Untitled - Grupo AG

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Untitled - Grupo AG
ENTRE DOIS MUNDOS
entre deux mondes
Curitiba . Paraná . Brasil
Sala Helena Wong
de 16 de dezembro de 2009 a 7 de março de 2010
du 16 décembre 2009 au 7 mars 2010
Secretária Especial do Estado do Paraná
Secrétaire Spéciale de l´État du Paraná
Maristela Quarenghi de Mello e Silva
Assessoria Especial
Assessorat Spécial
Vera Regina Maciel Coimbra
Assessoria Jurídica
Assessorat Juridique
Isabel Cristina Storrer Weber
Comunicação
Communication
Maria Tereza Boccardi
Planejamento Cultural
Planification Culturelle
Ariadne Giacomazzi Mattei Manzi
Marcello Kawase
Rebeca Gavião Pinheiro
Sandra Mara Fogagnoli
Acervo e Conservação
Oeuvres et Conservation
Suely Deschermayer
Humberto Imbrunisio
Ricardo Freire
Museologia
Muséologie
Karina Muniz Viana
Vanderley de Almeida
Ação Educativa
Action Éducative
FICHA TÉCNICA DA EXPOSIÇÃO LE CORBUSIER ENTRE DOIS MUNDOS
Crédits de l´exposition Le Corbusier Entre deux Mondes
Curadoria e Cenografia
Produção Brasil
Commissariat et Scénographie
Production Brésil
Jacques Sbriglio
Juliana Cury
Maria Beatriz de Almeida Pinto
Nathalia Ungarelli
Marília Camara
Rosemeri Bittencourt Franceschi
Sirlei Espindola
Solange Rosenmann
Produção Geral
Documentação e Referência
Coordenação Geral
Documentation et Références
Iolete Guibe Hansel
Administração
Administration
Tatiana Maciel Passos Tizzot
Segurança
Sécurité
Adonis Nobor Furuushi
ASSOCIAÇÃO DOS AMIGOS DO MON
Association des amis du MON
Presidência
Production Générale
Grupo AG
Coordination Générale
Nicola Goretti
Produção Executiva
Production Exécutive
Fabio Scrugli
Consultoria Geral
Consultation Générale
Patrícia Gomes da Silva
Assistentes de Curadoria
Assistants de Commissariat
Anne Carpentier
Natacha Muller Sbriglio
Présidence
Acervo
Cristiano A. Solis de Figueiredo Morrissy
Oeuvres
Diretoria Administrativa e Financeira
Fundação Le Corbusier, Paris, França
Direction Administrative et Financière
Elvira Wos
Infraestrutura
Infrastructure
Denise Caroline de Almeida
Arquitetura
Architecture
Caetano Xavier de Albuquerque
Design gráfico
Design Graphique
Clarissa Teixeira
Consultoria financeira
Consultation Financière
Fernanda Nepomuceno
Montagem
Montage
NU – Projetos de Arte
Tradução de textos
Traduction
Neuza Maria de Paula
Material fotográfico
Fondation Le Corbusier, Paris - France
Matériel Photographique
Jean-Pierre Duport
Presidente / Président
Isabelle Godineau
Assistente / Assistante
Fundação Le Corbusier
Paris, França
Fondation Le Corbusier
Paris - France
Sede da exposição Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil
Siège de l´exposition Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, Brasil
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A arquitetura moderna na arte de Le Corbusier
Revolucionário e autor de uma arquitetura inovadora, com características funcionalistas, Le Corbusier (1887-1965) é um dos arquitetos
mais importantes do século 20. Junto com Walter Gropius, Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, Mies Van der Rohe e, no Brasil, Oscar Niemeyer,
construiu a história mundial da arquitetura moderna. Seus conceitos modernistas, permeados pela prática de uma arquitetura humanista,
foram divulgados em inúmeras palestras, livros, exposições e obras assinadas pelo genial arquiteto.
As viagens de Le Corbusier pelo mundo foram decisivas para sua obra inovadora. Com isto, trocou experiências e absorveu ideias entre as
mais importantes personalidades da história, como Klimt, Braque, Picasso e até Einstein. Em viagens pelo Brasil, entre 1929 e 1936, fez
propostas urbanísticas para projetos brasileiros, como o Ministério da Educação e Saúde, e influenciou a arquitetura de várias gerações.
Lúcio Costa e Oscar Niemeyer estão entre os que apreenderam conceitos de Le Corbusier. Um mestre que não se limitou a realizar projetos
urbanísticos, também se dedicou às artes plásticas, em desenhos, pinturas, esculturas e tapeçarias.
É com grande orgulho que o Museu Oscar Niemeyer exibe exemplares da produção artística do arquiteto franco-suíço, além de projetos
originais, maquetes, livros e fotografias, provenientes da Fundação Le Corbusier, de Paris. Agradecemos especialmente o patrocínio
da Elejor e da Compagas, com o apoio do Ministério da Cultura, do Governo do Paraná e da CAIXA, pela oportunidade de apresentar,
em comemoração ao Ano da França no Brasil, a exposição Le Corbusier – Entre dois Mundos. Mostra que reúne a história, a arte e a
arquitetura de Le Corbusier, uma personalidade do século 20.
Maristela Quarenghi de Mello e Silva
Secretária Especial para Coordenação do Museu Oscar Niemeyer
L´architecture modèrne dans l´art de Le Corbusier
Révolucionnaire et auteur d´une architecture innovatrice, de caractéristiques fonctionnelles, Le Corbusier (1887-1965) est l´un des
architectes les plus importants du XXème siècle. Avec Walter Gropius, Frank Lloyd Wright, Alvar Aalto, Mies Van der Rohe et, au
Brésil, Oscar Niemeyer, il a construit l´histoire mondiale de l´architecture modèrne. Ses conceptions modernistes, imprégnées par la
pratique d´aune architecture humaniste, ont été divulguées dans plusieures conférences, livres, expositions et oeuvres signées par
cet architecte génial.
Les voyages de Le Corbusier à travers le monde ont été décisifs pour l´accomplissement de son oeuvre innovatrice. Il en a tiré et
échangé des expériences et incorporé des idées parmi les plus importantes personalités de l´histoire, comme Klimt, Braque, Picasso
e même Einstein. Au cours de ses voyages au Brésil, entre 1929 et 1936, il a fait des propositions urbanistiques pour des projets
brésiliens, comme pour le Ministère de l´Éducation et de la Santé, et il a influencé l´ architecture de plusieures générations. Lucio
Costa et Oscar Niemeyer se trouvent parmi ceux qui ont absorbé les conceptions de Le Corbusier. Un maître qui ne s´est pas limité
a réaliser seulement des projets d´urbanisme, mais qui s´est consacré également aux arts plastique, aux déssins, aux peintures, aux
scultures et aux tapisseries.
C´est avec beaucoup d´orgueil que le Musée Oscar Niemeyer expose des exemplaires de la productions artistique du architecte francosuisse; ses projets originaux, maquettes, livres et photografies provenant de la Fondation Le Corbusier de Paris. Nous remercions
spécialement le parrainage de Elejor et Compagas, avec le soutien du Ministère de la Culture, du Gouvernement du Paraná et de
CAIXA, pour l´opportunité de présenter, par occasion de la commémoration de l´Année de la France au Brésil, l´exposition Le
Corbusier – Entre deux Mondes. Exposition, celle-ci, qui réunit l´histoire, l´art et l´architecture de Le Corbusier, une personnalité du
XXème siècle.
Maristela Quarenghi de Mello e Silva
Secrétaire Spéciale de Coordination du Musée Oscar Niemeyer
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Le Corbusier e o Brasil
Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos organizadores do Ano da França no Brasil, que desejaram que esta manifestação
reservasse um lugar particular para a obra de Le Corbusier, e agradeço a todos aqueles que, do Brasil, contribuíram para a sua
apresentação em Brasília, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte e em Curitiba.
A relação que Le Corbusier estabeleceu e manteve durante toda a sua vida com o Brasil e os brasileiros ilustra perfeitamente o elo
particular que une os nossos dois países, sobretudo no plano artístico e cultural. É necessário lembrar que o interesse pela América
do Sul e pelo Brasil manifestou-se muito cedo em Le Corbusier. Este interesse nasceu em Paris, onde, principalmente por intermédio
de Blaise Cendrars e de Fernand Léger, ele teve a oportunidade de encontrar numerosos artistas e escritores – entre os quais,
alguns associados à aventura da revista l’Esprit Nouveau (o Novo Espírito), a partir de 1921 – e que iriam, a seguir, originar suas
viagens e facilitar sua introdução nos meios da arquitetura e da arte na Argentina, no Brasil, na Colômbia, no Uruguai, no Paraguai
e no Chile. Mais de quatro décadas de contato ininterrupto com os intelectuais, os políticos e os artistas do continente.
O Brasil – juntamente com a Índia, que ele conheceria mais tarde – é o país com o qual ele manteve uma relação excepcional
e de longa duração que o transformou, tanto no plano profissional quanto no pessoal. Durante sua primeira estada, em 1929 ,
durante a qual Paulo Prado organizou sua permanência no Rio e em São Paulo, ele ficou extremamente satisfeito pelo fato desta
viagem ser feita por meios de transporte aos quais ele era afeiçoado – os barcos a vapor –, nos quais ele viajou sucessivamente
a bordo de três navios e por avião, que lhe permitiram descobrir as paisagens – os rios e suas sinuosidades – e as cidades que
tanto o encantaram. Ele também se sensibilizou muito por este povo mestiço tão distante do meio em que viveu sua infância em La
Chaux-de-Fonds, e fez numerosos desenhos dos humildes habitantes das áreas e favelas pelas quais ele sentia simpatia e respeito.
Também durante um cruzeiro no Giulio Cesare que ele encontrou Joséphine Baker... Daquele momento, ele trouxe um de seus
trabalhos mais pessoais e mais líricos, redigido no navio que o levou de volta à França: Definições sobre o estado atual da arquitetura
e do urbanismo com um prólogo americano, um corolário brasileiro... Este livro reúne seus desenhos e projetos de urbanismo para o
Rio de Janeiro e para São Paulo e que, hoje, são conhecidos no mundo inteiro.
Ele retornou em 1936, a convite de Alberto Monteiro de Carvalho, para trabalhar com a geração de jovens arquitetos brasileiros:
Lucio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Angelo Bruhns, Firmino Saldanha, Jorge Machado Moreira, José de Sousa Reis, Oscar
Niemeyer, Carlos Leão, etc. Fez dez conferências no Rio, ilustradas por grandes desenhos que foram comprados por Pietro
Maria Bardi e que estão hoje no Museu de Belas Artes do Rio. Esta segunda estada, apesar de constituir uma decepção para Le
Corbusier, que esperava obter um pedido de projeto para o Ministério da Educação e para a Cidade Universitária, deu origem à
relação amigável e tumultuosa entre o arquiteto e os representantes da modernidade brasileira, que reconheceram em si próprios
a influência exercida por ele. Estas trocas tiveram seguimento por ocasião do trabalho em outros projetos fora do Brasil, como
na sede das Nações Unidas, em Nova York, com Niemeyer, e no projeto da Casa do Brasil, na Cidade Universitária, com Lucio
Costa. Essa colaboração, através do arquiteto e da Fundação Le Corbusier, não cessou e deu origem ao elo que existe ainda
hoje entre arquitetos e estudantes brasileiros com sua obra e com a Fundação Le Corbusier.
Em 1965, surgiu o volume 7 da Obra completa de Le Corbusier e de seu ateliê na rua de Sèvres 35, abrangendo seus projetos e
realizações entre os anos de 1957 a 1965. Le Corbusier escolheu abrir este volume com a reprodução de uma carta manuscrita
endereçada aos seus “amigos do Brasil”, redigida durante sua última viagem ao Rio de Janeiro, em 25 de dezembro de 1962. Ele
escreveu:
Hoje, eu digo adeus aos meus amigos do Brasil e a este país que conheço desde 1929. Para este grande viajante, existem lugares
privilegiados no planeta, entre montanhas, planaltos e planícies com grandes rios que correm rumo ao mar; o Brasil é um desses
lugares acolhedores e generosos que gostamos de poder considerar como um amigo.
Brasília está construída; se vi a nova cidade? É magnífica pela invenção, pela coragem, pelo otimismo; ela fala para o coração. É
obra dos meus dois grandes amigos (anos a fio) e companheiros de luta, Lucio Costa e Oscar Niemeyer. No mundo moderno, Brasília
é única. (...)
Minha voz é aquela de um viajante da terra e da vida. Amigos do Brasil, deixem-me dizer obrigado!
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Na mesma perspectiva desta página dupla, são apresentados a planta de situação do projeto da embaixada, uma fotografia do Ministério
da Educação Nacional e da Saúde Pública realizado em 1936, com Lucio Costa e Niemeyer, e uma outra fotografia do ateliê 35, na rua
de Sèvres, com “em primeiro plano, a maquete da embaixada da França em Brasília. Em cima, a maquete da construção hiperbólica do
Palácio da Assembleia em Chandigarh e, ao fundo, a pintura mural de Le Corbusier”.
O ateliê de arquitetura é o elo entre Brasília – e o Brasil, onde ele acabou não construindo – e Chandigarh – a realização de uma vida
inteira onde, finalmente, aconteceu a operacionalização de um projeto urbano. O 35 da rua de Sèvres foi, também, durante todos esses
anos, o local de passagem de arquitetos aprendizes vindos do mundo inteiro e, principalmente, do continente sul-americano e da Índia.
Desejo que a apresentação, no Brasil, desta exposição, que retrata o percurso dos 20 últimos anos de Le Corbusier, possa contribuir, por
intermédio do conhecimento de sua obra, para a consolidação desta relação entre nossos dois continentes e favoreça – a exemplo de sua
vida – o diálogo entre os homens e as culturas.
“Tentei a conquista da América por uma razão implacável e por um grande carinho que senti pelas coisas e pelas pessoas. É com estes irmãos,
separados de nós pelo silêncio de um oceano, que entendi os escrúpulos, as dúvidas, as hesitações e as razões que motivam o estado atual
de suas manifestações e confiei no amanhã.
Sob tal luz, nascerá o arquiteto.”
Definições
“Prólogo americano”
Jean-Pierre Duport
Presidente da Fundação Le Corbusier
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Le Corbusier et le Brésil
Je voudrais tout d’abord remercier les organisateurs de “l’Année de la France au Brésil” qui ont souhaité que cette manifestation
réserve une place particulière à l’œuvre de le Corbusier et je remercie tous ceux qui au Brésil ont contribué à sa présentation à
Brasilia, Rio de Janeiro, Belo Horizonte et Curitiba.
La relation que Le Corbusier a établie et maintenue tout au long de sa vie avec le Brésil et les Brésiliens illustre parfaitement le lien
particulier qui unit nos deux pays notamment sur les plans artistique et culturel. Il faut le rappeler, l’intérêt que manifesta très tôt Le
Corbusier pour l’Amérique du Sud et pour le Brésil en particulier a pris naissance à Paris où par l’intermédiaire notamment de Blaise
Cendrars et de Fernand Léger il eut l’occasion de rencontrer nombre d’artistes et d’écrivains dont certains seront associés à l’aventure
de la revue l’Esprit Nouveau dès 1921 et qui allaient ensuite provoquer ses voyages et faciliter son introduction dans les milieux de
l’architecture et de l’art en Argentine, au Brésil, en Colombie, en Uruguay, au Paraguay, en Colombie et au Chili. Plus de quatre décennies
de contacts ininterrompus avec les intellectuels, les politiques et les artistes du continent.
Le Brésil est – avec l’Inde qu’il connaîtra plus tard – le pays avec lequel il entretiendra un rapport exceptionnel et de longue durée
qui l’affecte à la fois sur le plan professionnel et sur le plan personnel. Lors de son premier séjour, en 1929, – au cours duquel
Paulo Prado organisera son séjour à Rio et São Paulo – il sera à la fois comblé par un périple qui associe aux moyens de transport
qu’il affectionne, les paquebots – il voyagera successivement à bord de trois navires différents et l’avion – et qui lui permettent
de découvrir des paysages – les fleuves et leurs méandres - et des villes qui l’enchantent. Il est aussi profondément touché par ce
peuple métissé si éloigné du cadre de son enfance à La Chaux-de-Fonds et il réalise de nombreux dessins des humbles habitants
des domaines et bidonvilles pour lesquels il éprouve sympathie et respect. C’est aussi lors d’une croisière sur le Giulio Cesare qu’il
rencontre Joséphine Baker…
De ce séjour il rapportera l’un de ses ouvrages les plus personnels et les plus lyriques qu’il écrit sur le bateau qui le ramène en
France: Précisions sur un état présent de l’architecture et de l’urbanisme avec un prologue américain, un corollaire brésilien… Ce livre
rassemble ses dessins et projets d’urbanisme pour Rio et Saint-Paul connus aujourd’hui dans le monde entier.
Il reviendra en 1936 à l’invitation d’Alberto Monteiro de Carvalho pour travailler avec la jeune génération d’architectes brésiliens,
Lucio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Ângelo Bruhns, Firmino Saldanha, Jorge Machado Moreira, José de Sousa Reis, OscarNiemeyer,
Carlos Leao, etc. il donnera dix conférences à Rio illustrées de très grands dessins qui seront acquis par Pietro Maria Bardi et qui sont
aujourd’hui déposés au Musée des Beaux-Arts de Rio. Ce deuxième séjour, même s’il constitue une déception pour Le Corbusier qui
espérait pouvoir obtenir une commande pour le ministère de l’éducation et la Cité universitaire, sera à l’origine de la relation amicale
et tumultueuse entre l’architecte et les représentants de la modernité brésilienne et dont les représentants les plus prestigieux
reconnaissent l’influence qu’il exerça sur eux. Ces échanges se poursuivront à l’occasion du travail sur d’autres projets hors du Brésil,
le siège des Nations Unies à New York avec Niemeyer et bien évidemment le projet de la maison du Brésil à la Cité internationale
universitaire avec Lucio Costa. Ils ne devaient jamais s’interrompre et ils sont à l’origine du lien qui subsiste encore aujourd’hui entre
architectes et étudiants brésiliens avec son œuvre et avec la Fondation Le Corbusier.
En 1965 paraît le volume 7 de l’Oeuvre complète de Le Corbusier et son atelier rue de Sèvres 35 qui couvre les projets et les
réalisations des années 1957 à 1965. Le Corbusier choisit d’ouvrir ce volume avec la reproduction d’une lettre manuscrite adressée
à ses “amis du Brésil”, rédigée lors de son dernier voyage à Rio de Janeiro le 29 décembre 1962. Il y écrit:
Aujourd’hui, je dis au revoir à mes amis du Brésil. Et tout d’abord à leur pays – le Brésil – que je connais depuis 1929. Il y a pour le
grand voyageur que je suis des surfaces privilégiées sur la planisphère, entre les montagnes, sur les plateaux et les plaines où coulent
les grands fleuves qui vont à lamer; le Brésil est un des lieux accueillants et généreux et l’on aime à pouvoir l’appeler ami.
Brazilia est bâtie; j’ai vu la ville neuve ? Elle est magnifique d’invention, de courage, d’optimisme; elle parle au cœur. Elle est l’œuvre
de mes deux grands amis et (à travers les années) compagnons de lutte, Lucio Costa et Oscar Niemeyer. Dans le monde moderne,
Brazilia est unique. (…)
Ma voix est celle d’un voyageur de la terre et de la vie. Laissez-moi amis du Brésil vous dire merci!
Dans la même perspective de la double page, nous sont présentés le plan masse du projet de l’ambassade, une photographie du
ministère de l’éducation nationale et de la santé publique réalisé en 1936 « avec Lucio Costa et Niemeyer » et une autre photographie
de l’atelier 35 rue de Sèvres avec “au premier plan la maquette de l’ambassade de France à Brasilia. Au-dessus la maquette de la
construction hyperbolique du Palais de l’assemblée à Chandigarh. Au fond la peinture murale de Le Corbusier”.
L’atelier d’architecture, c’est le lien entre Brasilia – et le Brésil où il ne construira finalement pas – et Chandigarh, l’accomplissement
de toute une vie avec, enfin, la mise en œuvre d’un projet urbain. Le 35 rue de Sèvres, c’est aussi pendant toutes ces années le lieu
de passage des apprentis architectes venus du monde entier et notamment du continent sud-américain et de l’Inde.
Je forme le vœu que la présentation au Brésil de cette exposition qui retrace le parcours des vingt dernières années de Le Corbusier
contribue, par delà la connaissance de son œuvre, à consolider cette relation entre nos deux continents et favorise – à l’exemple de
sa vie – le dialogue entre les hommes et les cultures.
“J’ai tenté la conquête de l’Amérique par une raison implacable et par une grande tendresse que j’ai vouée aux choses et aux gens; j’ai
compris chez ces frères séparés de nous par le silence d’un océan, les scrupules, les doutes, les hésitations et les raisons qui motivent
l’état actuel de leurs manifestations et j’ai fait confiance à demain.
Sous une telle lumière, l’architecture naîtra.”
Précisions
“Prologue américain”
Jean-Pierre Duport
Président de la Fondation Le Corbusier
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Le Corbusier, entre dois mundos
Convidado pela revista “Stil” e pelo Grupo Amigos da Arte, Le Corbusier desembarcou pela primeira vez na
América do Sul em 1929 para fazer uma série de conferências em Buenos Aires, Montevidéu, Rio de Janeiro
e São Paulo. Em cada chegada, o arquiteto tentava decifrar a paisagem, sua natureza e a relação da cidade
com seu entorno.
Le Corbusier era um homem que projetava a cidade nova, adaptando o urbanismo em cada situação,
interpretando os códigos de cada lugar. O trabalho em arquitetura, pintura e outras disciplinas o definem como
uma pessoa sensível e atenta às vanguardas e aos novos modos de vida, simulando seu pensamento sobre os
suportes da arquitetura: o papel, a tela e o território.
Em alto mar, enquanto o transatlântico Lutetia o levava de volta a Paris após sua estadia na América do Sul,
escreveu um belíssimo testemunho sobre a grandeza da paisagem sul-americana. Précisions sur un état présent
de l`architecture et de l`urbanisme é uma reflexão sobre o planejamento em grande escala, um livro poético
sobre a região em que a planície incomensurável do Rio da Prata e o território selvagem e montanhoso do
Rio de Janeiro o emocionaram. Aqui, Le Corbusier elaborou possíveis soluções para as novas cidades que se
transformariam em metrópoles.
