escolares da nossa personagem também cuidou por guardar as
lembranças dos livros e disciplina recorrentes em sua sala de aula, sobre as disciplinas
ministradas em seu curso primário rememora: “[...] Estudávamos a Aritmética, Ciências,
Geometria, Gramática...” Tais disciplinas compunham o programa de matérias contempladas
no curso primário. E igualmente contemplavam os imperativos do nascente homem moderno,
prático, urbano, bem como a sua orientação da sua vida em sociedade, banhado pelo
cientificismo Comtiano5 em vigor na época. Formar um cidadão republicano projetado para a
modernidade era um dos grandes interesses que presidiam a introdução de tais disciplinas.
Tais saberes devieram introduzir noções de higiene pessoal, com revelou nossa entrevistada:
“Na hora que botava o pé na porta, tinha que mostrar as unhas, os dentes, à orelha. O ouvido
para reparar, mostra as unhas e fazer careta mostrar só isso. Ela chamava a mãe e pai para
cuidar da higiene do filho.” Tal prática é reveladora do projeto civilizador da sociedade
brasileira pelas medidas higienistas.
Isto se evidencia pelas ciências que gradativamente passaram a serem
escolarizadas. Tal fato, explica a introdução de disciplinas instrutivas, como: Higiene,
Aritmética, Física, Química, História Natural, Português e Língua Estrangeira. Essas
transformações curriculares implicavam em transformações metodológicas, pois com o
método “intuitivo”, pelo qual o aluno seria estimulado pelos sentidos, trazendo inovações no
que tange ao uso de desenhos, estampas, gravuras, instigando a criatividade e o senso de
investigação de curiosidade do aluno, que entendia que a palavra existia para dar nome à
5
Sociólogo Auguste Comte
coisa, isto pelo método de associações. Sobre as disciplinas e o método utilizado, rememora
saudosa Maria Isabel dos Santos:
Leitura era com o livro, agora era de cor. Aritmética, o nome é mudado hoje
em dia, e a leitura. Estudava pelas gravuras, o autor desse livro de
antigamente se chamava Olavo Bilac. Ela passava a casa de tabuada, a gente
levava para casa e ia estudar no outro dia que chegasse, já trazia pronto na
mente. Ela tomava a tabuada, já passava a conta, umas contas que era aquele
mundo de conta sem fim. As pedras dessa largura desse tamanho quase que
não dava para resolver. Ela dizia: „aqui está errado! Porque aqui deu um
numero e aqui deu outro. Vá procurar!‟ Ai tinha que desmanchar, eu já ia
chorando porque sabia que ia ficar [...] Tinha de uns quadros, unas conta,
uns problemas. Tinha que medir, era cubo, era cone, e não sei mais o que e
triangulo. [...] em ciências, se aprendia sobre as flores, sobre o corpo
humano. Negocio de juntas, desenharem o esqueleto e de dedo. (SANTOS,
15 de Setembro de 2011)
As disciplinas de História e Geografia deveriam inculcar nas alunas o senso de
pertencimento à pátria. Assim, estas desde cedo cultuariam em si e em seus futuros alunos o
sentimento de amor à nação brasileira. Para isso, as disciplinas propagandeavam as ideias de
unidade, coesão e solidariedade nacional, uma vez que seus conteúdos escolares louvam a
pátria, o culto aos bons costumes, que, além de contemplarem os conteúdos de ensino
histórico, protagonizadas pelas emblemáticas figuras nacionais, primava pelo ensino da noção
de território brasileiro. Como recorda saudosa a nossa personagem: “História do Brasil era o
conhecimento dos povos. A gente estudava como uma lenda, não sabia quem era Pedro Alves
Cabral. Quando o Brasil foi descoberto? Cadê o Pau Brasil? Cadê a cruz? A gente estudava
tinha que dar a lição de cor.” Desse modo, a aluna Maria Isabel dos Santos carregou em seu
cabedal da memória tais saberes e métodos de ensinos que a levariam a ser/tornar-se
professora.