Assim, a rigidez planimétrica pensada para as cidades de Buenos Aires e Montevidéu se contrapôs à
complexidade da paisagem exuberante do Rio de Janeiro. Para seu projeto carioca, já não existiria a rua, ou a
linha reta que conduz a um ponto determinado. Um edifício-viaduto sobre-elevado apareceria entre os morros,
ondulante e estendido, tentando controlar a paisagem. Também reapareceria com força a relação entre cidade
e projeto. Seus desenhos nos cadernos de viagem, que vêem a cidade do alto, do mar e das montanhas, falam
deste desejo. E a natureza o submeteu a se manifestar.
Muitas dessas experiências o levaram a pensar no desenvolvimento paradoxal da cidade latino-americana, sua
gestação e crescimento, em oposição aos cânones do início do século, da cultura de vanguarda europeia a que
pertencia. Em 1936, quando retornou ao Rio de Janeiro pela segunda vez, as bases do seu “Plan Obus” para
a cidade de Argel já estavam escritas, fundadas em uma nova e expressiva liberdade formal.
Como todo grande artista, sua obra teve um sincretismo disciplinar formidável ao longo de toda a vida, e suas
representações o vincularam às linguagens da arquitetura e da arte da época. Isso quando a máquina – por
meio da arquitetura naval e da tecnologia do automóvel – começou a transportar velozmente um dos animais
mais lentos do planeta, o homem. Le Corbusier proclamou que “A cidade que tem velocidade tem sucesso”.
Estávamos prontos para nos mover em maior velocidade, construir nosso habitat de forma diferente, inventar
os objetos para a vida e para a guerra.
A apresentação de uma mostra antológica do genial arquiteto tem como objetivo continuar a decifrar sua
obra e sua narrativa, um legado que se projeta ao presente por meio de seus primeiros projetos, seu trabalho
pictórico e manual e sua obra mais consagrada da maturidade. Mas, também, significa imaginar e entender sua
existência de forma compreensível e humana: uma figura posicionada fora do mito.
A entrada na Baía de Guanabara, em outubro de 1929, pela primeira vez, deve ter sido emocionante.
Permaneceu mudo por um instante e, sem fôlego, observou a cidade envolta por sua natureza feroz, enquanto
tentava entender a força daquele lugar.
Há quase 80 anos desse acontecimento e a 45 anos de sua morte, expor “Le Corbusier, Entre dois Mundos”
em solo brasileiro faz todo o sentido.
Nicola Goretti
Arquiteto / Organizador da mostra
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Le Corbusier, entre deux mondes
Sous invitation de la revue “Stil” et du Groupe Amis de l´Art, Le Corbusier débarque, en 1929, pour la première fois,
en Amérique du Sud pour donner une série de conférences à Buenos Aires, Montevideo, Rio de Janeiro et São Paulo.
À chaque arrivée, l´architecte essaye de déchiffrer le paysage, sa nature et sa relation avec son entourage.
Le Corbusier était un homme qui projetait la ville nouvelle, adaptant l´urbanisme dans chaque situation et interprétant
les codes de chaque endroit. L´oeuvre architecturale, la peinture et d´autres disciplines le définissent comme une
personne sensible et attentive à l´avant-garde et aux nouveaux modes de vie, et qui simulait ses pensées par moyen
de l´architecture, du papier, de la toile et du territoire.
Pendant que le transatlantique Lutetia le ramène à Paris après son séjour sud-américain, encore en haute mer, il
écrit un très beau témoignage à propos de la grandiosité du paysage sud-américain. Précisions sur un état présent
de l´architecture et de l´urbanisme est une réflexion sur la planification à grande échelle, mais aussi un livre poétique
sur la région, qui émotionne Le Corbusier par l´infinitude de la plaine du Rio da Prata et par le territoire sauvage
et montagneux de Rio de Janeiro. C´est ici qu´il va élaborer les solutions possibles pour ces nouvelles villes qui
deviendront, par la suite, des métropoles.
C´est ainsi que la rigidité planimétrique pensée pour les villes de Buenos Aires et Montevideo s´opposera à la
complexité du paysage exubérant de Rio de Janeiro. Pour son projet “carioca”, il n´y aura plus de voies ou de lignes
droites qui conduisent à un point déterminé. Un immeuble-viaduc en surélévation se dévoilera entre les collines,
onduleux et prolongé, cherchant à contrôler le paysage. Ici, la relation entre la ville et le projet va se manifester, une
fois de plus, avec de l´intensité. Ses dessins, dans les cahiers de voyage, qui contemplent la ville du haut, de la mer
et des montagnes, parlent de cette volonté. Et la nature le soumet à se manifester.
Plusieures de ces expériences l´amènent à penser au développement paradoxal de la ville latino-américaine, à sa
gestation et à son agrandissement, en opposition avec les canons de début siècle et de la culture d´avant-garde
européenne à laquelle il appartenait. En 1936, quand il reviendra à Rio de Janeiro pour la deuxième fois, les bases
de son “Plan Obus” pour la ville d´Argel seront déjà écrites, établies sur une nouvelle et expressive liberté formelle.
Comme tout grand artiste, son oeuvre aura un syncrétisme disciplinaire formidable au long de toute sa vie, et ses
représentations vont l´associer aux languages de l´architecture et de l´art de l´époque. La même époque où la
machine – au moyen de l´architecture navale et de la tecnologie de l´automobile – commencera à transporter de
plus en plus vite un des animaux les plus lents de la planète, l´homme. Le Corbusier proclame que “La ville qui a de
la vitesse a du succès”. Soyons donc prêts pour nous déplacer à plus grande vitesse, pour construire notre habitat
différemment, pour inventer les objets pour la vie et pour la guerre.
La présentation d´une exposition anthologique de cet architecte génial a pour objectif la poursuite du déchiffrage
de son oeuvre et de sa narrative; un héritage qui se projette dans le présent par ses premiers plans, par son travail
de peinture et de dessins, par sa production manuelle et par l´oeuvre réputée de la maturité. De même, il s´agit
d´une vitrine qui permet d´imaginer et de comprendre l´existence de ce personnage d´une forme compréhensible et
humaine, vu comme une figure positionnée en dehors du mythe.
L´arrivée à la Bahia de Guanabara, pour la première fois en Octobre 1929, a certainement dû être une expérience
émouvante. Il est resté muet pour un instant et, hors d´haleine, il a observé la ville couverte par sa nature féroce,
pendant qu´il essayait de comprendre la force de l´endroit.
Presque 80 années après cet événement et 45 ans après sa mort, exposer “Le Corbusier, Entre deux Mondes” en
territoire brésilien est tout à fait évident.
Nicola Goretti
Architecte / Organisateur de l´exposition
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Le Corbusier, de Marselha a Brasília 1945–1965
“Minha querida Charlotte,
Durante os últimos dez anos, fiz um grande esforço de síntese e de aperfeiçoamento doutrinal. Assim, contra todos – inclusive
meus amigos – mantive as pesquisas modernas e constituí uma força técnica de trabalho que foi finalmente formada e que
compreende administradores, engenheiros e arquitetos; trata-se do nosso ateliê de construtores, a ATBAT cooperativa de
técnicos... Agora, tenho pedidos consideráveis que vão alimentar este ateliê. Além disso, finalizei o protótipo mais ou menos
definitivo de uma Unidade de Habitação de 1.500 a 2.000 pessoas... Enfim, convenci o Ministro Billoux e o Prefeito de
Marselha a construir esta Unidade.” (1)
Carta de Le Corbusier a Charlotte Perriand de 2 de maio de 1946
Rumo à celebridade
No momento em que Le Corbusier escreveu esta carta cheia de promessas a Charlotte Perriand, para convidá-la a juntarse à sua equipe que trabalhava no projeto da Unidade de Habitação de Marselha, ele ainda não podia imaginar o quanto o
futuro próximo lhe daria razão e alavancaria, assim, a continuação de sua carreira ao ápice. De fato, nos 20 anos seguintes,
do fim da Segunda Guerra Mundial ao desaparecimento do arquiteto em 1965, a obra de Le Corbusier deslanchou de forma
inesperada e produziu as mais significativas entre as suas obras-primas.
Esta última parte da vida e da obra de Le Corbusier não somente consagrou a figura já conhecida do teórico de Arquitetura
Moderna ou mesmo aquela de temido polemista. Ela deu relevo à figura do criador genial, capaz de realizar uma síntese
entre todas as artes maiores e de inventar uma nova escrita arquitetônica, cuja potência poética classificou Le Corbusier entre
os grandes transgressores, equivalente a um Picasso no campo da pintura. Hoje, sabemos o quanto as obras de Picasso,
Matisse, Miró e outros influenciaram o célebre arquiteto.
O período de 1945–1965, que constitui o corpo desta exposição, é geralmente apresentado como o período da maturidade,
aquele durante o qual Le Corbusier, após uma longa travessia do deserto, reforçado pelo fechamento do ateliê na Rua de
Sèvres durante a Segunda Guerra Mundial, teve acesso, enfim, a pedidos de relevância. Estes estavam à altura do papel
protagonista que ele vinha ocupando na cena arquitetônica europeia – e até mesmo mundial – há aproximadamente 15
anos. Esta notoriedade adquirida nos cinco continentes, projeto após projeto, publicação após publicação, conferência após
conferência, exposição após exposição, colocou Le Corbusier, a partir do final da Segunda Guerra Mundial, na posição de
herói da arquitetura moderna. Com sua personalidade forte, aliando as qualidades de intelectual às de arquiteto/artista, ele
ocupou na época uma posição específica – fortemente carismática – que o situou ao lado de outros grandes mestres do
Movimento Moderno, como Wright ou Mies Van der Rohe, para retomar a classificação de Peter Blake (2). Le Corbusier
deve essa consagração internacional não somente à densidade de sua obra e a seu senso de comunicação, mas também à
sua capacidade de organizar e dar vida a redes. Efetivamente, graças à criação dos CIAM (3), da qual ele havia participado
intensamente 20 anos antes, à criação da ASCORAL (4) e, por fim, à criação do ATBAT (5), ele pôde organizar, com o passar
dos anos, as estruturas de reflexão e as plataformas de ação necessárias para fazer triunfar suas ideias sobre urbanismo
e arquitetura moderna. E isso, em um momento em que os países da Europa tinham muita necessidade de doutrinas e de
modelos para se reurbanizar, se equipar e encarar a forte demanda por habitações e equipamentos necessários para a
reconstrução de suas cidades e regiões devastadas pela guerra.
A exemplo da economia americana, que investiu no reerguimento da Europa, o que Le Corbusier pediu foi um verdadeiro
plano Marshall para o urbanismo e para a arquitetura a partir do final da Segunda Guerra Mundial.
Uma obra em apoteose
Assim como no período que precedeu o entre guerras, essa obra da maturidade se desenvolveu segundo quatro domínios
estreitamente ligados.
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Primeiramente, com o urbanismo e os diversos pedidos de projetos de reconstrução de cidades francesas arruinadas pela
guerra, como Saint Dié, la Rochelle la Pallice ou Marselha e, em seguida, com os projetos para o exterior, em cidades como
Bogotá, na Colômbia ou Izmir, na Turquia. O conjunto desses projetos – que não foi realizado – formou, apesar de tudo, um
quadro teórico excepcional que indicava os avanços da pesquisa urbana corbusiana durante esse período. De fato, no plano
das doutrinas de urbanismo, esses projetos representam a experimentação, em tamanho e em local reais, dos princípios
elaborados para a realização da ville Radieuse durante os anos 30 e codificados, no início dos anos 40, na Carta de Atenas.
Mas, sobretudo graças à demanda de Chandigarh, durante o ano de 1951, Le Corbusier pôde encerrar esta série de
fracassos e realizar finalmente um sonho antigo: criar uma cidade, em sua totalidade, partindo de uma terra virgem, hipótese
na qual ele já trabalhava desde 1922 com o projeto de uma Cidade Contemporânea de 3 milhões de habitantes.
Se na concepção desta nova cidade Le Corbusier atuou inicialmente como urbanista para o aperfeiçoamento do projeto
principal e, em seguida, como arquiteto na concepção e na realização do conjunto monumental do Capitol, ele não interveio
– para seu grande arrependimento – na área da habitação. Aqui, nada de unidades habitacionais para estruturar o corpo
da cidade, como em seus projetos europeus, mas uma concepção de habitação menos revolucionária, talvez mais em
sintonia com os modos de habitar das populações de funcionários públicos aos quais estas habitações foram principalmente
destinadas. Somente dois projetos, a Casa dos Péons e o Palácio do Governador, mobilizaram Le Corbusier em Chandigarh
sobre esta questão.
A realização de Chandigarh, que se desenrolou nos 15 últimos anos de atividade do ateliê de Le Corbusier, e que continua
até hoje, não constituiu uma interrupção dos projetos referentes ao urbanismo. Ao mesmo tempo em que trabalhava no
projeto desta nova cidade, Le Corbusier estudava outros projetos de urbanismo para cidades como Estrasburgo, Berlim e,
por fim, Firminy.
O segundo domínio de atividade concernente à arquitetura, com um conjunto de projetos e/ou realizações de prestígio, de
Marselha a Chandigarh, passando por Ronchamp, La Tourette e Veneza – para citar apenas alguns entre os mais célebres –
permitiu a Le Corbusier adotar uma nova postura arquitetônica na qual a criatividade e a singularidade conferiram à sua obra
um status excepcional no panorama da arquitetura do século XX.
O terceiro domínio trata da obra plástica que, do desenho e da pintura, se estendeu a outros territórios, como a escultura, a
tapeçaria, os esmaltes, a gravura, o afresco, as colagens, etc... O estudo do universo pictórico e gráfico produzido ao longo
desses anos por Le Corbusier mereceria, ele sozinho, um artigo inteiro. Portanto, aqui, nós nos limitaremos a destacar as
correspondências estabelecidas entre estas diferentes formas de expressão – no âmbito da linguagem das formas e das cores
– para alcançar a unidade plástica tão buscada por Le Corbusier. De fato, como não ver os elos existentes entre as pinturas, os
desenhos, as esculturas da série Ozon e o trabalho desenvolvido, ao mesmo tempo, sobre as formas da Unidade de Habitação
de Marselha? Será necessário destacar, da mesma maneira, as influências que transitam entre as pinturas da série dos touros
e a arquitetura monumental dos edifícios de Chandigarh – sem falar da iconografia religiosa ou cósmica presente nas portas
em esmalte da capela de Ronchamp ou do Palácio da Assembleia da capital do Punjab?
Enfim, o quarto e último domínio corresponde à escrita, com a busca do trabalho doutrinal e teórico conduzido há muito
tempo, mas que neste último período apresentou uma abordagem mais pessoal, mais poética, como ilustrado na publicação
do Poema do ângulo reto ou de outras obras como Poesia em Argel.
Mas o que evoluiu profundamente também ao longo dos 20 últimos anos na obra de Le Corbusier foi o enquadramento
ideológico e filosófico do seu pensamento. Assim, aos valores da cultura material, como aquela sobre a organização do
trabalho, para falar somente desse exemplo, e do apelo ao taylorismo e ao fordismo durante os anos 30, sucedeu-se uma
aproximação mais transcendental da vida, mais em sintonia com a natureza e com o cosmo.
Tudo parte de Marselha
“Marselha veio, naquele período, provocar no meu despreocupado passeio um turbilhão e um elevar de ondas, em feixes
brilhantes, em brusco desabrochar. Marselha! Ou seja, tenho muito a dizer... Marselha, porta do Oriente! Escrevi esta carta a
Augusto Perret. O Porto! Este porto de Marselha! E Marselha? Cidade de vida, de toda vida agitada – máscaras, navios, ondas,
conchas e peixes das escamas de sonho. Cidade de fortalezas e cidade de povos. O Império reina nas fachadas do Porto e o
Império é toda a Europa. A Prefeitura é, no mínimo, o Grande Rei, e é a China e a Índia. É o porto das máscaras; o mar visto
além das fortalezas, a segunda ática, a Grande Grécia“. (6)
Foi com este entusiasmo que o jovem Charles Edouard Jeanneret havia descoberto Marselha em 1915. Marselha, o mar, a
força da arquitetura militar no local, mas também a abertura para o mundo “a China, a Índia...“ e, ainda, a beleza cosmopolita
daquela cidade, uma beleza à qual também se sensibilizou, posteriormente, outro chaudefonnier (nascido em Chaud-deFonds/Suíça), contemporâneo e amigo de Le Corbusier, outro grande viajante de nome Frédéric Sauser, dito Blaise Cendrars.
Marselha, uma cidade na França e, tanto mais, uma cidade cheia dessa identidade mediterrânea que não deixou de reivindicar
de maneira incansável o futuro de Le Corbusier. Uma cidade que marcou, para aproximadamente 30 anos mais tarde, o seu
encontro com um dos edifícios entre os mais famosos da história da arquitetura do século XX: a Unidade de Habitação de
Grandeur Conforme.
Com o pedido desta Unidade de Habitação de Marselha, em 1945, a carreira de Le Corbusier teve um novo início. Ele mesmo
escreveu: “É aos 58 anos que me foi passado o meu primeiro grande pedido e mais, para rir um pouco!“ (7), adicionou,
em um tom levemente desiludido. Portanto, esta nova carreira se revelou, a exemplo da precedente, igualmente intensa,
abundante, mostrando um Le Corbusier decidido a continuar ocupando todo o espaço do debate sobre a cidade, a arquitetura
e muito mais. Além disso, ela consagrou, na opinião pública, um novo estilo de urbanismo e arquitetura ao qual a figura de Le
Corbusier permanecerá definitivamente ligada.
O que é evidenciado quando examinamos a produção deste último período é, novamente, seu caráter de unidade. Assim
como na produção do período entre guerras, seja naquela dos anos 20 ou na dos anos 30, manifesta-se a coerência de
pensamento e de ação entre o urbanismo, a arquitetura e a obra plástica. A evolução mensurável de um período para o
outro, longe de ser marcada por alguma ruptura, estabelece-se por um processo de pesquisa que procede por acúmulo de
experiência. E se a crítica acreditou ter percebido, em 1953, no projeto da capela de Ronchamp, uma virada radical na obra
de Le Corbusier, esta impressão não resiste à análise histórica desta parte da obra.
Se houve uma reviravolta radical na obra de Le Corbusier, com certeza, convém buscá-la no início dos anos 30.
De fato, foi após a primeira viagem realizada em 1929 à América do Sul e àquela ao M´zab, em 1931, que o pensamento
de Le Corbusier sobre a arquitetura começou a se distanciar da estética da máquina ou do produto industrial, vista até
aquele momento como centro de gravidade de qualquer estética purista. E sua referência à arquitetura árabe e à arte do
despropósito – para justificar o caminho autorizado pela rampa interna da vila Savoye (1928–1931) – já seguia esta linha.
Ao final dos anos 20, Le Corbusier considerou, de fato, que tudo já havia sido dito sobre a arquitetura do liso, da recusa
da decoração, aquela da matéria elevada ao seu mais alto grau de abstração. E mesmo que ele tenha sido um dos pais
fundadores dessa nova arquitetura ao anunciar, principalmente em 1927, um de seus principais codificadores – a teoria dos
famosos cinco pontos (8) – ele não pretendia, a partir daquele momento, deixar-se trancar em algum tipo de academicismo
desta arquitetura moderna, como mostra a influência crescente, e por vezes tardia, que este movimento começou a ter em
diferentes países europeus, como a Suíça, a Alemanha, os Países-Baixos ou mesmo a Espanha e a Itália. Um academicismo
que, além disso, resultou, alguns anos mais tarde, no Estilo Internacional, que foi fortemente rejeitado em seguida.
Para Le Corbusier, se imporia sempre a necessidade do olhar para o futuro; de um falar distinto, diferente das palavras da tribo.
Então, no começo dos anos 30, os caminhos da pesquisa conduzida por Le Corbusier tomaram uma nova direção, dando
prioridade a uma redescoberta dos folclores e das formas tradicionais de construção e habitação. À precisão maquinal da vila
Savoye se sucedeu um retorno ao “natural“, com toda uma série de projetos, como a casa Errazuris (1930), ou de obras
como a casa de Mandrot (1930), a casa Mathes (1935) ou a villa Henfel (1935), que todos exaltaram como retorno aos
valores arcaicos e fundamentais de uma arquitetura vernacular para a qual Le Corbusier retornou nos anos 1945–1965, seja
em seus projetos para o sul da França ou em seus projetos indianos.
Todavia, esta nova linha de pesquisa não fez com que Le Corbusier abandonasse os fundamentos do urbanismo ou da
arquitetura moderna para retornar a uma visão nostálgica qualquer. Tratou-se, na realidade, de conjugar o que a tradição
possui de mais perene e de mais imutável com as necessidades dos modos de vida modernos, e isto por meio de uma síntese
de superação. E foi precisamente o projeto da Unidade de Habitação de Marselha que inaugurou essa síntese.
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Uma nova estética
Com essa realização, que permaneceu na história da arquitetura mundial do século XX como um ponto de referência
frequentemente imitado mas jamais ultrapassado, Le Corbusier seguiu inovando em diferentes campos simultaneamente.
Primeiramente, no plano urbano, para o qual ele propôs a implementação de uma nova ferramenta para o urbanismo: uma
nova concepção de unidade que concentrou, em sua essência, a moradia e os serviços de conveniência próximos. Uma
proposta particularmente esperada em pleno período de reconstrução e de renovação urbana e que teve de encarar as novas
exigências de densidade. Uma época confrontada também pela emergência de novos modos de vida, como o desenvolvimento
do automóvel, da civilização do entretenimento ou mesmo do desenvolvimento do trabalho das mulheres, o que induziu novas
exigências e demandou novas funcionalidades no campo habitacional.
Em seguida, no plano arquitetônico, com a afirmação desta arquitetura de uma monumentalidade doméstica totalmente
inusitada até o momento na França. A questão da moradia e sua representação no âmbito da arquitetura foi elevada, aqui, ao
nível de monumento, destacando claramente uma vontade política de inovação em um domínio, o da arquitetura, que toca o
cidadão no mais intimo de sua vida cotidiana.
Por fim, no plano estético, com o que a crítica, jamais à custa de imagens, para grande satisfação de Le Corbusier, chamou
de “brutalista”. Uma nova estética que acompanhou a última parte da obra do arquiteto, projeto após projeto, edifício após
edifício, pintura após pintura, desenho após desenho. E foi bem aí, neste “romantismo da feiura“ – como Le Corbusier gostava
de lembrar – que reside a força provocadora, e portanto poética, desta obra hoje.
Para definir enfaticamente a força desta estética brutalista, poderíamos dizer, em síntese, que ela possui como objetivo principal
o rompimento com a estética modernista. Ela operacionaliza e põe em simbiose sistemas de composição que aliam a utilização
de formas racionais e de formas livres. Ela afirma a existência do material na sua natureza mais elementar e reforça o emprego
da cor em combinação com a arquitetura. Ela quer a si mesma como ponto de encontro entre estes dois mundos. Com a
utilização do Modulor, elaborado desde a concepção da Unidade de Habitação de Marselha em 1945 – e que deu continuidade
ao trabalho já realizado sobre traçados reguladores –, Le Corbusier recorreu a procedimentos de composição baseados na
harmonia. Ele usou e abusou da ortogonalidade, do trabalho em cima da forma quadrada, do cubo, aos quais ele opôs uma série
de formas livres “acústicas“ que se inscrevem em complemento à abordagem “clássica“ da composição arquitetônica.
No centro desta nova estética, também é necessário situar o emprego de materiais em estado bruto, como o concreto, o aço,
o vidro, mas igualmente a utilização de novos produtos que apareceram no mercado da construção no início dos anos 50,
como a placa de gesso ou o compensado de madeira.
Com o concreto, Le Corbusier utilizou todas as capacidades técnicas permitidas no emprego deste material para obter novas
expressões formais. Rejeitado nas suas diversas texturas, este material alcançou, graças à virtude do arquiteto, um patamar
raramente alcançado até aquele momento na França – pelo menos no campo da arquitetura, exceto, claro, por Auguste
Perret. Mas, diferentemente de Perret, para quem o concreto representou, na maioria dos casos, somente uma reinterpretação
da construção de pedra, Le Corbusier deu ao concreto uma dimensão plástica radicalmente nova. Com o abandono do
paralelepípedo em benefício da utilização do concreto em sua forma bruta, ele inaugurou uma tendência arquitetônica que se
desenvolveu, inicialmente, na Europa, em seguida, nos países asiáticos e, finalmente, nos Estados Unidos, onde Lois Khan –
grande admirador de Le Corbusier – foi um dos mais dignos representantes.
A propósito das possibilidades de expressão plástica deste material destinado a permanecer aparente, sabemos o quanto
estas são inteiramente dependentes das modalidades de implementação. Para Le Corbusier, quanto mais a implementação era
mal executada, mais ele se sentia dominado pelo seu caráter exagerado. A propósito da rampa do teto-terraço da Unidade
de Habitação de Marselha, ele escreveu: “Faria disto uma beleza por contraste“. Dessa forma, para Le Corbusier, a utilização
do concreto na arquitetura correspondeu, antes de tudo, a uma fantasia de liberdade formal. Ele privilegiou este material por
sua força e pela evidência do seu significado, o que lhe permitiu traduzir, pela sua longevidade, a essência dos programas
em que ele foi chamado para intervir. Assim, sua relação com o savoir-faire local, junto com aquele adquirido nas Índias em
suas últimas obras – um savoir-faire muitas vezes mal dominado – serviu às ambições plásticas de um Le Corbusier em busca
de total liberdade de expressão poética. Este posicionamento de limites com relação à matéria chegou a ser transmitido da
arquitetura para a pintura ou aos outros meios de expressão plástica utilizados durante este mesmo período.
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O sexto ponto da arquitetura moderna
Um último elemento também caracteriza a arquitetura corbusiana dos anos 1945–1965. Trata-se da utilização do quebra-sol.
Desde meados dos anos 30 e após os diversos fracassos das paredes de vidro da Cité du Refuge e do prédio do número 24
da Rua Nugesser et Coli, Le Corbusier havia começado a refletir sobre um sistema de proteção solar para as suas fachadas.
A descoberta do clima rigoroso durante seus numerosos projetos efetuados na Argélia e na América do Sul lhe deu incentivo
para sua pesquisa. E foi exatamente o projeto para a construção do Ministério da Educação no Rio, em 1936, desenvolvido
com Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que inaugurou a invenção do quebra-sol, concebido como uma rede de concreto que
passa em frente às fachadas amplamente vitrificadas.
Com esta inovação, toda a arquitetura de Le Corbusier evoluiu. A uma concepção das fachadas de seus edifícios desnudados,
com projeções de apoio ou parapeitos reduzidos a tamanhos convenientes, como mostra o conjunto de projetos realizados
nos anos 20, Le Corbusier opôs uma concepção de fachada em espessura, princípio que foi retomado para o conjunto de
edifícios do último período.
Consciente da aposta que representava esta descoberta, Le Corbusier não pretendeu, todavia, deixar que surgissem dúvidas
sobre a paternidade desta aqui. Assim, ele se lançou, no terceiro volume da Obra completa, a uma revisão dos detalhes do
caminho que o levaram à invenção deste “sexto ponto da arquitetura moderna“.
Este percurso começou com o projeto da villa Baizeau, em Cartago, no ano de 1929, a propósito do qual ele recordava ter
descoberto este Mediterrâneo cujo clima constroi a arquitetura. Seguiu-se toda a série de projetos concebidos para a Argélia,
nos quais surgiu o quebra-sol em colmeia de abelha. Em seguida, veio o projeto do arranha-céu do bairro da marinha, em 1942,
na cidade de Argel, versão vertical do futuro edifício do Secretariado de Chandigarh, que foi construído aproximadamente 15
anos mais tarde, e que constituiu, deste ponto de vista, a versão monumental finalizada deste sistema de fachada.
O tempo dos ícones
Para Le Corbusier, tomar o poder no imaginário antes de tomá-lo nos fatos foi o combate de toda uma vida. Seja por meio da
escrita, com mais de 30 livros publicados, aos quais se somam as conferências e os artigos, ou por meio das imagens, com
a publicação regular e recorrente de seus principais projetos nas páginas da Obra completa, verdadeiro manual de arquitetura
para arquitetos, verdadeiro sucesso editorial incontestável 40 anos após sua morte; e é assim que Le Corbusier terá estado
em todas as frentes de comunicação. Por meio da polêmica também, não hesitando nunca em deixar de dar à opinião pública
conhecimento de seus insucessos mais dolorosos, assim transformando a derrota em vitória. Quem, exceto os historiadores
da arquitetura, gravou o nome dos arquitetos que construíram, no lugar de Le Corbusier, o Palácio das Nações em Genebra
ou o Palácio dos Sovietes na URSS? Melhor, os prédios como o da ONU, em Nova York, lhe são frequentemente atribuídos
pela opinião pública, sem falar do número de fantásticos bairros habitacionais construídos na França entre os gloriosos anos
1945 a 1974.
Para Le Corbusier, todo projeto era uma aventura, um desafio a ser aceito, um novo caminho a trilhar. Desde o início de sua
carreira, ele perseguiu um único objetivo: inventar uma nova arquitetura. É por esta razão que cada um de seus projetos,
seja de arquitetura ou de urbanismo, deve ter valor icônico. Ícones virtuais, como a casa Dominó, desde 1914, a Planta de
Vizinhança para Paris, em 1925, o Palácio dos Sovietes, em 1930, o Plano Obus para Argel, no mesmo ano, as pranchas da
ville Radieuse, cinco anos mais tarde, em 1935; ou os ícones materiais, como as villas Laroche Jeanneret, em 1923, a Villa
Stein, em 1927, ou a Villa Savoye, em 1930.
Se existem ícones nestes projetos ou edificações, é porque as imagens que eles veiculam revisitam os grandes domínios da
atividade e do pensamento humanos: a questão religiosa, a questão do poder, a questão doméstica. Estas imagens interrogam
o senso comum, elas são rapidamente identificáveis e, pela sua publicação repetidas vezes, ingressaram na memória coletiva.
Além disso, elas expressam fielmente a essência de seu conteúdo e, por isso, serão frequentemente imitadas, do mesmo
modo que são vistas como referência. Elas também têm o objetivo de dar uma forma inesperada a programas até aqui muito
racionalizados e, em suma, convencionais. Elas reinventam, à sua maneira, uma nova convenção ao liberar a arquitetura de
qualquer forma de academicismo.
Entre 1945 e 1965, Le Corbusier produziu uma dezena de ícones que constituem hoje um itinerário de prestígio ao olhar
da arquitetura do século XX.
Primeiramente com a Unidade Habitacional de Marselha, que já foi comentada e que apresenta sua dupla significação urbana
e social. Em seguida, a capela de Ronchamp e o convento de La Tourette, cuja intenção principal, na linha do movimento de
Arte Sacra, foi afirmar a renovação do pensamento religioso ocidental. A capela de Ronchamp, no campo religioso, como
a villa Savoye, no campo das residências, devem ser lidas como um tipo de ícone da pureza, uma jóia no caminho de um
peregrino. Quanto ao convento de La Tourette, é a reinterpretação radical na inventividade de suas formas e de seus espaços,
que alternam sombra e luz, e a pobreza de seu concreto, do ideal cisterciense.
Em seguida, a cabana de Cap Martin, que perpetua a metáfora do retorno à cabana primitiva. Construída no mesmo
período da Unidade Habitacional de Marselha, esta cabana reforça a lenda de um Le Corbusier pouco sociável, que amava
retomar o contato total com a natureza, às margens do Mediterrâneo. Este retiro para a solidão corresponde igualmente
a uma figura de estilo compartilhada por outros criadores, à imagem de escritores como Blaise Cendrars, em sua cabana
de La Redonne, próxima a Marselha, ou de Henri Miller, amigo do anterior, em sua cabana em Big Sur, na Califórnia, às
margens do Pacífico.
Igualmente, o Palácio dos Filateurs, que permite uma liberação quase total destes espaços, apresentando-se como figura
absoluta de uma arquitetura purificada, no limite da escultura monumental, e cuja simplicidade do programa gerou distinção
pela importância do edifício. Concebido como uma esponja, percorre-se este edifício através de um sistema em espiral
com vista para si mesmo, espaço após espaço, na penumbra produzida pela profundidade de seus largos quebra-sóis.
Da mesma forma para a Corte Suprema de Chandigarh, que deve ser vista como a primeira resposta dada por Le Corbusier
ao convite para construir na Índia. Com este projeto monumental, o desafio não foi somente consolidar a instituição judiciária
de uma nova capital, ainda fragilizada pelo caos vivido após a divisão da Índia e do Paquistão alguns anos antes, mas também
inserir a arquitetura indiana na modernidade, sem esquecer as tradições culturais deste grande e múltiplo país, assim como
a consideração dos elementos muito particulares de seu clima.
Ainda no mesmo contexto, o Palácio da Assembleia que, com sua arte de montagem surrealista, é a expressão arquitetônica
da mensagem política desejada por Nehru. Aqui, nenhuma visão nostálgica da monumentalidade, nenhuma expressão de
particularidades religiosas, mas sim uma concepção audaciosa que reforça sua fé nas instituições e no progresso tecnológico
de uma Índia que desperta para o mundo moderno pouco após a sua independência.
Com relação às casas Jaoul, Shodan e Sarabhai, cuja referência pertence a numerosas experiências anteriores – como a vila
em Cartago, a casa Henfel próxima de Paris, o projeto no campo da agricultura para Cherchell na Argélia, o da basílica da Paz
e do Perdão em Saint Baume, nas vizinhanças de Marselha, ou finalmente Roq e Rob, em Cap Martin – elas marcam a vontade
de retorno aos arquétipos e a importância dada por Le Corbusier à questão da casa.
O tempo da memória
Os últimos 20 anos da vida de Le Corbusier oscilaram entre dois mundos divididos por uma intensa atividade profissional e
o tempo para voltar-se para si mesmo, de olhar distanciadamente para este volume de trabalho acumulado durante quase
40 anos de atividade obstinada. Esta introspecção é visível na leitura das obras publicadas neste período. Ela se inscreve em
filigranas no número especial da Point, publicada no âmbito da construção da Unidade Habitacional de Marselha. Ela aparece
também na Obra completa, com a adaptação lógica da evolução de diferentes pesquisas conduzidas por meio de projetos
de arquitetura e urbanismo. Ela se liberta, enfim, com a publicação quase autobiográfica, em 1960, do Ateliê da pesquisa
paciente, que conta a história ilustrada deste itinerário excepcional.
Quanto à criatividade, mantida até o final de sua obra, esta apoiou-se, por um lado, na capacidade de Le Corbusier de
estar sempre em sintonia com a evolução do mundo e na sua capacidade de cercar-se de jovens talentos. Projetos como
o do pavilhão Philips, para a Exposição Universal de Bruxelas, em 1957, do hospital de Veneza, em 1964, do pavilhão de
Zurique e da igreja de Firminy, concluídos após sua morte, mostram uma aptidão surpreendente para a renovação, um modo
espetacular de ressurgimento que a epopeia da construção de Chandigarh não esgotou.
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Ao olhar a arquitetura produzida atualmente, neste início do século XXI, é impressionante constatar o quanto a obra de Le
Corbusier – por sua duração e pela extensão de suas pesquisas formais – ainda é atual, 40 anos após seu desaparecimento.
A maioria das figuras de estilo presentes nos projetos de hoje, quer se trate da mestiçagem das formas, da referência à
estética industrial, do trabalho sobre o monólito, daquele da caixa sob o quebra-sol ou das superfícies reguladas... também
foram experimentados por Le Corbusier. Faltou-lhe somente, e isto em definitivo, a utilização da informática para apreciar as
novas experiências espaciais que este avanço tecnológico permite atualmente no campo da concepção.
Paris, fim da linha...
A lenda gerou muitos comentários sobre o desaparecimento de Le Corbusier nas águas azuis da praia de Cabet, em Cap
Martin. Seu desaparecimento nas profundezas deste Mediterrâneo, reivindicada como terra natal, não deve permitir esquecer
que ele permaneceu um homem de projeto e que, sob este título, ele acreditava ter ainda tempo suficiente para que,
finalmente, a França, seu país de adoção, lhe oferecesse uma oportunidade de consagração.
Em uma correspondência datada de 18 de julho de 1965, ele escreveu, pensando nas suas férias na Cabana de Roquebrune:
“Eu saio de Paris no dia 29 de julho, retorno dia 29 de agosto. Volta à coleira no dia primeiro de setembro.“
Após o fracasso do projeto de Orsay, ele foi novamente solicitado por Paris para construir, em Nanterre, o museu do século
XX. Um museu que reuniria sob um mesmo teto a arquitetura, as artes aplicadas, o cinema, o rádio, a televisão, a música...
Enfim, um programa inteiro de síntese das artes, no qual Le Corbusier pensava há muitos anos. Melhor ainda, este programa
previa, de modo surpreendente, a conexão das artes da comunicação que inaugurou o século XXI.
No começo deste projeto, e por um esboço executado por sua própria mão em 29 de junho, Le Corbusier recebeu sua
reverência. Não antes de ter publicado um último texto intitulado “Nada é transmissível, só o pensamento“, significando aqui,
uma última vez que, antes de ser algo edificado, a arquitetura é, como dizia Alberti – outro grande teórico da arquitetura –
“una cosa mentale“.
Quanto à consagração, esta aconteceria de maneira póstuma, durante os funerais nacionais oferecidos pelo Estado francês
na Corte quadrada do Louvre, com homenagem mundial de seu amigo André Malraux ao “arquiteto que também foi pintor,
escultor e, mais secretamente, poeta“.
Jacques Sbriglio
Arquiteto
Aix-en-Provence, 25 de novembro de 2009
NOTES
(1) in Jean Jenger, Escolha de letras edições Birkhaüser
(2) in Peter Blake, The Master’s Builders Edições MIT
(3) Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna criados em 1928 no castelo de Sarraz perto de Lausanne
(4) Assembléia de Construtores para a Renovação Arquitetônica criada em 1942
(5) Ateliê dos Construtores criado em 1945
(6) In Jean Jenger op.cit.
(7) Ver Jacques Sbriglio, A Unidade de Habitação de Marselha Edições Parenthèses
(8) Os Cinco pontos da Arquitetura Moderna são: os pilotis, a planta livre, a fachada livre, a janela em comprimento,
o teto terraço. Para a ordem de anuncio ver o artigo de W.Oeschlin in Le Corbusier uma enciclopédia Edições do CCI
(9) Citado por Jean Petit in Le Corbusier ele mesmo Edições Rousseau
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Le Corbusier, de Marseille à Brasilia
“Ma chère Charlotte,
Pendant ces dix dernières années, j’ai fait un effort acharné de synthèse et de mise au point doctrinale. J’ai ainsi contre tout
le monde y compris mes amis, maintenu les recherches modernes, et constitué une force technique de travail qui est enfin
mise en place, et qui comporte des administrateurs, des ingénieurs et des architectes, c’est notre atelier de bâtisseurs ATBAT
coopérative de techniciens… J’ai maintenant des commandes considérables qui vont alimenter cet atelier. De plus, j’ai établi le
prototype à peu près définitif d’une Unité d’Habitation de 1500 à 2000 personnes… Enfin j’ai fait accepter la construction de
cette Unité par le Ministre Billoux et le Maire de Marseille.” (1)
Lettre de Le Corbusier à Charlotte Perriand le 02/05/1946
Vers la célébrité
Au moment où Le Corbusier écrit cette lettre pleine de promesses à Charlotte Perriand, pour l’inviter à venir rejoindre son
équipe qui travaille sur le projet de l’Unité d’habitation de Marseille, il ne peut encore imaginer combien le futur proche va lui
donner raison et catapulter ainsi la suite de sa carrière vers les sommets. En effet et en une vingtaine d’années, de la fin de
la seconde guerre mondiale à la disparition de l‘architecte en 1965, l’oeuvre de Le Corbusier va connaître une accélération
inattendue et produire ses chefs d’oeuvre parmi les plus significatifs.
Cette dernière partie de la vie et de l’oeuvre de Le Corbusier ne va pas seulement consacrer, la figure déjà connue du théoricien
de l’Architecture Moderne ou même celle du redoutable polémiste. Elle va plutôt mettre en relief celle du créateur de génie,
capable de réaliser une synthèse entre tous les arts majeurs et d‘inventer une nouvelle écriture architecturale dont la puissance
poétique va classer Le Corbusier dans le camp des grands transgresseurs, au même titre qu‘un Picasso dans le champ de la
peinture. Picasso dont on sait aujourd‘hui combien avec Matisse, Miro et quelques autres, l’oeuvre aura influencé le célèbre
architecte.
La période 1945/1965, qui constitue le corpus de cette exposition, est généralement présentée comme celle de la maturité.
Celle au cours de laquelle Le Corbusier, après une longue traversée du désert, renforcée par la fermeture de l’atelier de la
rue de Sèvres durant la seconde guerre mondiale, accède enfin à des commandes d’envergure. Celles ci vont être à la hauteur
du rôle de premier plan qu’il occupe sur la scène architecturale européenne et même mondiale depuis déjà une quinzaine
d’années. Cette notoriété acquise sur les cinq continents, projet après projet, publication après publication, conférence après
conférence, exposition après exposition, va placer Le Corbusier, dès la fin de la seconde guerre mondiale, dans une position de
héros de l’architecture moderne. Avec sa forte personnalité alliant les qualités de l’intellectuel à celles de l’architecte/artiste,
il occupe désormais une position spécifique, fortement charismatique, qui va le situer à la marge des autres grands maîtres
du Mouvement Moderne que sont Wright, ou Mies Van der Rohe, pour reprendre la classification de Peter Blake (2). Cette
consécration internationale Le Corbusier la doit non seulement à la densité de son oeuvre et à son sens de la communication,
mais également à sa capacité à organiser et à animer des réseaux. C’est en effet grâce à la création des CIAM (3) à laquelle il
avait grandement participé une vingtaine d’années auparavant, puis à celle de l’ASCORAL (4) et enfin à celle de l’ATBAT (5), qu‘il
a pu mettre en place au fil du temps, les structures de réflexion et les plateformes d’actions nécessaires pour faire triompher ses
idées sur l’urbanisme et l’architecture moderne. Et ce, en un moment où les pays d‘Europe vont avoir grandement besoin de
doctrines et de modèles pour se réurbaniser, s’équiper et faire face à la demande importante de logements et d‘équipements
que réclame la reconstruction de leurs villes et de leurs régions dévastées par la guerre.
A l’instar de l’économie américaine qui va s‘investir dans le redressement de l’Europe, c’est un véritable plan Marshall pour
l’urbanisme et pour l’architecture que réclame Le Corbusier dès la fin de la seconde guerre mondiale
Une oeuvre en apothéose
Comme dans la période précédant l‘entre deux guerres, cette oeuvre de la maturité va se développer selon quatre domaines
étroitement liés.
Avec d’abord l’urbanisme et les différentes commandes de projet de reconstruction de villes françaises sinistrées comme Saint
Dié, la Rochelle la Pallice ou Marseille mais également avec des projets menés à l’étranger dans des villes comme Bogota en
Colombie ou Izmir en Turquie. L’ensemble de ces projets, qui ne sera pas réalisé, forme toutefois un cadre théorique exceptionnel
qui indique les avancées de la recherche urbaine corbuséenne durant cette période. En effet, sur le plan des doctrines de
l’urbanisme, ces projets représentent l’expérimentation en vrai grandeur et en site réel des principes élaborés pour la mise en
place de la Ville Radieuse au cours des années trente et codifiés au début des années quarante dans la Charte d‘Athènes.
Mais c’est surtout grâce à la commande de Chandigarh au cours de l’année 1951, que Le Corbusier va pouvoir mettre fin à
cette suite d’échecs et réaliser enfin un rêve entrevu de longue date : créer une ville dans sa totalité à partir d’un terrain vierge,
hypothèse à laquelle il avait travaillé dès 1922 avec le projet d’une Ville Contemporaine de trois millions d’habitants.
Si dans la conception de cette nouvelle ville, Le Corbusier oeuvre d’abord comme urbaniste pour la mise au point du masterplan,
ensuite comme architecte avec la conception et la réalisation de l’ensemble monumental du Capitol, il n’intervient cependant
pas, et à son plus grand regret, dans le domaine du logement. Ici, pas d’Unités d’habitation pour structurer le corps de la ville
comme dans ses projets européens, mais une conception du logement moins révolutionnaire, peut être plus en phase avec les
modes d’habiter des populations de fonctionnaires auxquels sont principalement destinés ces logements. Seuls deux projets, la
maison du péon et le village du gouverneur mobiliseront Le Corbusier à Chandigarh sur cette question.
La réalisation de Chandigarh, qui va se dérouler sur les quinze dernières années de l’activité de l’atelier de Le Corbusier et qui
se poursuit encore aujourd’hui, ne constitue pas cependant le point d’orgue des projets concernant l’urbanisme. Dans le même
temps où il travaille sur le projet de cette nouvelle ville, Le Corbusier étudie également d’autres projets d’urbanisme pour des
villes comme Strasbourg, puis Berlin et enfin Firminy.