DA CARTEIRA PARA O BIRÔ... O ENTRELAÇAR DAS MEMÓRIAS DE ALUNA E
PROFESSORA
A menina Maria Isabel dos Santos ao concluir o curso primário, ainda muito
jovem inicia sua carreira na docência, prestou o “Exame de Admissão”, o que lhe possibilitou
ser nomeada como professora da Escola Rural Municipal na fazenda Cruvelo município de
Umbaúba. O exame de admissão ao Ginásio se constituía em um processo seletivo, que elegia
pela aptidão intelectual dos alunos. Tal exame, vigente de 1931 a 1971 complementavam a
Reforma Francisco Campos, o Decreto nº. 19.890, de 18 de abril de 1931, estabelecia: “Art.
18 – O candidato à matrícula na 1ª série de estabelecimento de ensino secundário prestará
exame de admissão na segunda quinzena de fevereiro”. A respeito do exame de admissão e de
sua nomeação como professora, rememora:
Antigamente a gente não fazia curso. A gente quando dizia: „terminou de ler
esses livros pesados‟ chamava-se prestar exame, a gente prestava exame e
estava pronta. Prestei o exame, para mim uma quarta série [aqui a
entrevistada se referiu ao seu tempo] para os estudos de hoje em dia... Meus
filhos são formados e eu chego e ensino aos meus filhos com esse estudo.
Quando eu fiz o exame já tinha lido aqueles livros todos, de cor e salteado
[...] o certificado que ela dava: „Essa aqui está pronta‟, pelas aquelas
perguntas. Eu não tive como continuar meus estudos que eu vim para aqui
[Umbaúba] meu pai adoeceu, eu tinha que trabalhar duro para dar comida a
ele. Eu sabia ler um pouquinho e vim fazer uma prova aqui na prefeitura, fiz
a prova ai me deram emprego como professora [...] Eu fui morar em uma
fazenda, precisava de um professor... Eu fiz o teste para essa fazenda
Cruvelo, foi o prefeito Adelvan Cavalcant. Lá não existia escola era uma
casa. Eu ensinava aos filhos de empregado, filho de patrão, alunos que vinha
de outras fazendas: Vitória, Triunfo, Dois Riachos, de longe eles vinham.
[...] hoje em dia é contrato, mas eu fui nomeada. (SANTOS, 15 de Setembro
de 2011)
A narrativa da professora Maria Isabel dos Santos, assim como revelou a cultura
material da sua escola primária, evidenciou também pela memória a composição da
materialidade escolar presente na Escola Isolada na fazendo Cruvelo, como testemunha: “Não
tinha quadro, não tinha carteira, tinha banco de pau, uma mesa que eles ficavam rodeado, uns
escreviam na pern. Não tinha cadeira para os alunos sentar, eles escreviam e eu passava os
deveres para eles levarem para casa.” Sua vida como professora na fazenda lhe possibilitou
conhecer a realidade vivida pelos seus alunos, evidenciado por costumes, usos e hábitos
alimentares, sobre este ultimo aspecto revela o cardápio dos alunos nos momentos do recreio:
“Eles levavam seu pedacinho de cana ou de milho assado, biscoito não existia, por que, na
fazenda não tinha pão.” Em 30 de Março de 1970 o então prefeito Adelvan Cavalcant Batista,
fundou a Escola Municipal Adelvan Cavalcant Batista no município de Umbaúba, na ocasião
a professora foi transferida para o novo empreendimento educacional, como recordou
saudosamente em entrevista:
Nessa época não existia trabalho, meu marido veio trabalhar aqui [cidade de
Umbaúba] eu não podia ficar lá só [povoado Cruvelo], ai viemos embora. Eu
fui falar com Adelvan, mas eu já ganhava pela prefeitura quando trabalhava
na fazenda. Foi quando eu vim para cá, fui trabalhar no grupo Adelvan, até
do dia que sai, trabalhei vinte e seis anos, já era velha me aposentei [...] Aqui
no grupo já era diferente, por que lá a gente não tinha para onde sair só era
fazer a, b, c, e fazer à escrita e responder o caderno [...] Mas na escola da
cidade, já tinha o recreio, tinha brincadeira, tinha desenvolvimento de tudo,
tinha mais conhecimento das coisas, mas lá era diferente, se saísse o gado
comia a gente. (SANTOS, 15 de Setembro de 2011)
A construção da Escola Municipal Adelvan Cavalcant Batista, na década de 70, se