Le deuxième domaine d‘activité concerne l’architecture avec un ensemble de projets et/ou réalisations de prestige qui de
Marseille à Chandigarh, en passant par Ronchamp, la Tourette et Venise, pour n’en citer que quelques uns parmi les plus
célèbres, vont permettre à Le Corbusier d’adopter une nouvelle posture architecturale dont la créativité et la singularité vont
conférer à son oeuvre un staut exceptionnel dans le panorama de l’architecture du Xxe siècle.
Le troisième domaine a trait à l’oeuvre plastique qui du dessin et de la peinture, va s’étendre à d’autres territoires comme
la sculpture, la tapisserie, les émaux, la gravure, la fresque, les collages etc.. L’étude de l’univers pictural et graphique de
Le Corbusier produit au cours de ces années là, mériterait à elle seule un article. On se limitera donc ici à souligner les
correspondances établies entre ces différents modes d’expression, au niveau du langage des formes et des couleurs, pour
atteindre l’unité plastique tant recherchée par Le Corbusier. Comment ne pas voir en effet les liens existants entre les peintures,
les dessins et les sculptures de la série Ozon et le travail mené dans le même temps sur les formes de l’Unité d’habitation de
Marseille ? Est-il besoin de souligner de la même manière, les influences qui transitent des peintures de la série des taureaux à
l’architecture monumentale des édifices de Chandigarh, sans parler de l’iconographie religieuse ou cosmique présente sur les
portes en émail de la chapelle de Ronchamp ou du Palais de l’Assemblée da la capitale du Punjab ?
Enfin le quatrième et dernier domaine correspond à l’écriture avec une poursuite du travail doctrinal et théorique mené de
longue date, mais qui dans cette dernière période présente une approche plus personnelle, plus poétique comme l‘illustrent la
publication du Poème de l’angle droit ou d‘autres ouvrages comme Poésie sur Alger.
Mais ce qui va aussi profondément évoluer au cours de ces vingt dernières années, dans l’oeuvre de Le Corbusier, c’est le cadre
idéologique et philosophique de sa pensée. Ainsi aux valeurs de la culture matérielle, comme celle portant sur l’organisation
du travail pour ne prendre que cet exemple, dixit l’appel au taylorisme et au fordisme durant les années trente, va succèder une
approche de la vie plus transcendatale, plus en phase avec la nature, avec le cosmos.
Tout part de Marseille
“Marseille est venue entre temps, provoquer dans ma non chalante promenade un remous et un dressement de flots, en gerbe
étincelante, en épanouissante apostrophe. Marseille ! soit, j’en ai à dire…Marseille, porte d’Orient ! j’ai écrit cette carte à
Auguste Perret. Le Port ! Ce port de Marseille ! et Marseille ? Ville de vie, de toute vie grouillante, - masques, navires, flots,
coquillages et poissons aux écailles de rêve. Ville de forteresses, et ville des peuples. L’Empire (est) règne aux façades du Port
et l’Empire c’est toute l’Europe. L’Hôtel de ville, c’est pour le moins le Grand Roi, et c’est la Chine et Indes. C’est le port des
masques; la mer vue au delà des forteresses, la seconde attique, la Grande Grèce“ (6)
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C’est avec cet enthousiasme là que le jeune Charles Edouard Jeanneret avait découvert Marseille en 1915. Marseille, la
mer, la force de l’architecture militaire dans son site, mais également l’ouverture sur le monde, “la Chine, l’Inde“… mais
encore la beauté cosmopolite de cette ville, une beauté à laquelle sera également sensible plus tard un autre chaudefonnier,
contemporain et ami de Le Corbusier, un autre grand voyageur du nom de Frédéric Sauser dit Blaise Cendrars.
Marseille, une ville dans la France et tellement autre, une ville pleine de cette identité méditerranéenne que ne cessera de
revendiquer d’une manière inlassable le futur Le Corbusier. Une ville en tous cas qui va sceller, quelque trente ans plus tard, sa
rencontre avec un des bâtiments parmi les plus célèbres de l’histoire de l’architecture du vingtième siècle : l’Unité d’habitation
de Grandeur Conforme.
C‘est avec la commande de cette Unité d’habitation de Marseille en 1945, que la carrière de Le Corbusier prend un nouveau
départ. Il l’écrit lui même :“ C’est à cinquante huit ans que me fut passée ma première grande commande et encore pour rire un
peu !“ (7) ajoute-t-il d’un ton légèrement désabusé. Pour autant, cette nouvelle carrière va se révéler, à l’instar de la précédente
tout aussi intense, foisonnante, montrant un Le Corbusier résolu à continuer à occuper tout l’espace du débat portant sur la
ville et sur l’architecture et même plus. Elle va également dans le même temps consacrer dans l’opinion publique, un nouveau
style d’urbanisme et d’architecture auquel la figure de Le Corbusier restera définitivement attachée.
Ce qui apparait d‘évidence lorsque l’on se penche sur la production de cette ultime période, c’est une nouvelle fois son
caractère d‘unité. Comme dans la production de l’entre deux guerres, qu’il s’agisse de celle des années vingt ou de celle
des années trente, la cohérence de pensée et d’action entre l’urbanisme, l’architecture et l’oeuvre plastique est ici manifeste.
L’évolution mesurable, d’une période à l’autre, loin de se jouer sur le terrain de la rupture, s’établit selon un processus de
recherche qui procède par accumulation d’expérience. Et si la critique a cru percevoir en 1953, dans le projet de la chapelle
de Ronchamp, un tournant radical dans l’oeuvre de Le Corbusier, cette impression ne résiste pas à l’analyse historique de cette
partie de l‘oeuvre.
Si tournant radical il y a dans l’oeuvre de Le Corbusier, c’est plutôt au début des années trente qu’il faut aller le chercher.
C’est en effet à la suite du premier voyage effectué en 1929 en Amérique du sud, puis de celui effectué au M’zab en 1931 que
la pensée de Le Corbusier sur l’architecture commence à prendre ses distances avec l’esthétique de la machine ou du produit
industriel, comprise jusque là comme centre de gravité de toute l’esthétique puriste. Et sa référence à l’architecture arabe et
à l’art de la déambulation, pour justifier le parcours autorisé par la rampe intérieure de la villa Savoye (1928/1931), va déjà
dans ce sens. A la fin des années vingt, Le Corbusier considère en effet que tout a été déjà dit sur l’architecture du lisse, le
refus du décor, celui de la matière élevée à son plus grand degré d’abstraction. Et même s’il a été un des pères fondateurs de
cette nouvelle architecture, un de ses principaux codificateurs en énonçant, notamment en 1927, la théorie des fameux Cinq
points (8), il n’entend plus à partir de ce moment là se laisser enfermer dans une sorte d‘académisme de cette architecture
moderne, comme le montre l’influence grandissante et parfois tardive que ce mouvement commence à avoir dans différents
pays européens comme la Suisse, l’Allemagne, les Pays Bas ou même l’Espagne et l‘Italie. Un académisme qui d’ailleurs
aboutira quelques années plus tard, au Style International qui sera puissamment rejeté par la suite.
Pour Le Corbusier toujours s’imposera la nécessité du regard d’avance, celle d’énoncer une parole autre, différente des mots
de la tribu.
C’est donc au début des années trente que les voies de la recherche menée par Le Corbusier vont prendre une nouvelle
direction et ce en donnant la priorité à une redécouverte des folklores et des modes traditionnels de construction et d’habitat.
A à la précision “machinique“ de la villa Savoye va succéder une retour au “naturel“ avec toute une série de projets comme
la maison Errazuris (1930), ou de réalisations comme la maison de Mandrot (1930), la maison aux Mathes (1935) ou la villa
Henfel (1935) qui tous exalteront ce retour aux valeurs archaïsantes et fondamentales d’une architecture vernaculaire sur
laquelle Le Corbusier reviendra dans les années 1945/1965, que ce soit dans ses projets pour le sud de la France ou dans
ses projets indiens.
Toutefois cette nouvelle voie de recherche ne voit pas Le Corbusier abandonner les fondements de l’urbanisme et de
l’architecture moderne pour retourner à une quelconque vision passéiste. Il s’agit plutôt de conjuguer désormais ce que la
tradition possède en elle de plus pérenne et de plus immuable avec les nécessités des modes de vie modernes et ce dans
une forme de synthèse dépassement. Et c’est précisement le projet de l’Unité d’habitation de Marseille , qui va inaugurer
cette synthèse.
Une nouvelle esthétique
Avec cette réalisation, qui va rester pour l’histoire mondiale de l’architecture du vingtième siècle comme un point de référence
jamais dépassé, souvent imité, Le Corbusier innove sur plusieurs terrains à la fois.
D’abord sur le plan urbain, pour lequel il propose la mise en place d’un nouvel outil pour l‘urbanisme, une nouvelle conception
de l’ilôt concentrant dans son essence le logement et ses équipements de proximité. Proposition particulièrement attendue
en pleine période de reconstruction et de renouvellement urbain et qui doit faire face à de nouvelles exigences de densité.
Une époque aussi confrontée à l‘émergence de nouveaux mode de vie, comme le développement de l’automobile, celui de la
civilisation des loisirs ou même le développement du travail des femmes, qui vont induire de nouvelles exigences et appeler de
nouvelles fonctionnalités dans le cadre de l‘habitat.
Ensuite sur le plan architectural, avec l’affirmation dans ce bâtiment d’une monumentalité domestique tout à fait inusitée jusquelà en France. La question du logement et sa représentation dans l’espace de l’architecture est hissée ici au rang du monument,
pour marquer avec éclat une volonté politique d’innovation dans un domaine, celui de l’habitat, qui touche le citoyen au plus
près de sa vie quotidienne.
Enfin sur le plan esthétique, avec ce que la critique, jamais à court d’images, et pour le plus grand plaisir de Le Corbusier,
nommera “brutaliste“. Une nouvelle esthétique qui va accompagner la dernière partie de l’oeuvre de l’architecte, projet après
projet, bâtiment après bâtiment, peinture après peinture, dessin après dessin. Et c’est d’ailleurs là dans ce “romantisme du mal
foutu“ comme aimait à le rappeler Le Corbusier, que réside la force provocatrice donc poétique de cette oeuvre aujourd’hui.
A définir à grands traits les ressorts de cette esthétique brutaliste, on pourrait dire en allant vite qu’elle a d’abord comme
visée principale de rompre avec l’esthétique moderniste. Elle met en oeuvre et en symbiose des systèmes de composition qui
allient l’emploi de formes rationnelles et de formes libres. Elle affirme l’existence du matériau dans sa nature la plus élémentaire
et confirme l‘emploi de la couleur en contrepoint de l’architecture. Elle se veut point de rencontre entre travail industriel et
travail artisanal et puise ses références formelles à la rencontre de ces deux mondes. Avec l’emploi du Modulor, mis au point
dès la conception de l’Unité d’habitation de Marseille en 1945 et qui poursuit le travail déjà mené sur les tracés régulateurs,
Le Corbusier a recours à des procédés de composition basés sur l’harmonie. Il use et abuse de l’hortogonalité, du travail sur
le carré, sur le cube, auxquels il oppose une série de formes libres “acoustiques“ qui s’inscrivent en complémentarité d‘une
approche somme toute “classique“ de la composition architecturale.
Au centre de cette esthétique nouvelle il faut également situer l’emploi de matériaux bruts comme le béton, l’acier, le verre mais
aussi l‘emploi de nouveaux produits qui apparaissent sur le marché de la construction au début des années cinquante, comme
la plaque de plâtre ou le contreplaqué de bois.
Avec le béton, Le Corbusier va utiliser toutes les capacités techniques permises par l‘emploi de ce matériau pour obtenir de
nouvelles expressions formelles. Décliné dans ses différentes textures, celui-ci acquiert grâce à la virtuosité de l’architecte,
un niveau rarement atteint jusque là en France, au moins dans le domaine de l’architecture, excepté bien sûr par Auguste
Perret. Mais à la différence de ce dernier, pour lequel le béton ne représentera le plus souvent qu’une réinterprétation de la
construction en pierre, Le Corbusier va donner au béton une dimension plastique radicalement nouvelle. Avec l’abandon du
parement au bénéfice de l’emploi du béton laissé brut, il va inaugurer une tendance architecturale qui va se développer d’abord
en Europe, puis dans les pays asiatiques et enfin aux Etats-Unis dont Louis Khan, grand admirateur de Le Corbusier, sera un
des plus dignes représentants.
Concernant les possibilités d’expression plastique de ce matériau destiné à rester apparent, on sait combien celles-ci ci sont
entièrement dépendantes des modalités de sa mise en oeuvre. Pour Le Corbusier, plus cette mise en oeuvre est mal exécutée,
plus celle ci le subjugue de par son caractère outrancier. Il écrit à propos de la rampe du toit terrasse de l’Unité d’habitation de
Marseille, dont le coffrage a été particulièrement râté: “ J’en ferai une beauté par contraste“. Ainsi pour Le Corbusier, l‘emploi
du béton dans l‘architecture correspond avant tout à un fantasme de liberté formelle. Il privilégie ce matériau pour la force et
l‘évidence de sa signification qui lui permettent de traduire dans la durée l’essence des programmes sur lesquels il est appelé à
intervenir. De ce dernier point de vue, sa relation au savoir faire local, en l’occurrence celui de l’Inde pour les dernières oeuvres,
un savoir-faire souvent mal maîtrisé, va servir les ambitions plastiques d’un Le Corbusier à la recherche d’une totale liberté
d’expression poétique. Ce positionnement aux limites, par rapport à la matière, transfuse d’ailleurs de l’architecture vers la
peinture ou les autres moyens d’expression plastique utilisés au cours de cette même période.
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Le sixième point de l’architecture moderne
Un dernier élément caractérise également l’architecture corbuséenne des années 45/65. Il s’agit de l’emploi du brise- soleil.
C’est dès le milieu des années trente et suite aux différents échecs des pans de verre de la Cité du Refuge et de l’immeuble du
numéro 24 de la rue Nungesser et Coli que Le Corbusier avait commencé à réfléchir à un système de protection solaire passive
de ses façades. La découverte des rigueurs du climat lors de ses nombreux projets effectués au cours de ces années là pour
l’Algérie comme pour l’Amérique du sud, l’avait d’ailleurs conforté dans cette recherche. Et c’est vraisemblablement le projet
pour la construction du Ministère de l’Education à Rio en 1936, développé avec Lucio Costa et Oscar Niemeyer, qui va inaugurer
l’invention du brise- soleil conçu comme une résille de béton passant au devant de façades largement vitrées.
Avec cette innovation, c’est toute l’architecture de Le Corbusier qui va désormais évoluer. A une conception des façades de
ses bâtiments aux nus zéro, comportant des saillies d’appuis ou de corniche réduites à la portion congrue, comme le montre
l’ensemble des projets réalisés dans les années vingt, Le Corbusier oppose désormais une conception de la façade toute en
épaisseur, principe qui sera repris pour l‘ensemble des bâtiments de la dernière période.
Conscient de l’enjeu de cette découverte, Le Corbusier n’entend pas toutefois laisser planer de doute sur la paternité de celle-ci.
C’est ainsi qu‘il se lance, dans le volume trois de l’Oeuvre complète à une revue de détail du parcours l’ayant amené à inventer
ce “sixième point de l’architecture moderne“.
Ce parcours commence avec le projet de la villa Baizeau à Carthage en 1929, à propos de laquelle il rappelle avoir découvert
cette méditerranée dont le climat construit l’architecture. Suit toute la série des projets conçus pour l’Algérie, dans lesquels le
brise-soleil en nid d’abeille fait son apparition . Vient ensuite le projet du gratte-ciel du quartier de la marine en 1942 à Alger,
version verticale du futur bâtiment du Secrétariat de Chandigarh qui sera construit une quinzaine d’années plus tard et qui
constitue de ce point de vue la version monumentale finalisée de ce système de façade.
Le temps des icônes
Pour Le Corbusier, prendre le pouvoir dans les imaginations avant de le prendre dans les faits, a été le combat de toute une
vie. Que ce soit par la plume avec plus d’une trentaine de livres publiés, auxquels il faut ajouter les conférences, les articles,
ou par les images avec la publication régulière et récurrente de ses principaux projets dans les pages de l’Oeuvre Complète,
véritable manuel d’architecture pour les architectes, véritable succès éditorial qui ne se dément pas quelque quarante années
après sa mort, c’est ainsi que Le Corbusier aura été sur tous les fronts de la communication. Par la polémique aussi, n’hésitant
jamais à faire connaître à l’opinion publique ses échecs les plus cuisants, transformant ainsi la défaite en victoire. Qui, hormis
les historiens de l’architecture, a retenu le nom des architectes qui ont construit à la place de Le Corbusier, le Palais des Nations
à Genève ou le Palais des Soviets en URSS ? Mieux, des bâtiments comme celui de l’ONU à New York lui sont régulièrement
attribués par l’opinion publique, sans parler du cas de nombreux quartiers de logement fantasmatiques construits en France
durant les trente glorieuses.
Pour Le Corbusier tout projet est une aventure, un défi à relever, une voie nouvelle à tracer. Dès le début de sa carrière il ne
poursuit qu’un seul objectif : inventer une nouvelle architecture. C’est ainsi que chacun de ses projets, qu’il s’agisse d’urbanisme
ou d’architecture , doit avoir valeur d’icone. Icones virtuelles comme la maison Domino dès 1914, le Plan Voisin pour Paris en
1925, le Palais des Soviets en 1930, le plan Obus pour Alger la même année, les planches de la Ville Radieuse cinq ans plus tard
en 1935 ou icones matérielles comme les villas Laroche Jeanneret en 1923, la villa Stein en 1927 ou la villa Savoye en 1930.
Si icones il y a à propos de ces projets ou de ces bâtiments , c’est parce que les images qu‘ils véhiculent renvoient à des grands
domaines de l’activité et de la pensée humaine : la question religieuse, la question du pouvoir, la question domestique. Ces
images interrogent le sens commun, elles sont rapidement identifiables et de par la répétition de leur publication entrent dans
la mémoire collective. En outre elles expriment au plus près l’essence de leur contenu et de ce fait vont être largement imitées,
tant elles font référence. Elles ont également pour but de donner une forme inattendue à des programmes jusque là très codifiés
et somme toute conventionnels. Elles réinventent à leur manière une nouvelle convention tout en libérant l’architecture de toute
forme d‘académisme.
Entre 1945 et 1965 Le Corbusier va produire une dizaine d‘icones qui constitue aujourd’hui un itinéraire prestigieux au regard
de l’architecture du XXe siècle.
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Avec d’abord l‘Unité d’habitation de Marseille dont il a déjà été question et qui affiche sa double signification urbaine et sociale.
Ensuite la chapelle de Ronchamp et le couvent de la Tourette dont les visées principales, dans la ligne du mouvement de l’Art
sacré, sont d’affirmer le renouveau de la pensée religieuse occidentale. La chapelle de Ronchamp dans le domaine religieux,
comme la Villa Savoye dans le domaine de la résidence, est à lire comme une sorte d’icone de la pureté, un joyau sur le parcours
d‘un pélerinage. Quant au couvent de la Tourette, c’est la réinterprétation radicale dans l’inventivité de ses formes et de ses
espaces alternant entre l’ombre et la lumière, et la pauvreté de ses bétons, de l‘idéal cistercien.
Ensuite le cabanon de Cap Martin qui perpétue la métaphore du retour à la cabane primitive. Construit à la même époque que
l’Unité d’habitation de Marseille, ce cabanon renforce la légende d’un Le Corbusier peu sociable qui aime retrouver le contact
total avec la nature, au bord de la méditerranée. Cette retraite du solitaire correspond également à une figure de style partagée
par d’autres créateurs, à l’image d’écrivains comme Blaise Cendrars dans son cabanon de la Redonne près de Marseille ou de
Henri Miller ami du précédent, dans sa cabane de Big Sur en Californie, au bord du Pacifique.
Egalement le Palais des Filateurs qui se présente comme figure absolue d’une architecture épurée, à la limite de la sculpture
monumentale et dont la minceur du programme eu égard à l’importance du bâtiment, permet une libération quasi totale de
ses espaces. Conçu comme une éponge, ce bâtiment se parcourt selon un système en spirale se donnant à voir sur lui même,
espace après espace, dans la pénombre produite par la profondeur de ses larges brises soleil.
Egalement aussi la Haute Cour de Justice de Chandigarh, qu’il faut saisir comme la première réponse donné par Le Corbusier à
l’invitation qui lui est faîte de venir bâtir en Inde. Avec ce projet monumental, le défi à relever est autant d’affirmer l’institution
judiciaire d’une nouvelle capitale encore fragilisée par le chaos qui a suivi la partition de l’Inde et du Pakistan quelques années
auparavant, que de faire basculer l’architecture indienne dans la modernité, sans oublier les traditions culturelles de ce grand
pays multiple et la prise en compte des éléments très particuliers de son climat.
Dans la même veine, le Palais de l’Assemblée, avec son art du montage suréaliste se veut l’expression architecturale du message
politique voulu par Nehru. Ici pas de vision passéiste de la monumentalité, pas d’expression de particularismes religieux, mais
une conception audacieuse qui affirme sa foi dans les institutions et le progrés technologique d’une Inde en train de s’éveiller
au monde moderne peu de temps après son indépendance.
Quant aux maisons Jaoul, Shodan et Sarabhai, dont le référentiel appartient à de nombreuses expériences antérieures, comme
la villa à Carthage, la maison Henfel près de Paris, le projet de domaine agricole pour Cherchell en Algérie ou encore celui de
la basilique de la Paix et du Pardon à la Sainte Baume près de Marseille ou enfin Roq et Rob à Cap Martin etc… elles marquent
tout autant la volonté du retour aux archétypes que l’importance donnée par Le Corbusier à la question de la maison.
Le temps de la mémoire
Ces vingt dernières années de la vie de Le Corbusier vont osciller entre deux mondes partagés entre une très forte
activité professionnelle et le temps du retour sur soi, du regard porté avec distance sur cette somme de travail accumulé
durant près de quarante années de travail acharné. Cette introspection est visible à la lecture des ouvrages publiés au
cours de ces années là. Elle s’inscrit en filigrane dans le numéro spécial du Point publié à l’occasion de la construction de
l’Unité d’habitation de Marseille. Elle apparaît également dans l‘Oeuvre Complète avec la mise en concordance logique de
l‘évolution des différentes recherches menées à travers les projets d’urbanisme et d’architecture. Elle se livre enfin avec
la publication quasi autobiographique en 1960 de l’Atelier de la Recherche Patiente qui retrace l’histoire imagée de cet
itinéraire exceptionnel.
Quant à la créativité entretenue jusqu’au bout de l’oeuvre , celle-ci repose d’une part sur la capacité de Le Corbusier d’être
toujours à l’affut de l’évolution du monde et d’autre part de sa capacité à s’entourer de jeunes talents. Des projets comme celui
du pavillon Philips pour l’Exposition Universelle de Bruxelles en 1957 ou celui de l’hopital de Venise en 1964 et du pavillon
de Zurich, comme celui de l’église de Firminy terminés post-mortem, montrent une aptitude étonnante au renouvellement,
une manière spectaculaire de rebondissement que n’aura pas épuisée l’épopée de la construction de Chandigarh.
A regarder l’architecture qui se produit aujourd’hui, en ce début de XXI eme siècle, il est frappant de constater combien l’oeuvre
de Le Corbusier de par sa durée et l’étendue de ses recherches formelles reste encore d’actualité, une quarantaine d’années
après sa disparition.
La plupart des figures de style, qui peuplent les projets aujourd’hui, qu’il s’agise du métissage des formes, de la référence
à l’esthétique industrielle, du travail sur le monolithe, de la boîte sous le parasol, celui sur les surfaces réglées… ont
été également expérimentées par Le Corbusier. Seule, en définitive, l’utilisation de l’informatique lui aura manqué pour
essayer de mener les nouvelles expériences spatiales que cette avancée technologique autorise aujourd’hui dans le
domaine de la conception .
Paris, fin de partie…
La légende a beaucoup glosé sur la disparition de Le Corbusier dans les eaux bleus foncées de la plage de Cabet à Cap
Martin. Sa disparition dans la profondeur de cette Méditerranée, revendiquée comme terre matricielle, ne doit pas faire
oublier qu’il reste jusqu’au bout un homme de projet et qu’à ce titre, il pense avoir encore assez de temps devant lui pour
qu’enfin la France, son pays d’adoption, lui offre l’occasion d’une consécration.
Dans un courrier daté du 18 juillet 1965, il écrit dans la perspective de ses vacances au Cabanon de Roquebrune :“Je
quitte Paris le 29 juillet, retour le 29 août. Licol à nouveau le premier septembre.“(9)
Après l’échec du projet d’Orsay, il est en effet à nouveau sollicité par Paris pour construire à Nanterre le musée du
XXeme siècle. Un musée qui aurait réuni sous un même toît, l’architecture, les arts appliqués, le cinéma, la radio, la
télévision, la musique…Bref tout un programme de mise en synthèse des arts, auquel Le Corbusier pensait depuis déjà
de nombreuses années. Mieux, ce programme préfigure d’une manière surprenante la mise en réseaux des arts de la
communication que va inaugurer le XXIe siècle.
C’est sur l’esquisse de ce projet que, par un croquis de sa main exécuté le 29 juin , Le Corbusier tire sa révérence non
sans avoir publié un dernier texte intitulé “Rien n’est transmissible que la pensée“ signifiant par là une dernière fois
que l’architecture avant d’être chose bâtie est comme le disait Alberti, autre grand théoricien de l’architecture, “una
cosa mentale“.
Quand à la consécration, elle interviendra de manière posthume, au moment des obsèques nationales offertes par l’Etat
français dans la Cour carrée du Louvre, avec l‘hommage mondial rendu par l’ami André Malraux à“ l’architecte qui fut
également peintre, sculpteur et plus secrètement poête“.
Jacques Sbriglio
Architecte
Aix-en-Provence, le 25 novembre 2009
NOTES
(1) in Jean jenger, Choix de lettres editions Birkhaüser
(2) in Peter Blake, The Master’s Builders Edition MIT
(3) Congrès Internationaux d’Architecture Moderne créés en 1928 au château de la Sarraz près de Lausanne
(4) Assemblée de Constructeurs pour la Rénovation Architecturale créée en 1942
(5) Atelier des Bâtisseurs créé en 1945
(6) In jean Jenger op.cit.
(7) Voir Jacques Sbriglio,L’Unité d’Habitation de Marseille Editions Parenthèses
(8) Les Cinq points de l’Architecture Moderne sont : le pilotis, le plan libre, la façade libre, la fenêtre en longueur,
le toît terrasse. Pour l’ordre d’énonciation voir l’article de W.Oeschlin in Le Corbusier u ne encyclopédie Editions du CCI
(9) Cité par Jean Petit in Le Corbusier lui-même Editions Rousseau
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Introdução
41
INTRODUCTION
Le Corbusier e o Brasil
43
Le Corbusier et le Brésil
A Obra de Arquitetura 77
L’œuvre architecturale
A Obra Plástica
145
L’œuvre plastique
desenhos / Dessins
LITOGRAVURAS / Lithographies
colagens / Papiers collés
pinturas / Peintures
esculturas / Sculptures
TAPEÇARIA / Tapisseries
Biog rafia
BIOGRAPHIE
177
40
Introdução
As obras apresentadas nesta exposição – com exceção dos projetos “brasileiros” – foram produzidas
por Le Corbusier durante os 20 últimos anos de sua carreira, entre 1945 e 1965, sejam elas plantas de
arquitetura, pinturas, esculturas, tapeçarias, desenhos ou litografias. Estas constituem uma amostra muito
representativa da especificidade dessa carreira, levada adiante por mais de meio século em todos os
campos da expressão artística.
No que tange à arquitetura, obras-primas, como a Unidade Habitacional de Marselha, os palácios de
Chandigarh, as residências de Ahmedabad, a Capela de Ronchamp, Convento de La Tourette e o projeto
para o hospital de Veneza, constituem os pontos-chave desta exposição, no sentido de que a universalidade
dessas realizações ou desses projetos marcaria de forma definitiva o urbanismo e a arquitetura do século
XX em nível mundial.
Com relação às obras plásticas, as peças apresentadas evocam as viagens ou os universos hedonista
e mitológico do Mediterrâneo, tão querido por Le Corbusier. Principalmente a série dos Touros, tema
compartilhado por outros artistas durante o mesmo período e, ao dizer isto, penso particularmente em
Picasso. O mesmo Picasso que Le Corbusier convidou, aliás, para uma visita ao canteiro de obras da
Unidade Habitacional de Marselha, no começo dos anos 50.
Introduction
Les œuvres présentées dans cette exposition, excepté les projets « brésiliens », qu’il s’agisse de
plans d’architecture, de peintures, de sculptures, de tapisseries, de dessins ou de lithographies, ont
été produites par Le Corbusier, au cours des vingt dernières années de sa carrière, entre 1945 et
1965. Elles constituent un échantillon très représentatif de la spécificité de cette carrière, menée
pendant plus d’un demi-siècle, sur tous les fronts de l’expression artistique.
Concernant l’architecture, les chefs d’œuvre comme, l’Unité d’habitation de Marseille, les palais de
Chandigarh, les résidences d’Ahmedabad, la chapelle de Ronchamp, le couvent de la Tourette, le
projet pour l’hôpital de Venise… constituent les points clefs de cette exposition en ce sens que
l’universalité de ces réalisations ou de ces projets, aura marqué d’une manière incontournable
l’urbanisme et l’architecture du XXe siècle au niveau mondial.
Côté œuvre plastique, les pièces présentées évoquent les voyages ou les univers hédoniste et
mythologique de la Méditerranée, chère à Le Corbusier, notamment la série des « Taureaux », thème
partagé par d’autres artistes au cours de la même période, je pense en particulier à Picasso. Le
même Picasso que Le Corbusier invitera d’ailleurs, à visiter le chantier de l’Unité d’habitation de
Marseille, au début des années cinquante.
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Le Corbusier e o Brasil
Le Corbusier et le Brésil
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Croqui de viag em, Rio de Janeiro, Brasil, 1929
Croquis de voyage, rio de janeiro, Brésil, 1929
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“Que o Rio experimente esse desafio: manter-se em pé de
igualdade, no que se refere à arquitetura, à sua paisagem, e de
forma alguma se retraia por trás dela, do modo como expressava
de maneira tão crua o meu amigo Cendrars: ‘Seja lá o que façam
com o pequeno urbanismo deles, a paisagem o esmagará’. Acho
que, por uma elevação magnífica do espírito, o homem pode,
aqui, mais uma vez, realizar o que fez a Grécia na Acrópole,
e Roma sobre as sete colinas: apossar-se da paisagem pela
arquitetura certa.”
Le Corbusier
De 1929, data de sua primeira viagem, a 1960, ou seja, durante
aproximadamente 30 anos, Le Corbusier teceu uma história de
paixão pelo Brasil. Essa história se desenrolou durante várias
estadias, numerosos encontros e diversas colaborações entre
arquitetos brasileiros e franceses.
Como explicado por Yannis Tsiomis: “Ao final da Primeira Guerra
Mundial, um grande número de homens da literatura e artistas
brasileiros, sobretudo de São Paulo, foi residir em Paris. Entre
eles, o jornalista e escritor de romances Oswald de Andrade, o
poeta Serge Milliet, os pintores Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral,
Vicente do Rego Monteiro, o músico Heitor Villa-Lobos, o escultor
Victor Brecheret, o pianista Souza Lima... Todos esses artistas
foram levados ao encontro de Fernand Léger, Pablo Picasso, Jean
Cocteau, Constantin Brancusi, Jules Romains e… Le Corbusier, de
quem Cavalcanti faria um esboço do retrato, em 1923.”
E adicionou: “Um mecenas apoia esses artistas, o mesmo que
facilitou a primeira viagem de Le Corbusier ao Brasil: o empresário
Paulo Prado”.
Inclusive, foi Fernand Léger que, ao tomar conhecimento de um
projeto de construção de uma nova cidade no Planalto Central –
denominada provisoriamente Planaltina e que se tornaria, quatro
anos mais tarde, Brasília – organizou um jantar, em Paris, no qual
Paulo Prado e Le Corbusier se encontraram.
Em 1926, Le Corbusier chegou aos seus 39 anos carregando uma
sólida reputação internacional de arquiteto e teórico-urbanista. Suas
obras, traduzidas em muitas línguas, eram conhecidas pelos jovens
arquitetos da vanguarda e, particularmente, no que concerne ao
Brasil, por estudantes ou jovens arquitetos, como Oscar Niemeyer
e, sobretudo, Lucio Costa, um grande fã de Le Corbusier.
Exatamente essa notoriedade conduziu Le Corbusier à América
do Sul pela primeira vez, em 1929, onde ele fez uma série de
conferências, principalmente em Montevidéu e em Buenos Aires,
mas também no Rio de Janeiro e em São Paulo. Durante esta
primeira viagem – em que ele foi seduzido pelo caráter pitoresco e
majestoso da baía de Guanabara – que ele inventou uma nova figura
urbana, associando o urbanismo, a arquitetura e a paisagem. Tratase do “edifício viaduto”, como o conjunto residencial Pedregulho,
de Affonso Eduardo Reydi (1947), que leva hoje seus traços.
Le Corbusier descreveu seu projeto da seguinte maneira: “No
avião, desenhei para o Rio de Janeiro uma imensa autoestrada,
ligando a meia altura os dedos dos vários cabos abertos para o
mar, de forma a unir rapidamente a cidade às florestas virgens e
elevadas sobre as planícies salubres. Essa autoestrada se divide
em várias ramificações que ligam o Pão de Açúcar, as baías
Vermelha e Botafogo, Glória, Santa Teresa, o Porto e, enfim, ao
longe, tomam a direção de São Paulo.” E complementou: “Nada
impediria que, do teto dos arranha-céus da cidade comercial, a
autoestrada continuasse por cima do golfo através de uma ponte
larga, porém leve, e chegasse às colinas de Niterói, de frente
para o Rio.”
Observa-se, por esta descrição, a comoção sentida por Le
Corbusier ao ver a baía de Guanabara. E essa emoção inspirou um
de seus projetos urbanísticos mais espetaculares: Obus para Argel,
desenhado no ano seguinte, em 1930.
Em 1936, sete anos mais tarde, Le Corbusier foi novamente
convidado para vir ao Rio com o objetivo de proferir um conjunto
de seis conferências no Instituto Nacional de Música. Durante
essa mesma viagem, que durou um mês, Le Corbusier interveio,
a pedido do Ministro Capanema, nos projetos de construção
da Cidade Universitária (CUB) e do Ministério da Educação e
da Saúde (MES), dos quais alguns desenhos são apresentados
nesta exposição.
Igualmente nesta ocasião foram tecidos os laços entre Le Corbusier
e a nova geração de arquitetos brasileiros, representada – entre
outros – por Lucio Costa, a quem se juntaram Oscar Niemeyer,
Reidy, Burle Marx... Juntos, eles realizaram o projeto do Ministério
da Educação e da Saúde, considerado atualmente a primeira
manifestação da arquitetura moderna brasileira.
Nos anos que se seguiram a essas duas primeiras viagens,
Le Corbusier voltou frequentemente ao Brasil, assim como
testemunha sua carta de despedida de 1960, endereçada “aos
seus amigos brasileiros”. Amigos com que ele cruzaria novamente
em outras circunstâncias, como na construção da ONU em Nova
York (1947), da Unesco (1951–1958) ou do Pavilhão do Brasil
(1953–1959) em Paris.
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“Que Rio tente cette gageure: tenir tête, par l’architecture, à
son paysage et non pas se retrancher derrière ce qu’exprimait
si crûment mon ami Cendrars: ‘Quoi qu’ils fassent avec leur
petit urbanisme, le paysage les écrasera.’ Je pense que
par une élévation magnifique de l’esprit, l’homme peut ici
encore une fois, réaliser ce que la Grèce a fait à l’Acropole,
et Rome sur les sept collines: empoigner le paysage par la
juste architecture.”
Le Corbusier
De 1929, date de son premier voyage, à 1960 , en fait pendant
une trentaine d’années, Le Corbusier va tisser une histoire
passionnelle avec le Brésil. Cette histoire va se nouer au cours de
nombreux séjours et de nombreuses rencontres et de diverses
collaborations entre architectes brésiliens et français.
Comme l’explique Yannis Tsiomis: “A la fin de la Première Guerre
mondiale, un nombre important d’artistes et d’hommes de lettres
brésiliens, surtout de São Paulo, s’installent à Paris: comme
le journaliste romancier Oswald de Andrade, le poète Serge
Milliet, les peintres Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Vicente
do Rego Monteiro, le musicien Heitor Villa-Lobos, le sculpteur
Victor Brecheret, le pianiste Souza Lima…Tous ces artistes vont
être amenés à rencontrer: Fernand Léger, Pablo Picasso, Jean
Cocteau, Constantin Brancusi, Jules Romains et…Le Corbusier,
dont Cavalcanti esquissera d’ailleurs le portrait en 1923.”
Et d’ajouter: “un mécène soutient ces artistes, le même qui
facilitera le premier voyage de Le Corbusier au Brésil: l’industriel
Paulo Prado”.
Et c’est Fernand Léger, qui ayant eu connaissance d’un projet
de construction d’une nouvelle ville sur le Planalto Central,
dénommée provisoirement Planaltina et qui deviendra trente
quatre ans plus tard, Brasilia, organise un dîner à Paris entre
Paulo Prado et Le Corbusier.
En 1926, Le Corbusier a trente neuf ans, mais déjà derrière lui
une solide réputation internationale d’architecte et d’urbaniste
théoricien. Ses ouvrages, traduits en de nombreuses langues,
sont connus des jeunes architectes de l’avant-garde et en
particulier concernant le Brésil, d’étudiants ou de jeunes
architectes comme Oscar Niemeyer et surtout Lucio Costa qui
est un fan de la première heure.
C’est cette notoriété qui conduit pour la première fois Le
Corbusier en Amérique du sud en 1929, pour y donner une série
de conférences notamment à Montevideo et à Buenos Aires, mais
également à Rio de Janeiro et São Paulo. Et c’est au cours de ce
premier voyage, séduit par le caractère pittoresque et majestueux
à la fois, de la baie de Guanabara, qu’il invente une nouvelle
figure urbaine, associant l’urbanisme, l’architecture et le paysage:
“l’immeuble viaduc”, dont le conjunto residencial de Pedreghulo,
d’Affonso Eduardo Reydi (1947) porte aujourd’hui la trace.
Le Corbusier décrit son projet de la manière suivante: “D’avion,
j’ai dessiné pour Rio de Janeiro, une immense autostrade reliant
à mi-hauteur les doigts des promontoires ouverts sur la mer,
de façon à raccorder rapidement la ville aux hinterlands élevés
des plateaux salubres. Cette autostrade se divise en plusieurs
branches qui relient le Pain de Sucre, les baies Vermelha et
Botafogo, Gloria, Santa Teresa, le Port et enfin, au delà, prennent
la direction de São Paulo”. Et il ajoute: “Rien n’empêcherait
que, du toit des gratte-ciel de la Cité d’affaires, l’autostrade ne
continuât au – dessus du golfe, en une passerelle large mais
légère, et elle aboutirait dans les collines de Niteroy, face à Rio.”
On voit à cette description, la commotion ressentie par Le
Corbusier à la vue de la baie de Guanabara, et qui va lui inspirer
un de ses plus spectaculaire projet d’urbanisme avec celui du
plan Obus pour Alger qui sera dessiné l’année suivante en 1930.
En 1936, sept années plus tard, Le Corbusier est invité de
nouveau à Rio pour donner une série de six conférences à l’Institut
National de Musique et c’est au cours de ce même voyage
durant un séjour d’un mois, que Le Corbusier va intervenir, à la
demande du Ministre Capanema, sur les projets de construction
du Ministère de l’Education et de la Santé (le MES) et de la Cité
Universitaire (la CUB), dont quelques dessins sont présentés
dans cette exposition.
C’est également à cette occasion que les liens vont se tisser
entre Le Corbusier et la nouvelle génération d’architectes
brésiliens représentée entre autres par Lucio Costa qui
sera rejoint par Oscar Niemeyer, Reidy, Burle Marx … et qui,
ensemble, vont réaliser le projet du Ministère de l’Education et
de la Santé, considéré aujourd’hui comme le premier manifeste
de l’architecture moderne brésilienne.
Dans les années qui suivront ces deux premiers voyages, Le
Corbusier reviendra souvent au Brésil, comme en témoigne sa
lettre d’adieux de 1960 adressée à “ses amis du Brésil”, amis
qu’il croisera également sur d’autres théâtres d’opération, comme
ceux de la construction de l’ONU à New York (1947), de l’Unesco
(1951–1958) ou du pavillon du Brésil (1953–1959) à Paris.
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18 de fevereiro de 1946
Ao Senhor Oscar Niemeyer para comunicar aos Senhores Lúcio Costa, Carlos Leone, Reidy, Moreira e outros amigos
Caros amigos,
Retornando de Nova York de avião, eu vi em Londres meu amigo Entwistle que me mostrou o Architect Journal, de 31 de janeiro
de 1946, reproduzindo o arranha-céu de Reidy. É o terceiro que se constrói baseado nos princípios que eu pude destacar no Rio.
Este terceiro arranha-céu é excelente também. Vocês não imaginam o prazer que tenho de ver que em algum lugar do mundo os
princípios que defendo são aplicados de maneira brilhante. É realmente um grande incentivo.
Se eu tivesse mais tempo, eu iria vê-los no Rio, pois o governo me perguntou se eu aceitaria fazer os projetos da Casa FrancoBrasileira no Rio. Eu espero que tudo isto possa acontecer um dia.
Eu gostaria também de lhes contar sobre uma ideia que tive. Eu trouxe do Rio, em 1936, um imenso rolo das conferências que
eu tinha feito aí, pois o Ministério tinha me pedido para reunir em um livro estas conferências. Infelizmente, eu nunca tive uma
confirmação precisa, apesar dos trâmites feitos em tempo hábil. Eu pensei, então, que poderia ser interessante que algumas das
pranchas mais importantes destas conferências pudessem servir de decoração em uma das salas do Ministério da Educação
Nacional que todos vocês construíram. Eu escolheria 15 ou 20 destas pranchas, que comporiam um afresco coberto por vidro,
constituindo uma espécie de documento histórico no lugar mais indicado para isto. Pensem nesta proposta, que não é feita para
adular minha vaidade, mas para evitar que estes desenhos terminem em poeira em um canto de meu atelier, e principalmente para
que eu tenha o sentimento, que me é muito precioso, de possuir um pouso no Rio, cidade que eu sempre amei e admirei.
Cordialmente a todos,
Le Corbusier
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Rio de Janeiro, 18 de maio de 1953
Querido amigo Le Corbusier,
Recebi sua carta e ontem tive uma reunião pessoal com o Sr. Matarazzo em São Paulo. Ele está aguardando consulta com o Comitê
que deve autorizá-lo a contratar as obras de arte que serão apresentadas em países estrangeiros. Isto deve acontecer em algum
momento esta semana.
Com relação ao seu pagamento, acredito que o ideal seria cobrar em Francos Franceses no valor que você estabelecer para o seu
trabalho. Você receberá o pagamento em Francos e, portanto, não haverá problema.
Hoje gostaria de consultá-lo sobre alguns problemas, a saber:
– Caso tenhamos sucesso na contratação de um grande projeto arquitetônico, você aceitaria alguns trabalhos em colaboração
conosco? Se você aceitar, sua participação seria fixada em um acordo entre nós.
– Estamos organizando uma boa revista de arquitetura dirigida por mim, o Sr. Rodrigo de Mello Franco (Diretor do Patrimônio
Histórico e Artístico, onde o Lucio Costa trabalha), o Sr. Joaquim Cardoso (Engenheiro) e Carlos Echenique. Estamos pensando
em convidá-lo a participar da revista como um dos Diretores. Seriamos cinco Diretores com a mesma participação nos lucros.
Você concordaria em colaborar conosco? Sua colaboração seria por meio da publicação dos seus trabalhos e não teria nenhum
compromisso financeiro.
– Caso aceite, você concordaria em usar o nome “MODULOR”? Gostaríamos de usar esse nome em homenagem ao seu trabalho
interessante.
Meu querido amigo, essas são as perguntas que tinha a lhe fazer e pediria a gentileza de responder o quanto antes.
Com os melhores votos a você, atenciosamente,
Oscar Niemeyer Soares Filho
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26 de fevereiro de 1962
Caro Le Corbusier,
Acabei de receber suas cartas, uma visita de Carneiro e uma mensagem de Oscar, de Brasília, me pedindo para lhe responder
e falar do quanto é importante para nós ter uma obra original sua na nova capital, conclusão lógica de sua fecunda intervenção
em 1936 aqui no Brasil.