deu de forma tardia, pois os novos empreendimentos escolares como analisou Jorge de
Carvalho Neto (2012) em relação ao surgimento dos grupos escolares em 1911, identificando
uma notória rejeição as escolas isoladas. Tal fato se confirma com a construção do Grupo
Escolar Doutor Antônio Garcia Filho nos idos de 70. A edificação de tais empreendimentos
traria mudanças na estrutura física e no mobiliário escolar, como elucidou a entrevistada: “Na
escola foi mais fácil, por que no colégio a gente tem de um tudo igualmente dentro de casa
[...] tinha quadro, tinha livros, tinha caderno, tinha lápis, quando eu passei a ser professora na
escola foi mais fácil.” A mudança apresentada na estrutura física, também implicou na
mudança dos métodos de ensino, nesse caso o método intuitivo. Maria Isabel dos Santos
agora no birô da sala de aula desenvolveu modos de educar, como rememora:
A gente vai ensinando a ele a “cartinha de ouro” que é o alfabeto, e através
dessa “cartinha de ouro” ele vai se desenvolvendo através de amor, de
carinho, de compreensão, ai ele se desenvolve. Se você pegar um menino
com três anos de colégio, se ele não souber a “carta de ouro” ele nunca
aprende. [...] Ensinava as primeiras letras pelas famílias, que são formadas
com as consoantes as vogais são só acompanhantes. Se você vai fazer uma
família de vogais, quais são as vogais que vai formar uma família? No
quadro de giz, botava o menino no quadro, „olhe meu filho então essas letras
aqui b, c, d, e, f‟ agora você vai formar a família do f [...] „Então quantas
silabas tem nessa palavra?‟ Mostrava um desenho da faca pare eles
associarem. (SANTOS, 15 de Setembro de 2011)
O método intuito, criado por Johann Heinrich Pestalozzi na Alemanha, trousse
trazia as lições de coisas, estimulando os sentidos dos alunos. O que se pretendia, com o
método, era que as lições se dariam pelas coisas, pelos olhos, pelos ouvidos, pelo tato, pelo
cheiro, pelo gosto, enfim, aguçando percepções, intuições, observações e experimentações.
Assim, despertava-se o senso investigativo e criador dos alunos que contava com novos
processos de aplicação de leitura, escrita, recitação e exercícios. Na visão de Vidal (2009) “O
método intuitivo poderia se sobressair sobre o ensino verbalista enraizado na memória, que se
praticava nas instituições de ensino de Primeiras Letras do Império. Esse método se daria por
meio dos sentimentos” (VIDAL, 2009, p. 35). O método intuitivo privilegiava a “pedagogia
do ver” pela aquisição do conhecimento através dos sentidos. Desse modo, enunciou a
professora sobre seu método do ensino usado nas aulas de Matemática:
Primeiro ensinava os números, as unidades, depois das unidades vamos para
a dezena. Eu perguntava: „quantas dezenas tem aqui?‟ – „tem duas dezenas‟
– „já contou? Então vamos fazer uns bichinhos, uma coisinha. ‟ Então já
vamos botando ele em um problemazinho sem ele perceber, mas ele está
fazendo. Eu perguntava: „você já estudou até vinte, já sabe? Então se você
tem três laranjas e botar mais duas, quantas laranjas você boto?‟ Ele já vai
fazendo. „Você tem cinco laranjas, ai é sinal de mais. Você tem dez laranjas,
você deu quatro a seu amigo, com quantas você ficou?‟ Vai diminuindo, ai
pouquinho a gente já vai levando o menino ao conhecimento é do pouco.
„Você tem cinco bolinhas, o seu amigo vem e lhe deu mais duas. „Quanto é
cinco vezes duas?‟ Ele já vai dizer: „cinco vezes duas tia é sete‟ não! É cinco
vezes duas? Então ela já vai perceber que cinco vezes duas é cinco duas
vezes. A matemática de mais de menos e de vezes, ele já vai aprendendo
através de furta, através de cachorro, através de gatinho, de qualquer coisa
palito [...] „Você sabe que em minhas mãos tem cinco dedos?‟ Cinco dedos
caem em que? Matemática né? Agora vamos supor como é o nome desse
dedo? Cai em que? Ciências. Qual é o nome dessas juntinhas aqui?