Eu penso que o problema da embaixada, como ele lhe foi apresentado, subentende todo o conjunto já previsto, isto é, a
embaixada-residência e a chancelaria. Outro problema é a Casa da França, que deve ser construída à parte, em um terreno
contíguo à Universidade de Brasília, onde se pensa instalar, segundo o que me foi dito, de um lado as salas de aula e a
administração da Alliance Française, e do outro, salas de estar, biblioteca, sala de exposição, conferência, cinema, teatro, turismo,
talvez um restaurante de cozinha verdadeiramente francesa e, eu espero, uma confeitaria com chocolates e brioches. Haverá
outras casas separadas por fileiras contínuas de árvores, onde cada um fará o que lhe agradar, desde que seja arquitetura.
estacionamento N – estrada – árvores – terrenos com 100 x 200 metros ± – leve inclinação – estrada vista sobre o lago
*E também uma casa noturna para dança e música.
1º O senhor é para nós uma das luzes da nova França que, livre dos despojos coloniais, vai emergir densa e purificada, abrigo
valioso para aqueles mesmos que a combateram e para os outros que jamais desistiram de amá-la.
2º Eu não saberia lhes dizer por onde o governo francês pensa começar, e estou de acordo com vocês que, se for para escolher,
o programa da casa é mais atual.
Eixo – torres – rodoviário – plataforma – quadras – residencial – universidades – embaixadas – lago – casas culturais –Ministério
da Educação e Cultura
Lucio Costa
Rio, 23/II/62
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Ministério da Educação e Cultura
25 de maio de 1962
Caro Le Corbusier,
Estou lhe escrevendo a pedido do Senhor Darcy Ribeiro (Reitor da Universidade recentemente
fundada), que me telefonou de Brasília e me pede para levar ao seu conhecimento o seguinte:
1º/ O Governo Francês previu no orçamento de 1962 uma desapropriação para a construção da
Casa da Cultura Francesa em Brasília; ele teme que sua intenção de adiar o estudo do problema
para setembro possa levar à perda destes fundos.
2º/ A localização da Embaixada e da Casa da Cultura em setores distintos da cidade não pode ser
questionada; ela é o resultado do projeto em seu todo. A embaixada será instalada entre as dos
outros países (quase 100!), enquanto o Centro Cultural Francês, assim como os da Inglaterra, da
Alemanha, da Itália, da URSS e dos EUA, deve ficar contíguo e acessível à Universidade (ensino
da língua, cursos, conferências destinadas aos estudantes).
Como eu já lhe disse, os diferentes terrenos serão separados por árvores.
Atenciosamente.
Lúcio Costa
Rio, 19/ /62
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Ministério da Educação e Cultura
RECEBIDA:
30 de novembro de 1962
RESPONDIDA:
Caro Le Corbusier,
A notícia de sua visita, dia 22 de dezembro, nos traz um duplo prazer, tê-lo alguns dias entre nós e saber
que o trabalho foi aceito.
Eu estarei no aeroporto do Rio e Oscar o esperará no aeroporto de Brasília.
Quanto à volta para o Rio, o senhor poderá, se desejar, fazer a viagem por terra e passar a noite em
Ouro Preto, antiga Villa-Rica, nas montanhas (de ferro) de Minas, cidade do século XVIII que conserva
ainda a atmosfera da época. E antes de sua partida, Lapanema, que é presidente honorário do Museu de
Arte Moderna, provavelmente vai querer convidá-lo para uma refeição com amigos; e também, a sala de
conferências do ministério estará à sua disposição se, por acaso, o senhor quiser dizer algumas palavras.
Informe-nos se a reserva do hotel no Rio será feita pela embaixada; em Brasília, a Universidade e o ministro
da educação, Sr. Darcy Ribeiro, se encarregarão.
Esperarei sua resposta com precisões a fim de tomar as medidas necessárias.
Até breve.
Lúcio Costa
25/XI/62
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(P 63)
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Rio de Janeiro, Brasil
Rio de Janeiro, BRAZIL
RIO DE JANEIRO: URBANISMO, 1929
Vista em perspectiva da autoestrada construída sobre
as habitações, passando através da paisagem da baía
do Rio e pequeno desenho em elevação, em corte
transversal, mostrando residências, a autoestrada
passando sobre os tetos e a cidade atual, com notas
explicativas, lápis preto sobre papel tirage colado
sobre papelão, assinado e datado por Le Corbusier,
Rio dez 1929 – Paris julho de 1930
Rio de Janeiro: Urbanisme, 1929
Vue en perspective de l’autostrade construite sur
les habitations passant à travers le paysage de la
baie de Rio et petit dessin en élévation, en coupe
transversale montrant l’habitation, l’autostrade sur le
toit et la ville actuelle avec notice explicative, crayon
noir sur papier tirage collé sur carton, signé et daté
Le Corbusier, Rio dec 1929 – Paris juillet 1930
FLC 31878
RIO DE JANEIRO: URBANISMO, 1929
Vista em elevação da baía de Guanabara e da autoestrada passando
sobre as habitações construidas ao redor, lápis preto sobre papel
tirage colado sobre papelão, assinado e datado por Le Corbusier, Rio
dez 1929 – Paris julho de 1930
Rio de Janeiro: Urbanisme 1929
Vues en élévation de la baie de Rio avec l’autostrade passant sur la
file d’habitations construitetout autour, crayon noir sur papier tirage
collé sur carton, signé et daté Le Corbusier, Rio dec 1929 – Paris
juillet 1930
FLC 31879
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RIO DE JANEIRO: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL E SAÚDE, 1936
Dois croquis em perspectiva da fachada com silhuetas e indicação dos materiais,
nanquim e lápis azul sobre papel tirage hélio, sem assinatura, sem data
Rio de Janeiro: Ministère de l’Education Nationale et de la Santé, 1936
2 croquis en perspective sur partie de façade avec silhouettes et indication de
matériaux, encre de chine et crayon bleu sur papier tirage hélio, ni signé, ni daté
FLC 19241
66
RIO DE JANEIRO: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL E SAÚDE, 1936
Duas perspectivas do Ministério com silhuetas, tirage hélio sobre papel tirage, sem assinatura, sem data
Rio de Janeiro: Ministère de l’Education Nationale et de la Santé, 1936
Deux perspectives sur le Ministère avec silhouettes, tirage hélio sur papier tirage, ni signé, ni daté
FLC 19239
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RIO DE JANEIRO: CIDADE UNIVERSITÁRIA, 1936
Corte sobre os eixos leste-oeste, sul-norte e oeste-leste
mostrando residências, hospitais, faculdades, etc...
com indicações, nanquim e lápis preto sobre papel
vegetal espesso, sem assinatura, sem data
Rio de Janeiro: Cité universitaire, 1936
Vue en coupe sur les axes Est-Ouest, Sud-Nord et Ouest-Est,
montrant résidences, hôpital, facultés, etc... avec indications,
encre de chine et crayon noir sur calque épais, ni signé, ni daté
FLC 19255
RIO DE JANEIRO: CIDADE UNIVERSITÁRIA, 1936
Croqui para estudo em perspectiva dos edifícios da cidade
universitária e das vias de acesso, lápis preto e nanquim sobre papel
vegetal, sem assinatura, sem data
Rio de Janeiro: Cité universitaire 1936
Croquis d’étude en perspective de bâtiments de la cité et voies
d’accès, crayon noir et encre de chine sur calque d’étude, ni signé,
ni daté
FLC 19262
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RIO DE JANEIRO: CIDADE UNIVERSITÁRIA, 1936
Croqui para estudo, planta de implementação dos edifícios da cidade com
indicações, lápis preto e de cor, nanquim sobre papel vegetal espesso, assinado e
datado por Le Corbusier 30/07/1937
Rio de Janeiro: Cité universitaire, 1936
Croquis d’étude, plan d’implantation des bâtiments de la cité avec indications,
crayon noir et couleur, encre de chine sur calque épais, signé et daté Le
Corbusier 30/07/1937
FLC 19258
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Embaixada da França, Brasília
Ambassade de France, Brasília
BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Planta do segundo andar, residência do embaixador com legenda e orientação, nanquim e trama de cores sobre
papel vegetal espesso e papel canson, sem assinatura, datado de 05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Plan du Niveau 2, maison ambassadeur avec légende et orientation, encre de chine et tram couleur sur
calque épais et papier canson, non signé, daté 05/05/1964
FLC 21063
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BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Planta do quarto andar, residência do embaixador
com legendas e orientação, nanquim e trama de
cores sobre papel vegetal espesso e papel canson,
sem assinatura, datado de 05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Plan du Niveau 4, maison ambassadeur avec
légende et orientation, encre de chine et trame
couleur sur calque épais et papier canson,
non signé, daté 05/05/1964
FLC 21064
BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Planta do primeiro andar com legendas e
orientação, nanquim e trama de cores sobre papel
vegetal espesso e papel canson, sem assinatura,
datado de 05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Plan du Niveau 1 avec légende et orientation,
encre de chine et trame couleur sur calque épais
et papier canson, non signé, daté 05/05/1964
FLC 21065
72
BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Vista em elevação das fachadas com
silhuetas e vegetação, residência do
embaixador, nanquim, lápis preto e trama
de cores sobre papel vegetal espesso e
papel canson, sem assinatura, datado de
05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Vue en élévation de façades avec
silhouettes et végétation, maison
ambassadeur, encre de chine, crayon
noir et trame couleur sur calque épais
et papier canson, non signé, daté
05/05/1964
FLC 21066
BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Vista em elevação das fachadas com
silhuetas e vegetação, residência do
embaixador, nanquim e trama de cores
sobre papel vegetal espesso e papel
canson, sem assinatura, datado de
05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Vue en élévation de la façade Est
avec silhouettes et végétation, maison
ambassadeur, encre de chine, et trame
couleur sur calque épais et papier
canson, non signé, daté 05/05/1964
FLC 21077
BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Planta do primeiro andar, chancelaria com
legendas e orientação, nanquim e trama
de cores sobre papel vegetal espesso e
papel canson, sem assinatura, datado de
05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Plan du Niveau 1, chancellerie avec
légende et orientation, encre de chine et
trame couleur sur calque épais et papier
canson, non signé, daté 05/05/1964
FLC 21068
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BRASÍLIA: EMBAIXADA DA
FRANÇA, 1964
Planta de localização mostrando
nível das vias de acesso com
indicação e orientação, nanquim
sobre papel vegetal de espessura
média, sem assinatura, datado de
05/05/1964
Brasilia: Ambassade de
France, 1964
Plan de situation montrant niveau
voies d’accès avec indication et
orientation, encre de chine sur
calque moyen, non signé, daté
05/05/1964
FLC 28430
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BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Planta do quinto andar, chancelaria, conselho militar
com legendas e orientação, nanquim e trama de
cores sobre papel vegetal espesso e papel canson,
sem assinatura, datado de 05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Plan du Niveau 5, chancellerie, conseil militaire
avec légende et orientation, encre de chine et
trame couleur sur calque épais et papier canson,
non signé, daté 05/05/1964
FLC 21071
BRASÍLIA: EMBAIXADA DA FRANÇA, 1964
Planta do oitavo andar, chancelaria, embaixador
com legendas e orientação, nanquim, lápis preto
e trama de cores sobre papel vegetal espesso
e papel canson, sem assinatura, datado de
05/05/1964
Brasilia: Ambassade de France, 1964
Plan du Niveau 8, chancellerie, ambassadeur avec
légende et orientation, encre de chine, crayon
noir et trame couleur sur calque épais et papier
canson, non signé, daté 05/05/1964
FLC 21075
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A Obra de Arquitetura
L’œuvre architecturale
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A Unidade de Habitação de Mar selha (1945–1952)
L’Unité d’habitation de Marseille (1945–1952)
PESQUISA SOBRE AS UNIDADES DE HABITAÇÃO, 1944
Croqui de estudo em corte sobre fachada com silhuetas,
nanquim e giz colorido sobre papel vegetal,
sem assinatura, sem data
Recherches sur les unités d’habitation, 1944
Croquis d’étude en coupe sur façade avec silhouettes,
encre de chine et craie couleur sur calque d’étude,
ni signé, ni daté
FLC 20575
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Após esse percurso dos projetos “brasileiros” de Le Corbusier,
seguiu-se a Unidade Habitacional de Marselha, que é um dos
edifícios mais célebres da história da arquitetura do século
XX em matéria de arquitetura e habitação. Para Le Corbusier,
esta realização não correspondeu a um projeto circunstancial,
mesmo tratando-se de um pedido do Estado efetuado no
quadro da reconstrução da França, após a Segunda Guerra
Mundial; tratou-se, na verdade, da conclusão de um itinerário
de pesquisa sobre a cidade e a habitação, conduzido por
Le Corbusier desde o começo dos anos 20. Os marcos que
delimitaram este itinerário foram os seguintes: a casa Citrohan
(1920), Uma cidade contemporânea para três milhões de
habitantes (1922), as Immeubles-villas (1922), o Pavilhão do
Novo Espírito (1925), a Cidade Radiante (1930), o projeto
não realizado da construção de uma Unidade Habitacional
para a Exposição Nacional de Paris (1937) e as Unidades
Habitacionais transitórias (1944).
O conceito base do projeto “Unidade Habitacional” repousou
sobre a intenção de encontrar um novo modelo de habitação
urbana que integrasse habitação e conveniência, fundamentado
em uma ideia de “Cidade-jardim vertical”, em oposição àquela
da “Cidade-jardim horizontal”, inventada no século XIX.
Com este projeto, todos os parâmetros referentes ao habitat,
desde o urbanismo até a decoração interna dos apartamentos,
foram revistos. Igualmente no que se refere aos serviços, os
famosos “equipamentos do alojamento”, necessários para o
funcionamento da habitação familiar.
Pensada inicialmente a partir de uma construção metálica
altamente padronizada para reduzir os custos de produção,
esta Unidade Habitacional de Marselha, com seus 337
apartamentos, foi totalmente construída em concreto e foi
seguida por outras quatro Unidades nas cidades de Nantes
(1952), Berlim (1957), Briey en Forêt (1960) e Firminy
(1965).
Nesta realização, a funcionalidade das habitações, seu alto grau
de acabamento, a qualidade dos materiais e as performances
tecnológicas inusitadas para a época combinaram-se com
a poética de uma arquitetura plasticamente espetacular,
inteiramente regulada no Modulor, assim como o testemunha o
semblante desse enorme paralelepípedo montado sobre seus
pilotis e coroado pelos arranjos surrealistas da decoração de
seu teto-terraço de frente para o Mediterrâneo.
80
L’Unité d’habitation de Marseille qui succède, dans le parcours de l’exposition
aux projets “brésiliens” de Le Corbusier, est un des bâtiments les plus
célèbres de l’histoire de l’architecture du XXe siècle, en matière d’architecture
de l’habitat. Pour Le Corbusier cette réalisation ne correspond pas à un
projet de circonstance, même s’il s’agit d’une commande d’Etat, effectuée
dans le cadre de la reconstruction de la France, après la Seconde Guerre
mondiale. Il s’agit plutôt de l’aboutissement d’un itinéraire de recherche
mené par Le Corbusier sur la ville et le logement, depuis le début des années
Vingt. Les bornes qui jalonnent cet itinéraire sont les suivantes: la maison
Citrohan (1920), Une ville contemporaine pour trois millions d’habitants
(1922), les Immeubles-villas (1922), Le pavillon de l’Esprit Nouveau (1925),
La Ville Radieuse (1930), le projet non réalisé de construction d’une
Unité d’habitation pour l’Exposition Nationale de Paris (1937), les Unités
d’habitation transitoires (1944).
Le concept de base du projet d’ “Unité d’habitation”, repose sur l’idée
de trouver un nouveau modèle d’habitat urbain intégrant logements et
équipements, selon les principes d’une “Cité-jardin verticale” en opposition
à ceux de la “Cité-jardin horizontale”, inventée par le XIX siècle.
Avec ce projet, tous les paramètres concernant l’habitat, de l’urbanisme
jusqu’à l’aménagement intérieur des appartements, sont passés en revue.
De même en ce qui concerne tous les services, les fameux “équipements du
logis” nécessaires au fonctionnement du logement familial.
Pensée initialement à partir d’une construction métallique, hautement
standardisée, pour réduire les coûts de production, cette Unité d’habitation
de Marseille de 337 logements, qui sera suivie de quatre autres Unités
construites dans les villes suivantes de Nantes (1952), Berlin (1957), Briey
en Forêt (1960) et Firminy (1965), sera en définitive construite en béton.
Dans cette réalisation, la fonctionnalité des logements, leur haut degré de
finition, la qualité des matériaux, les performances technologiques inusitées
pour l’époque… ne cèdent en rien à la poétique d’une architecture à la
plastique spectaculaire, entièrement réglée au Modulor, comme en témoigne
l’expression de cet immense parallélépipède monté sur ses pilotis et
couronné par les arrangements surréalistes des aménagements de son toit
terrasse ouvert vers la Méditerranée.
MARSELHA: UNIDADE DE HABITAÇÃO, 1945
Desenho de estudo em corte e elevação de
três andares com decoração interna, silhuetas,
nanquim sobre papel vegetal médio
Marseille: Unité d’habitation, 1945
Dessin d’étude en coupe élévation sur 3
niveaux avec aménagements intérieurs,
silhouettes, encre de chine sur calque moyen
FLC 26827
MARSELHA: UNIDADE DE HABITAÇÃO, 1945
cinco desenhos de estudo em planta baixa com
decoração interna, numeração, indicação de
dimensão, lápis preto e nanquim sobre papel
vegetal sem assinatura, sem data
Marseille: Unité d’habitation, 1945
Cinq dessins d’étude en plan de niveau
avec aménagement intérieur, numérotation,
indications de dimension, crayon noir et encre
de chine sur calque épais, ni signé, ni daté
FLC 29364
81
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MARSELHA: UNIDADE DE HABITAÇÃO, 1945
Vista do conjunto da implantação do edifício em
perspectiva axiométrica, lápis preto e nanquim
sobre papel vegetal espesso, sem assinatura,
datado de 08/03/1946
Marseille: Unité d’habitation, 1945
Vue d’ensemble de l’implantation du bâtiment
en perspective axonométrique, crayon noir et
encre de chine sur calque épais, non signé,
daté 08/03/1946
FLC 26295
PESQUISA SOBRE AS UNIDADES DE HABITAÇÃO,
1944
Croqui de estudo em corte sobre fachada, mostrando
sistema de isolamento acústico com silhuetas,
indicações e pequenos croquis, nanquim, giz colorido e
lápis preto sobre papel vegetal, sem assinatura,
sem data
Recherches sur les unités d’habitation, 1944
Croquis d’étude en coupe sur façade montrant
système insonorisation avec silhouettes, indications
et petits croquis, encre de chine, craie couleur et
crayon noir sur calque d’étude, ni signé, ni daté
FLC 20578
MARSELHA: UNIDADE DE HABITAÇÃO, 1945
Croqui em plano de uma cozinha com indicação dos
circuitos elétricos, mesa giratória e posicionamento
do mobiliário com legendas, nanquim e pastel
colorido sobre papel vegetal fino, sem assinatura,
sem data
Marseille: Unité d’habitation, 1945
Croquis en plan d’une cuisine avec indication des
circuits, table roulante et emplacement du mobilier
avec légendes, encre de chine et pastel couleur sur
calque fin, ni signé, ni daté
FLC 26782
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A Cabana (1951–1952)
Le Cabanon (1951–1952)
Ao mesmo tempo em que concretizou a Unidade Habitacional
de Marselha – o maior de seus projetos de habitação – Le
Corbusier construiu, em Cap Martin, a sua pequena cabana de
homem solitário. Nesse projeto, tudo cabe em um compartimento
de 3,66 metros de comprimento por 2,26 metros de altura.
Inteiramente realizada em madeira, apesar do projeto inicial
estudado por Jean Prouvé ter sido em metal, esta cabana
originou-se da pesquisa de otimização de uma célula habitacional
mínima e padronizada. No interior, toda a decoração, igualmente
realizada em madeira, responde a uma ergonomia muito precisa.
Residência de verão do arquiteto, esta modesta construção foi
acompanhada por toda uma série de projetos não realizados,
como os projetos Roq e Rob, destinados a repensar a habitação
para férias na Côte d´Azur, já desfigurada pelos efeitos de uma
promoção imobiliária desenfreada.
Dans le même temps où il réalise l’Unité d’habitation de
Marseille, son plus grand projet de logements, Le Corbusier
construit à Cap Martin, sa petite cabane de solitaire. Avec ce
projet, tout tient dans une cellule de 3,66 mètres de côté et
de 2,26 mètres de hauteur. Entièrement réalisée en bois, bien
que le projet initial ait été étudié par Jean Prouvé en métal,
ce cabanon s’inscrit dans la recherche de mise au point d’une
cellule d’habitation minimum standardisée. A l’intérieur, tous
les aménagements, également réalisés en bois, répondent à
une ergonomie très précise. Résidence d’été de l’architecte,
cette modeste construction sera accompagnée de toute
une série de projets non réalisés, comme les projets Roq et
Rob, destinés à repenser la villégiature de vacances sur la
Côte d’Azur, déjà défigurée par les effets d’une promotion
immobilière effrénée.
ROQUEBRUNE CAP MARTIN: CABANA, 1949
Desenho em perspectiva axiométrica de um cômodo da casa com decoração
interna e numeração do mobiliário, lápis preto sobre papel vegetal médio,
sem assinatura, sem data
Roquebrune Cap Martin: Cabanon, 1949
Dessin en perspective axonométrique d’une pièce de la villa avec
aménagement intérieur et numérotation du mobilier, crayon noir sur calque
moyen, ni signé, ni daté
FLC 29859
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A Capela de Ronc hamp (1950–1955)
La chapelle de Ronchamp (1950–1955)
Com a Capela de Ronchamp, entramos em um dos
maiores ícones corbusianos. Este foi, antes do
Convento da La Tourette e da igreja Saint Pierre
de Firminy, o primeiro projeto de edifício religioso
realizado por Le Corbusier. Apesar de ser agnóstico,
Le Corbusier se envolveu neste projeto com o intuito
de interpretar, de uma forma totalmente original, a
manifestação de uma doutrina católica pela qual ele
nutria uma certa desconfiança. Construída sobre uma
colina do leste da França, nas ruínas de uma antiga
capela destruída pelos bombardeios da Segunda
Guerra Mundial, a arquitetura da Capela de Ronchamp
irradia, como indicou Le Corbusier, “na direção dos
quatro horizontes”. Com base na ideia de renovação
e daquilo que chamamos Arte Sacra – que viu na
França a Igreja Católica voltar-se para artistas de
prestígio, como Matisse, Léger, Rouault e Lurçat –,
esta encomenda tornou-se realidade.