(SANTOS, 15 de Setembro de 2011)
O que compomos textualmente é uma professora aposentada que possui alta
representatividade local, pois em muito contribuiu para a Educação de Umbaúba com os seus
poemas, poesias, hinos e canções que povoam a memória de varias gerações de alunos. Como
rememora: “Meus alunos participavam das festas, quando era antigamente sete de Setembro.
Essa casinha velha enchia de menino, vinham dormir aqui em casa botava esteira.” E continua
lembrando: “[...] os meus alunos declamavam poesias para a alvorada, os hinos e canções do
sete de Setembro. Era a coisa mais linda.” Professora Maria Isabel dos Santos depois de 26
anos inteiramente dedicados à educação, se aposentou oficialmente no ano de 1993. Porém,
sua memória permanece latente e valiosa para os estudos relacionados à História da Educação
e mais especificamente a História da Profissão Docente.
À GUISA DA CONCLUSÃO
“A gente se apega naquilo que aprende”
Maria Isabel dos Santos
Para traçar parte da história da profissão docente no município de Umbaúba pelos
caminhos da memória, fez-se necessário ouvir atentamente os relatos e testemunhos das
professoras/recordadoras. Pois, por entre as vozes da professora Maria Isabel dos Santos que
testemunhou sobre seu viver na escola foi possível escrever a história da profissão docente.
Tal, não seria executável sem a metodologia da história oral, que nos permitiu debruçar sobre
as fontes orais com fascínio e técnica, pois transformar experiência vivida em narrativa é a
especificidade da fonte. Assim, iluminados pelas categorias de analise “práticas escolares” e
“cultura escolar” podemos perceber as sinuosidades e sentidos atravessados na sala de aula
em diferentes tempos e espaços escolares. O cerne da sua formação se encontra em suas
experiências vividas, ora como professora, ora como aluna, pois estas se alimentam
mutuamente, sem divisões e fronteiras demarcadas. Portanto, conclui-se que os modos de ser
e fazer-se professora de Maria Isabel dos Santos foram forjados durante sua trajetória
enquanto aluna, pois teria herdado de sua professora “Alice” o modo de pensar e agir no
ensino escolarizado. Pois, é na escola que se aprende a ser professor, uma vez que, foi na sala
de aula na relação com sua professora que Maria Isabel também se compôs professora, prova
disso, é o movimento contate “ir e vir” das memórias de professora e aluna. Uma vez que, seu
modo de ser estive mergulhado em gostos, predileções, vontades, resistências, adaptações, por
vezes, conservando modos de educar tradicionais e em outras inovando. Contudo, para
entendermos o seu modo de ser e constituir-se professora tivemos que devolve-la ao seu
tempo e espaço que nos deixou indícios de como se constituiu a história da profissão docente
no interior sergipano.
REFEREÊNCIA
ALBERTI, Verena. Manual de história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2005.
______. Ouvir contar: textos em história oral. Rio de Janeiro: FGV, 2004.
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primária. In: STEPHANOU, Maria; BASTOS, Maria Helena Camara (org). Histórias e
memórias da educação no Brasil: Vol. III- século XX. – Petrópolis, Rj: Vozes, 2005. Cap.5,
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BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social. São Paulo: Ateliê
Editorial, 2003.
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Educação, Campinas, n. 1, p. 9-44, 2001.
NASCIMENTO, Jorge Carvalho do. Notas para uma reflexão acerca da escola primária
republicana em Sergipe (1889-1930). In: ARAÚJO, José Carlos Souza; SOUZA, Rosa de
Fátima; PINTO, Rúbia-Mar Nunes (org.). Escola primária na primeira república (1889-1930):
subsídios para uma história comparada. Araraquara, SP: Junqueira&Marin, 2012.
SANTOS. Maria Isabel dos Santos. Relato oral sobre sua história de vida. Umbaúba. 15 de
Setembro de 2011.
THOMPSON, E. P. A Miséria Da Teoria– ou um planetário de erros. Rio de Janeiro: Zahar,
1981.
VIDAL. Diana Gonçalves. No interior da sala de aula: ensaio sobre cultura e práticas
escolares: In: Currículo sem Fronteiras, v.9, n.1, pp.25-41, Jan/Jun 2009 ISSN 1645-1384
(online) www.curriculosemfronteiras.org

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