Contrariando sua doutrina do “ângulo reto”, Le
Corbusier produziu, aqui, uma arquitetura totalmente
em curvas e contra-curvas, que levanta não somente
uma interpretação antropológica, como indica, na
residência Hadriana em Tivoli, a referência formal a
certas tumbas etruscas ou ao Serapeu, mas também
uma interpretação naturalista, à imagem do telhado
em forma de “carapaça de caranguejo”, que vem
coroar, com seu sombrio volume, os potentes muros
de revestimento branco e rugoso que o sustentam.
Esta obra de arte expressionista, que marcou um
rompimento na linguagem formal do arquiteto,
pertence definitivamente tanto ao universo da escultura
quanto àquele da arquitetura. De qualquer forma, ela
abriu o caminho para novas experiências, assim como
testemunharam as obras ditas “da maturidade”, objeto
desta exposição.
Ronchamp: Capela Notre Dame du Haut, 1950
Croqui em elevação da capela com silhuetas de estátuas sobre o teto, lápis preto e nanquim sobre
papel para desenho, sem assinatura, sem data
Ronchamp: chapelle Notre Dame du Haut, 1950
Croquis en élévation de la chapelle avec silhouettes de statues sur la toiture, crayon noir et
encre de chine sur papier dessin, ni signé, ni daté
FLC 31824
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Ronchamp: Capela Notre Dame du Haut, 1950
Desenho de estudo – Vista em planta baixa da capela mostrando nave, altar ao ar livre, coro, tribuna,
sacristia... etc, lápis preto e vermelho, nanquim sobre papel vegetal médio, sem assinatura, sem data
Ronchamp: chapelle Notre Dame du Haut, 1950
Dessin d’étude - Vue en plan de la chapelle montrant nef, autel en plein air, coeur, tribune, sacristie...
etc, crayon noir et rouge, encre de chine sur calque moyen, ni signé, ni daté
FLC 07104
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Avec la chapelle de Ronchamp, on touche là à une des
grandes icônes corbuséennes. Elle est avant le couvent de
la Tourette et l’église Saint Pierre de Firminy, le premier
projet d’édifice religieux réalisé par Le Corbusier. Bien
qu’agnostique, Le Corbusier va se prêter avec ce projet,
au jeu d’interpréter d’une manière tout à fait originale, les
signes d’une doctrine catholique envers laquelle il nourrit
une certaine méfiance. Bâtie sur une colline de l’Est de
la France, sur les traces d’une ancienne chapelle détruite
par les bombardements de la Seconde Guerre mondiale,
l’architecture de la chapelle de Ronchamp, rayonne comme
l’indique Le Corbusier: “en direction des quatre horizons”.
C’est dans le cadre du renouveau, de ce que l’on a appelé
l’Art Sacré et qui voit en France l’Eglise catholique se
tourner vers des artistes prestigieux comme Matisse,
Léger, Rouault, Lurçat, que cette commande voit le jour.
Prenant à rebours sa doctrine de “L’angle droit”, Le
Corbusier produit ici une architecture tout en courbes et
contre courbes qui pour autant relève d’une interprétation
à la fois anthropologique, comme l’indique la référence
formelle à certaines tombes étrusques ou au Sérapéum
de la villa Hadriana à Tivoli et naturaliste, à l’image de
la toiture en “coque de crabe” qui vient couronner de
sa masse sombre, les puissants murs à l’enduit blanc et
rugueux qui la soutiennent.
Cette œuvre d’art expressionniste, qui marque une
rupture dans le langage formel de l’architecte, appartient
en définitive autant au monde de la sculpture qu’à celui de
l’architecture. Elle ouvre en tout cas la voie à de nouvelles
expériences comme vont en témoigner les œuvres dites
de la maturité, objet de cette exposition.
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(P 91)
Ronchamp: Capela Notre Dame du Haut, 1950
Desenho de estudos em corte e em elevação sobre vitral com estudo
de cores e com silhuetas e numeração, carvão e giz colorido sobre
papel vegetal, assinado por A.M. e datado de 15/05/1951
Ronchamp: chapelle Notre Dame du Haut, 1950
Dessin d’étude en coupe élévation sur vitraux avec étude de coloris
avec silhouettes et numérotation, fusain et craie de couleur sur
calque épais, signé A.M. et daté 15/05/1951
FLC 30937
Ronchamp: Capela Notre Dame du Haut, 1950
Vista em corte e em elevação da fachada norte, mostrando
campanário, gárgula, telhas, paredes de vidro, escada, portão, lápis
preto e azul, nanquim sobre papel vegetal sem assinatura, sem data
Ronchamp: chapelle Notre Dame du Haut, 1950
Vue en coupe et élévation sur façade Nord, montrant campanile,
gargouille, toiture, pans de verre, escalier, porte, crayon noir et bleu,
encre de chine sue calque épais, ni signé, ni daté
FLC 07185
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Chandigarh (1951–1965 )
Chandigarh (1951–1965 )
Antes de Brasília – que Le Corbusier visitou durante sua última
viagem ao Brasil, em 1960 – Chandigarh representa o primeiro
exemplo de capital moderna construída, desde seus primórdios,
no século XX. Após a independência da Índia e a divisão de seu
território, com a criação do Estado do Paquistão, em 1947, o
governo da Índia, na época tendo como primeiro ministro Pandit
Jawaharlal Nehru, decidiu construir Chandigarh. Após consultar
urbanistas americanos, os emissários da Índia decidiram confiar
a Le Corbusier a função de arquiteto conselheiro do Governo do
Punjab para a realização dessa nova capital, prevista inicialmente
para 500.000 habitantes. Em associação com seu primo Pierre
Jeanneret, com quem realizou boa parte de sua carreira antes da
Segunda Guerra Mundial, e com a assistência de uma dupla de
arquitetos britânicos, Jeane Drew e Maxwelle Fry, Le Corbusier
concebeu o projeto-mestre dessa nova cidade, reservando
para si mesmo a construção dos edifícios governamentais mais
prestigiosos, nos quais ele fez referência à Roma do Renascimento
no âmbito de um espaço chamado Capitole.
Um único mês foi suficiente para que Le Corbusier e sua equipe
concluíssem a concepção do projeto da cidade. Este projeto
se apresentou sob a forma de um quadrilátero, uma treliça,
cujo novo elemento urbano, o “setor”, definiu a natureza da
trama. Esses setores, pensados sobre uma dimensão de 1.200
por 800 metros, são irrigados por todo um sistema de vias
hierarquizadas, que Le Corbusier teorizou sob a denominação
de os 7 Vs.
Ao aplicar, aqui, os princípios da cidade funcional, tal como ele
havia estudado, desde 1930, com o seu projeto da Cidade
Radiosa, Le Corbusier atribuiu atividades específicas a cada setor:
comércio, educação, diversão e habitação. Todos destinados a
criar uma sinergia no funcionamento dessa nova cidade.
Na ponta dessa treliça e do eixo maior, que atravessa a cidade
na direção norte/leste e sul/oeste, Le Corbusier posicionou os
edifícios do Capitole, com o intuito de favorecer a exposição
da cidade ao curso do sol. Neste projeto, grande atenção foi
dedicada à presença da natureza e, atualmente, esta é uma das
cidades mais ecológicas da Índia.
Distribuídos segundo uma sábia composição que tece suas
referências nas grandes arquiteturas de origem Moghal (séculos
XVI, XVII e XVIII), presentes nas maiores cidades da Índia, são
três os edifícios do Capitole de Chandigarh: a Corte Suprema de
Justiça, o Palácio da Assembleia e o Secretariado, que reúnem
os escritórios das diversas administrações da província. Apesar
da previsão inicial, após a divisão do Punjab em duas novas
províncias, o Punjab e o Haryana, o assim chamado Palácio do
Governador – longamente estudado por Le Corbusier – jamais
foi construído. Outros dois elementos completam este dispositivo
atualmente: a Torre das Sombras que, como indica o nome, é
uma arquitetura/escultura destinada a tornar visível, em todas as
horas do dia e em todas as estações do ano, a estampa do sol
sobre a arquitetura e sobre a grande escultura da Mão Aberta,
pensada como um símbolo de paz entre todos os homens.
Construídos sobre uma vasta esplanada, estes edifícios, cuja
arquitetura se reflete em largos espelhos d´água, ofereceram
a Le Corbusier a possibilidade de ampliar a paleta de seu
vocabulário formal e de levá-lo a um nível de expressão pessoal
raramente alcançado na arquitetura do século XX. Como
disse André Malreux em sua oração fúnebre pronunciada em
Paris, na Corte Quadrada do Louvre, após o falecimento de
Le Corbusier: “Ele inventava, em nome da função e da lógica,
formas admiravelmente arbitrárias”.
Hoje, para quem visita Chandigarh e contempla esses edifícios,
não há como não se impressionar por esta arquitetura atemporal
e universal, pensada em meio às tradições culturais milenares
da Índia no seu encontro com o mundo moderno, assim como
desejava Nehru. É aí que reside a força desse projeto.
CHANDIGARH: URBANISMO, 1950-1965
Planta da nova capital do Punjab, mapa geográfico sobre
papel vegetal espesso, sem assinatura, sem data
Chandigarh: Urbanisme, 1950-1965
Plan de la nouvelle capitale du Punjab, carte géographique
sur papier épais, ni signé, ni daté
FLC 5553
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Avant Brasilia, que Le Corbusier visitera lors de son ultime voyage
au Brésil en 1960, Chandigarh représente le premier exemple de
capitale moderne construite de toutes pièces au cours du XXe
siècle. C’est suite à l’indépendance de l’Inde et à la partition du
territoire qui s’en est suivie, avec la création de l’Etat du Pakistan
en 1947, que le gouvernement indien, avec comme premier
Ministre le Pandit Jawaharlal Nehru, décide de la construction de
Chandigarh. Après avoir consulté des urbanistes américains, les
émissaires indiens décident de confier à Le Corbusier la tâche
de devenir Architecte conseil du Gouvernement du Punjab, pour
la réalisation de cette nouvelle capitale prévue au départ pour
500.000 habitants. Associé à son cousin Pierre Jeanneret, avec
lequel il a déjà réalisé une bonne partie de sa carrière avant la
Seconde Guerre mondiale, et assisté par un couple d’architectes
britanniques, Jane Drew et Maxwelle Fry, Le Corbusier va concevoir
le master plan de cette nouvelle ville et se réserver la construction
de ses édifices gouvernementaux les plus prestigieux regroupés,
en référence à la Rome de la Renaissance au sein d’un espace
appelé: le Capitole.
Un seul mois est nécessaire à Le Corbusier et son équipe pour
boucler la conception du plan de la ville. Celui-ci se présente sous
la forme d’un quadrilatère, d’une grille dont un nouvel élément
urbain, “le secteur”, définit la nature de la trame. Ces secteurs
pensés sur une dimension de 1200 mètres par 800 mètres, sont
irrigués par tout un système de voieries hiérarchisées, que Le
Corbusier a théorisé sous la dénomination des 7 V.
Appliquant ici les principes de la ville fonctionnelle, tels qu’il
les avait étudié dès 1930 avec son projet de Ville Radieuse,
Le Corbusier attribue à ce secteurs des activités spécifiques:
commerces, éducation, loisirs, logements, destinés à créer une
synergie dans le fonctionnement de cette nouvelle ville.
En tête de cette grille et de l’axe majeur qui traverse la ville selon
une direction nord/est, sud/ouest, pour favoriser l’exposition de cette
ville à la course du soleil, Le Corbusier place les édifices du Capitole.
Une grande attention est apportée dans ce projet à la présence
de la nature dans la ville, aujourd’hui une des villes les plus
écologiques de l’Inde.
Répartis selon une composition savante qui tisse ses références
du côté des grandes architectures moghal (XVIe, XVIIe et XVIIIe
siècles), présentes dans les grandes cités indiennes, les édifices
du Capitole de Chandigarh sont au nombre de trois: la Haute
Cour de Justice, le palais de l’Assemblée et le Secrétariat
regroupant les bureaux des différentes administrations de la
province. Initialement prévu et suite à la partition du Punjab
en deux nouvelles provinces, le Punjab et l’Haryana, le palais
dit du Gouverneur, étudié longuement par Le Corbusier, ne sera
cependant jamais construit. Deux autres éléments viennent
aujourd’hui également compléter ce dispositif: le Tour d’ombres
qui comme son nom l’indique est une architecture/sculpture
destinée à rendre visible à toutes les heures et à toutes les
saisons, l’empreinte du soleil sur l’architecture et la grande
sculpture de la Main ouverte pensée comme un symbole de paix
entre tous les hommes.
Bâtis sur une vaste esplanade , ces édifices dont l’architecture se
reflète dans de larges bassins, offrent à Le Corbusier la possibilité
d’élargir la palette de son vocabulaire formel et de l’amener à
une hauteur d’expression personnelle, rarement atteinte dans
l’architecture du XXe siècle. Comme le disait André Malraux
dans son oraison funèbre prononcée à Paris, dans la Cour
carrée du Louvre, lors du décès de Le Corbusier: “Il inventait au
nom de la fonction, comme au nom de la logique, des formes
admirablement arbitraires”.
Pour qui visite aujourd’hui Chandigarh et contemple ces édifices,
l’impression d’une architecture intemporelle et universelle,
pensée au carrefour des traditions culturelles millénaires de
l’Inde dans sa rencontre avec le monde moderne, selon le
souhait de Nehru, ne laisse pas d’étonner. Là réside la force
de ce projet.
97
CHANDIGARH: Palácio do Governador, 1950–1965
Vista em perspectiva do Palácio do Governador e da
Mão Aberta, fotocópia, assinada por Le Corbusier e
datada de 08/05/1960
Chandigarh: Palais du Gouverneur, 1950–1965
Vue en perspective du Palais du Gouverneur et
de la Main Ouverte, photocopie, signé Le Corbusier
et daté 08/05/1960
FLC 5714
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CHANDIGARH: Palácio do Governador,
1950–1965
Corte longitudinal com silhuetas e vegetação,
lápis preto e tinta preta sobre papel vegetal espesso,
assinado por Le Corbusier e datado de 07/06/1955
Chandigarh: Palais du Gouverneur, 1950–1965
Coupe longitudinale avec silhouettes et végétations,
crayon noir et encre noire sur calque épais, signé Le
Corbusier et daté 07/06/1955
FLC 3807
CHANDIGARH: Palácio do Governador,
1950–1965
Vista em elevação da fachada sudoeste com silhueta,
tinta preta sobre papel vegetal espesso, assinado por
Le Corbusier e datado de 14/06/1955
Chandigarh: Palais du Gouverneur, 1950–1965
Elévation de façade Sud-Ouest avec silhouette, encre
noire sur calque épais, signé Le Corbusier et daté
14/06/1955
FLC 3813
CHANDIGARH: Palácio do Governador,
1950–1965
Vista em corte dos andares com silhuetas, lápis sobre
tirage hélio colado sobre papel canson, sem assintura,
sem data
Chandigarh: Palais du Gouverneur, 1950–1965
Vue en coupe des niveaux avec silhouettes, crayon
sur tirage hélio collé sur canson fort, ni signé, ni daté
FLC 4319
100
CHANDIGARH: CAPITOLE, 1950–1965
Perfil de diversos edifícios do Capitole, lápis preto e
lápis de cor, nanquim sobre papel vegetal espesso, sem
assinatura, datado de 03/05/1951
CHANDIGARH: CAPITOLE, 1950–1965
Desenho inicial da vista do conjunto do Capitole em planta
baixa e em perspectiva, caneta esferográfica azul sobre
papelão, assinado por LC e datado de 24/07/1951
Chandigarh: Capitole, 1950–1965
Profils de divers bâtiments du Capitole, crayon noir et
couleur, encre de chine sur calque épais, non signé,
daté 03/05/1951
Chandigarh: Capitole, 1950–1965
Esquisse d’une vue d’ensemble du Capitole, en plan et
en perspective, stylo bille bleu sur carton épais,
signé LC et daté 24/07/1951
FLC 5140
FLC 32294
101
Chandigarh: Casa dos Péons, 1950-1965
Desenho e croqui de estudo, vista em elevação da fachada, mostrando
aberturas, gárgulas, tijolos, etc., lápis preto e colorido sobre papel vegetal
espesso, sem assinatura, sem data
Chandigarh: Maison des Péons, 1950–1965
Dessin et croquis d’étude, vue en élévation de façade, montrant
ouvertures, gargouilles, briques, etc., crayon noir et couleur sur calque
épais, ni signé, ni daté
FLC 6062
102
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Chandigarh: Museu, 1950–1965
Vista em corte das fachadas nordeste e noroeste, sudeste e sudoeste,
mostrando terraço, teto, paredes de vidro ondulado, galerias, cafeteria, grande
hall, rampas, etc., lápis preto, lápis de cor, tinta vermelha e preta, máquina de
escrever sobre tirage hélio, assinado por P. Jeanneret, sem data
Chandigarh: Musée, 1950–1965
Vue en coupe sur les façades nord-est et nord-ouest, sud-est et sud-ouest,
montrant terrasse, plafond, pan de verre ondulés, loggias, cafétaria, grand
hall, rampes, etc, crayon noir, couleur, encre rouge et noire, machine à écrire
sur tirage hélio, signé P. Jeanneret, non daté
FLC 4846
Chandigarh: Museu, 1950–1965
Vista em elevação das fachadas norte-oeste e norte-leste, lápis
preto e lápis de cor sobre papel tirage hélio, assinado por P.
Jeanneret, sem data
Chandigarh: Musée, 1950–1965
Vue en élévation de façades Nord-Ouest et Nord-Est, crayon noir
et couleur sur papier tirage hélio, signé P. Jeanneret, non daté
FLC 4845
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Chandigarh: Corte Suprema, 1952
Vista em perspectiva de uma fachada de frente
para espelho d´água com silhuetas, vegetação,
a Mão Aberta, nanquim sobre papel vegetal
espesso, assinado por Le Corbusier, datado de
04/03/1952
Chandigarh: Corte Suprema, 1952
Vista em elevação da fachada em frente ao
parque mostrando rampas, pilotis, paredes
de vidro, gárgulas, etc., lápis preto e nanquim
sobre papel vegetal, assinado por Le
Corbusier, sem data
Chandigarh: Haute cour, 1952
Vue en perspective d’une façade donnant
sur le bassin d’eau avec silhouettes,
végétation, la Main Ouverte, encre de chine
sur calque épais, signé Le Corbusier et daté
04/03/1952
Chandigarh: Haute cour, 1952
Vue en élévation de la façade sur le parc
montrant rampes, pilotis, pans de verre,
gargouilles, etc., crayon noir et encre de
chine sur calque d’étude, signé Le Corbusier,
non daté
FLC 4574
FLC 4522
Chandigarh: Corte Suprema, 1952
Três cortes do edifício com legenda em cada
corte, silhuetas e vegetação, lápis preto e
nanquim sobre papel vegetal espesso, sem
assinatura, datado de 24/10/1951
Chandigarh: Haute cour, 1952
3 coupes du bâtiment avec légende sous
chaque coupe, silhouettes et végétation,
crayon noir et encre de chine sur calque
épais, non signé, daté 24/10/1951
FLC 4552
105
106
Chandigarh: Palácio da Assembleia, 1955
Croqui de estudo da Assembleia e do Palácio da Justiça,
nanquim, lápis preto e lápis de cor, sem assinatura, datado de
28/10/1956
Chandigarh: Palais de l’Assemblée, 1955
Croquis d’étude de l’Assemblée et du Palais de Justice, encre
de chine, crayon noir et couleur, non signé, daté 28/10/1956
FLC 5659C
Chandigarh: Palácio da Assembleia, 1955
Croqui de estudo da Assembleia e do Palácio da Justiça, nanquim,
lápis preto e lápis de cor, sem assinatura, datado de 28/10/1956
Chandigarh: Palais de l’Assemblée, 1955
Croquis d’étude de l’Assemblée et du Palais de Justice, encre de
chine, crayon noir et couleur, non signé, daté 28/10/1956
FLC 5659D
107
108
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Chandigarh: Palácio da AssemblEia, 1955
Planta do segundo andar mostrando locais diversos, corte das fachadas dos
escritórios e entrada principal com locais, lápis preto sobre papel vegetal de
espessura média, sem assinatura, datado de 24/10/1952
Chandigarh: Palácio da AssemblEia, 1955
Croqui em corte (noroeste) (sudeste) da sala,
etc., lápis preto sobre papel vegetal, sem assinatura,
sem data
Chandigarh: Palais de l’Assemblée, 1955
Plan du 2ème étage montrant locaux divers, coupe des façades côté
bureaux et entrée principale avec locaux, crayon noir sur calque moyen,
non signé, daté 24/10/1952
Chandigarh: Palais de l’Assemblée 1955
Croquis en coupe (nord-ouest) (sud-est) sur la salle,
etc., crayon noir sur calque d’étude, ni signé, ni daté
FLC 3019
FLC 2962
110
Chandigarh: Secretariado, 1955
Croqui de estudo da fachada, nanquim, tinta azul e lápis vermelho
sobre papel vegetal, sem assinatura, datado de 13/06/1952
Chandigarh: Secretariado, 1955
Vista em elevação da fachada, tinta preta sobre
papel tirage, assinado por Le Corbusier, sem data
CHANDIGARH: SECRÉTARIAT, 1955
Croquis d’étude de façade, encre de chine, encre bleue et
crayon rouge sur calque d’étude, non signé, daté 13/06/1952
CHANDIGARH: SECRÉTARIAT 1955
Vue en élévation de la façade, encre noire
sur papier tirage, signé Le Corbusier, non daté
FLC 3310
FLC 3402
111
112
Ahmedabad (1954–1959)
Ahmedabad (1954–1959)
Enquanto trabalhava no projeto de Chandigarh, Le Corbusier
foi chamado para Ahmedabad, na província do Gujarat, a
nordeste do país. Ali existiam ricas famílias, em grande parte
envolvidas na indústria têxtil, como as famílias Sarabhai e
Shodan, que lhe encomendaram luxuosos domicílios. Ele
construiu nessa cidade, igualmente, um grande museu e,
sobretudo, o edifício para a Associação dos Fiandeiros, nas
margens do rio Sabarmati. Este prédio, em planta quadrada,
é um projeto que está entre os mais emblemáticos da
espacialidade corbusiana. Elevando-se em quatro andares,
este cubo de concreto bruto, munido de uma comprida rampa
de acesso, como se fosse uma esponja de múltiplos alvéolos,
encadeia sequências arquitetônicas que permitem que ele
seja atravessado desde o solo até o teto-terraço. Assim
como em todos os edifícios de Le Corbusier construídos na
Índia, uma grande atenção foi dedicada à questão do clima,
seja por meio dos grandes tetos parassol, que protegem do
ardor do sol ou da violência das chuvas das monções, seja
pelas aberturas das fachadas que oferecem a possibilidade
de ventilação natural dos diferentes espaços.
Dans le même temps où il travaille au projet de Chandigarh,
Le Corbusier est appelé à Ahmedabad dans la province
du Gujarat au nord/est du pays. Il y a là de riches familles
pour la plupart impliquée dans l’industrie textile, comme
les Sarabhai ou les Shodan, qui vont lui commander
de somptueuses demeures. Il va également construire
dans cette ville, un grand musée et surtout le bâtiment
pour l’Association des Filateurs, en bordure de la rivière
Sabarmati. Ce bâtiment sur plan carré est un des projets
parmi les plus emblématiques de la spatialité corbuséenne.
S’élevant sur quatre niveaux ce cubede béton brut, desservi
par une longue rampe d’accès, tel une éponge aux multiples
alvéoles, enchaîne les séquences architecturales qui depuis le
sol jusqu’au toit terrasse, permettent de le traverser. Comme
dans tous les bâtiments de Le Corbusier, construits en Inde,
une très grande attention a été apportée ici à la question
du climat, que ce soit par le traitement des grands toits
parasols protégeant des ardeurs du soleil ou de la violence
des pluies de mousson, ou dans celui des ouvertures en
façade offrant la possibilité d’une ventilation naturelle des
différents espaces.
Ahmedabad: Palácio dos Fiandeiros, 1951
Vista em elevação das fachadas (principal e de frente para o rio)
com silhuetas, sombras e vegetação, tirage hélio sobre papel tirage,
sem assinatura, datado de 31/10/1952
Ahmedabad: Palácio dos Fiandeiros, 1951
Vista em corte AA com silhuetas e tabela de legendas, lápis preto e
nanquim sobre papel vegetal espesso, assinado por Le Corbusier e
datado de 31/10/1952
Ahmedabad: Palais des filateurs, 1951
Elévation de façades (principale et côté rivière) avec silhouettes, ombres
et végétation, tirage hélio sur papier tirage, non signé,
daté 31/10/1952
Ahmedabad: Palais des filateurs, 1951
Vue en coupe AA avec silhouettes et tableaux des légendes, crayon
noir et encre de chine sur calque épais, signé Le Corbusier et daté
31/10/1952
FLC 6804B
FLC 6806A
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114
Ahmedabad: Palácio dos Fiandeiros, 1951
Planta do terceiro andar com quadro de legendas, lápis
preto e azul, nanquim sobre papel vegetal espesso,
assinado por Le Corbusier, sem data
Ahmedabad: Palais des filateurs, 1951
Plan du niveau 3 avec tableau des légendes, crayon
noir et bleu, encre de chine sur calque épais, signé
Le Corbusier, non daté
FLC 6785
Ahmedabad: Palácio dos Fiandeiros, 1951
Desenho em planta do quarto andar com numeração
dos diversos cômodos e legenda, lápis preto e
nanquim sobre papel vegetal espesso, assinado por
Le Corbusier e datado de 31/10/1952
Ahmedabad: Palais des filateurs, 1951
Dessin en plan niveau 4 avec numérotation des
différentes pièces et légende, crayon noir et encre
de chine sur calque épais, signé Le Corbusier et
daté 31/10/1952
FLC 6795A
Ahmedabad: Palácio dos Fiandeiros, 1951
Vista em corte CC com silhuetas e quadro de
legendas, lápis preto e lápis de cor, nanquim sobre
papel vegetal espesso, sem assinatura, sem data
Ahmedabad: Palais des filateurs, 1951
Vue en coupe CC avec silhouettes et tableaux
des légendes, crayon noir et couleur, encre de
chine sur calque épais, ni signé, ni daté
FLC 6809A
AHMEDABAD: MUSEU, 1951
Vista em elevação da fachada sul mostrando pilotis, paredes de vidro,
jardins, gárgulas, estrutura, nanquim, lápis preto e lápis azul sobre
papel vegetal espesso, sem assinatura, sem data
Ahmedabad: Musée ,1951
Vue en élévation de la façade Sud montrant pilotis, pans de verre,
jardins, gargouilles, structure, encre de chine et crayon noir et bleu
sur calque épais, ni signé, ni daté
FLC 6967
AHMEDABAD, MUSEU, 1951
Croqui de estudo, vista em planta baixa mostrando planejamento do
terreno, vias de acesso e implantação de edifícios, lápis preto e lápis
de cor, nanquim sobre papel vegetal, assinado por Le Corbusier e
datado de13/03/1952
Ahmedabad: Musée, 1951
Croquis d’étude, vue en plan montrant aménagement du terrain,
voies d’accès et implantation bâtiments, crayon noir et couleur,
encre de chine sur calque d’étude, signé Le Corbusier et daté
13/03/1952
FLC 7013
115
116
AHMEDABAD: casa SARABHAI, 1955
Vista em elevação da fachada sudeste e em elevação lateral da fachada
sudeste, lápis preto e azul, nanquim sobre papel vegetal espesso, sem
assinatura, sem data
Ahmedabad: villa Sarabhai, 1955
Elévation façade Sud-Ouest et élévation latérale Sud-Est, crayon noir et
bleu, encre de chine sur calque épais, ni signé, ni daté
FLC 6695A
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Ahmedabad: casa Sarabhai, 1955
Dois cortes com cotas, anotações e croqui no alto, lápis preto e azul,
nanquim sobre papel vegetal espesso, sem assinatura, sem data
Ahmedabad: villa Sarabhai, 1955
Deux coupes avec cotes, note et croquis en haut, crayon noir et
bleu, encre de chine sur calque épais, ni signé, ni daté
118
FLC 6694
Ahmedabad: casa Sarabhai, 1955
Croqui de estudo com cotas do térreo, com quebra-sol,
lápis preto e lápis de cor, tinta azul sobre papel vegetal, sem
assinatura, sem data
Ahmedabad: villa Sarabhai, 1955
Croquis d’étude en couleur du rez de chaussée, avec les brisesoleil, crayon noir, crayons de couleur, encre bleue sur calque
d’étude, ni signé, ni daté
FLC 31904
Ahmedabad: casa Shodhan, 1951
Corte A – B, lápis preto e lápis de cor, tinta azul sobre
papel vegetal, sem assinatura, sem data
Ahmedabad: villa Shodhan, 1951
Coupe A – B, crayon noir et couleur, encre bleue sur
calque d’étude, ni signé, ni daté
FLC 6618
Ahmedabad: casa Shodhan, 1951
Vista em planta baixa do térreo com numeração e legenda,
lápis preto e nanquim sobre papel vegetal espesso, assinado
por Le Corbusier, sem data
Ahmedabad: villa Shodhan, 1951
Vue en plan du rez de chaussée avec numérotation et
légende, crayon noir et encre de chine sur calque épais,
signé Le Corbusier, non daté
FLC 6406
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Ahmedabad: casa Shodhan, 1951
Vista em elevação da fachada sudeste com sombras, vegetação e silhuetas, lápis
preto e azul, nanquim sobre papel vegetal espesso, sem assinatura, sem data
Ahmedabad: villa Shodhan, 1951
Elévation de façade Sud-Ouest avec ombres, végétation et silhouettes, crayon
noir et bleu, encre de chine sur calque épais, ni signé, ni daté
FLC 6412
121
122
Convento Sainte Marie de La Tourette (1953–1960)
Couvent de la Touret te (1953–1960)
Construído em Evreux sur Arbeste, cidade
próxima de Lyon, o Convento de La Tourette
representa atualmente uma interpretação
totalmente radical e inovadora do convento
cisterciense, legado deixado pela tradição
medieval. Sobre um terreno em forte declive
em direção ao norte, Le Corbusier implantou
seu projeto sob a forma de dois corpos de
edifício organizados em volta de um pátio
retangular. O primeiro, em forma de U, abriga
em diferentes níveis a parte habitacional do
convento com suas cozinhas, seu refeitório,
seus quartos para os monges e sua biblioteca.
O segundo, na perpendicular em relação ao
primeiro, reúne a igreja e seus anexos. Enfim,
um conjunto inteiro de espaços intensamente
vitrificados pelas paredes de vidro “onduladas”,
concebidas por Yannis Xénakis que, tal como
uma pauta musical dimensionada no Modulor,
ocupam o espaço vazio central do convento
para conectar suas diferentes partes. Aqui,
trata-se de uma reinterpretação totalmente
notável da tipologia do claustro. A esta
primeira estrutura arquitetônica, muito racional
na sua ortogonalidade, adicionou-se, como
por contraponto, uma série de elementos,
como o oratório em forma de pirâmide, o
cilindro da escada helicoidal, as paredes
curvas da entrada, a curva da cripta ao longo
das laterais da igreja, o bloco da sacristia...
Como de costume, Le Corbusier aproveitou a
invenção ou, se preferirmos, a transformação
deste projeto excepcional pensado segundo
a regra dominicana, para adicionar elementos
de seu vocabulário e o fez de maneira
provocadora, como no caso dos poços de luz,
que proporcionam uma iluminação natural que
muda ao longo das horas e das estações, no
coração desta arquitetura sagrada.
123
EVEUX: CONVENTO SAINTE MARIE DE LA TOURETTE, 1953
Elevações e cortes das fachadas com legendas, cálculos e anotações, lápis
preto sobre papel vegetal grosso, sem assinatura, datado de 15/05/1955
Eveux: Couvent Sainte Marie de la Tourette, 1953
Elévations et coupes des façades avec légendes, calculs et notes, crayon
noir sur calque épais, non signé, daté 15/05/1955
FLC 1340
124
Construit à Eveux sur Arbresle, près de Lyon, le couvent de la
Tourette représente aujourd’hui une interprétation toute à fait
radicale et innovante du couvent cistercien, légué par la tradition
médiévale. Sur un terrain en très forte pente, descendant
vers le nord, Le Corbusier implante son projet sous la forme
de deux corps de bâtiments organisés autour d’une cour
rectangulaire. Le premier en forme de U, abrite sur différents
niveaux, la partie habitative du couvent avec ses cuisines, son
réfectoire, ses chambres pour les moines, sa bibliothèque. Le
second à la perpendiculaire du premier, abrite l’église et sa
annexes. Tout un ensemble de conduits largement vitrés, grâce
aux pans de verres “ondulatoires” conçus par Yannis Xénakis,
telle une portée musicale dimensionnée au Modulor, occupe
l’espace vide central du couvent, pour relier entre elles les
différentes entités de celui-ci. Il s’agit ici d’une réinterprétation
tout à fait remarquable de la typologie du cloître. A cette
première structure architectonique, très rationnelle dans son
orthogonalité, viennent s’ajouter comme dans un contrepoint,
une série d’éléments comme l’oratoire en forme de pyramide, le
cylindre de l’escalier hélicoïdal, les parois courbes des parloirs
dans l’entrée, la courbe de la crypte qui vient longer le flanc
de l’église, le bloc de la sacristie… Comme à son habitude,
Le Corbusier profite de l’invention ou de la transformation de
ce projet exceptionnel, pensé sur la règle dominicaine, pour
ajouter des éléments à son vocabulaire et ce d’une manière
provocatrice, comme les mitraillettes ou les canons à lumière
qui viennent amener un éclairage naturel changeant au fil des
heures et des saisons, au cœur de cette architecture sacrée.
EVEUX: CONVENTO SAINTE MARIE DE LA TOURETTE, 1953
Elevação da fachada norte da igreja com croqui, indicações e cotas,
lápis preto sobre papel vegetal de espessura média, sem assinatura,
datado de 20/11/1956
Eveux: Couvent Sainte Marie de la Tourette, 1953
Elévation façade Nord de l’église avec croquis, indications et cotes,
crayon noir sur calque moyen, non signé, daté 20/11/1956
FLC 1339
125
Pavilhão do Brasil, Paris (1953–1959)
Pavillon du Brésil, Paris (1953–1959)
126
Neste edifício, construído na Cidade Universitária Internacional de Paris, Le Corbusier colaborou novamente com Lucio
Costa. Ele o construiu, assim como em outros casos, em proximidade com um outro de seus famosos projetos: o Pavilhão
Suíço, que ele edificou no começo dos anos 30. Com o Pavilhão do Brasil, Le Corbusier seguiu no caminho dessa
arquitetura “brutalista”, cuja força de expressão, pela natureza dos materiais utilizados, pelas suas diferentes texturas e
pelos jogos de policromia... exala uma grande força poética, quase arcaica. Aqui, o desenho do volume dos quartos, cujo
lado norte é definido por um jogo de linhas oblíquas, enquanto o lado sul, assim como em Marselha, é perfurado pela
repetição de alvéolos das galerias, repousa, assim como o seu vizinho, o Pavilhão Suíço, sobre um potente pilotis. Sob este
pilotis, o térreo surge de modo muito sutil para proporcionar espaços de grande sensualidade, que reúnem a recepção, os
espaços comunitários do pavilhão e um pequeno anfiteatro. Em frente a este pavilhão, voltada para a avenida, a casa do
guarda, com seu telhado inclinado, relembra, caso necessário, que se trata de uma arquitetura de habitações, na qual, não
por acaso, existem alguns traços de semelhança com a arquitetura das Unidades Habitacionais.
Avec ce bâtiment construit dans le cadre de la Cité Universitaire Internationale de Paris, Le Corbusier collabore à
nouveau avec Lucio Costa. Il construit également à proximité d’un autre de ses célèbres projets: le pavillon Suisse qu’il
a édifié au début des années trente. Avec le pavillon du Brésil, Le Corbusier continue dans la voie de cette architecture
“brutaliste” dont la force d’expression, de par la nature des matériaux employés, le contraste de leurs différentes
textures, les jeux de polychromie… dégage une grande force poétique, presque archaïsante. Ici le prisme du volume
des chambres, dont la paroi nord est définie par un jeu de lignes obliques, tandis que la paroi sud, comme à Marseille
est percée par la répétition des alvéoles de loggias, repose comme son voisin, le pavillon Suisse, sur un puissant
pilotis. Sous ce pilotis, le sol du rez de chaussée vient se glisser d’une manière très subtile, pour délivrer des espaces
d’une grande sensualité et qui abritent l’accueil, les espaces communs du pavillon ainsi qu’un petit amphithéâtre. Au
devant de ce pavillon, côté boulevard, la maison du gardien avec son toit incliné rappelle s’il en était besoin, qu’il
s’agit là d’une architecture de logements, dont certains traits de similitude avec l’architecture des Unités d’Habitation,
ne sont certainement pas fortuits.
PARIS: CIDADE UNIVERSITÁRIA,
CASA DO BRASIL, 1953
Elevação da fachada noroeste com
silhuetas e vegetação, assinado por Le
Corbusier e datado de 22/02/56
Paris: Cité universitaire,
Maison du Brésil, 1953
Elévation de la façade Nord-Ouest avec
silhouettes et végétation, encre de chine
sur calque moyen, signé Le Corbusier et
daté 22/02/56
FLC 12569
PARIS: CIDADE UNIVERSITÁRIA,
CASA DO BRASIL ,1953
Elevação da fachada sudeste com
silhuetas e vegetação nanquim sobre
papel vegetal de textura média, assinado
por Le Corbusier, sem data
Paris: Cité universitaire,
Maison du Brésil, 1953
Elévation de la façade Sud-Est avec
silhouettes et végétation, encre de chine
sur calque moyen, signé Le Corbusier,
non daté
FLC 12570
PARIS: CIDADE UNIVERSITÁRIA,
CASA DO BRASIL, 1953
Planta dos anexos do térreo com legenda
e orientação, nanquim sobre papel vegetal,
assinado por Le Corbusier e datado de
22/02/56
Paris: Cité universitaire,
Maison du Brésil, 1953
Plan des annexes du rez-de-chaussée avec
légende et orientation, encre de chine sur
calque d’étude, signé Le Corbusier et daté
22/02/56
FLC 12568
127
128
Fir miny: Casa da Cultura (1955–1965)
Firminy: Maison de la Culture (1955–1965)
A cidade de Firminy, na região do Loire, no centro da França,
abriga atualmente um conjunto de edifícios que constitui um
sítio “Le Corbusier” totalmente excepcional. No projeto mestre
desse novo bairro, o estádio está no centro da composição.
Um pouco mais ao longe, sobre uma colina, está a Unidade
Habitacional. Nas proximidades desse estádio, a Casa da
Cultura, cujo corte lembra um arquibancada, traz, com suas
fachadas inclinadas que dão uma impressão de desequilíbrio,
um efeito de aspecto completamente único que realça o valor
desse antigo sítio de sua carreira.
La ville de Firminy dans la Loire, au centre de la France,
abrite aujourd’hui un ensemble de bâtiments constituant un
site “Le Corbusier” tout à fait exceptionnel. Dans le master
plan de ce nouveau quartier, le stade est au centre de la
composition. Un peu à l’écart, sur une colline, se tient l’Unité
d’habitation. En bordure de ce stade, la Maison de la Culture,
dont la coupe évoque celle d’un gradin, amène avec ses
façades inclinées en porte à faux, un effet de silhouette tout
à fait particulier pour la valorisation de cet ancien site de
carrière.
Com seus elementos de fachada policrômicos, seu concreto
deixado no estado bruto após o desarme e sua rampa de
acesso, a Casa da Cultura de Firminy é uma obra corbusiana
no sentido completo do termo. O tratamento dado ao frontão
sul, com uma imensa gárgula para evacuar as águas pluviais,
e o baixo-relevo executado em profundidade na massa de
concreto, adicionam uma particularidade ainda maior a este
desenho original de Le Corbusier.
Avec ses éléments de façade polychromes, son béton brut
de décoffrage, sa rampe d’accès, la Maison de la Culture
de Firminy est une œuvre corbuséenne au plein sens du
terme. Le traitement de son pignon sud avec son immense
gargouille pour évacuer les eaux de pluie et son bas relief
exécuté en creux dans la masse du béton de cette façade
sur un dessin original de Le Corbusier, ajoute encore à la
particularité de cet édifice.
Em frente a esta Casa da Cultura, acaba de ser terminada a
Igreja Saint Pierre (1960–2006), última obra póstuma de Le
Corbusier.
En face de cette Maison de la Culture, vient d’être terminée
l’Eglise Saint Pierre (1960/2006), dernière œuvre posthume
de Le Corbusier.
FIRMINY: CASA DA CULTURA, 1956
Fachadas leste-oeste e norte-sul, corte longitudinal, dois cortes
transversais, cotas de nível e silhueta, lápis sobre papel tirage
hélio, sem assinatura, datado de 01/02/1961
Firminy: Maison de la Culture, 1956
Façades est-ouest et nord-sud, coupe longitudinale, 2 coupes
transversales, côtes de niveau et silhouette, crayon sur papier
tirage hélio, non signé, daté 01/02/1961
FLC 16847
129
130
FIRMINY: CASA DA CULTURA, 1956
Desenho de estudo, perspectiva interior do alojamento com
silhuetas, nanquim sobre papel vegetal, assinado por Le
Corbusier e datado de 10/1956
Firminy: Maison de la Culture, 1956
Dessin d’étude, perspective intérieure dans le foyer avec
silhouettes, encre de chine sur calque épais, signé Le
Corbusier et daté 10/1956
FLC 16815
FIRMINY: CASA DA CULTURA, 1956
Desenhos de estudo, perspectiva interior da biblioteca com
silhuetas e decoração interior, nanquim sobre papel vegetal
espesso, assinado por Le Corbusier datado de 20/10/1956
Firminy: Maison de la Culture, 1956
Dessins étude perspective intérieure sur bibliothèque avec
silhouettes et aménagement intérieur, encre de chine sur
calque épais, signé Le Corbusier et daté 20/10/1956
FLC 16817
FIRMINY: CASA DA CULTURA, 1956
Desenho em perspectiva interior do hall de entrada com
silhuetas e decoração, nanquim sobre papel vegetal, assinado
por Le Corbusier e datado de 02/10/1956
Firminy: Maison de la Culture, 1956
Dessin en perspective intérieure sur hall d’entrée avec
silhouettes et aménagements, encre de chine sur calque
épais, signé Le Corbusier et daté 02/10/1956
FLC 16818
FIRMINY: CASA DA CULTURA, 1956
Desenho em perspectiva interior do hall de entrada com
silhuetas e decoração, nanquim sobre papel vegetal, assinado
por Le Corbusier e datado de 01/10/1956
Firminy: Maison de la Culture, 1956
Dessin en perspective intérieure sur hall d’entrée avec
silhouettes et aménagement, encre de chine sur calque épais,
signé Le Corbusier et daté 01/10/1956
FLC 16819
131
132
FIRMINY: IGREJA SAINT PIERRE, 1960
Croqui à mão livre para estudo de elementos
acústicos na parte externa da cúpula da igreja
acompanhado de uma nota explicativa, caneta
preta sobre papel machine, sem assinatura,
datado de 27/09/1955
Firminy: Eglise Saint Pierre, 1960
Croquis à main levée pour l’étude d’éléments
acoustiques à l’extérieur de la coque de
l’église accompagné d’une note explicative,
stylo noir sur papier machine, non signé, daté
27/09/1955
FLC 32085
FIRMINY: IGREJA SAINT PIERRE, 1960
Corte 2 leste-oeste com quadro de legendas,
numeração, silhuetas, tirage sobre papel vegetal
médio, assinado por Oubrerie e datado de
27/10/1970
Firminy: Eglise Saint Pierre, 1960
Coupe 2 - Est – Ouest avec tableau de
légendes, numérotation, silhouettes, tirage
sur calque moyen, signé Oubrerie et daté
27/10/1970
FLC 32244
133
134
Museu de Tóquio (1959)
Musée de Tokyo (1959)
Desde os anos 30, Le Corbusier havia teorizado a construção
de um museu que ele denominava: “O museu do crescimento
ilimitado”. Esta nova tipologia, pensada no modelo de uma
espiral quadrada, que simboliza a infinitude do conhecimento,
serviu de base para a construção, em Tóquio, deste museu
chamado atualmente Museu Nacional de Belas Artes do
Ocidente. Encomendado para abrigar a coleção de obras
impressionistas pertencente a um mecenas japonês residente
em Paris, este museu veio acompanhado por toda uma série
de edifícios para sediar exposições temporárias. O emprego
de dois materiais domina esta arquitetura: o concreto deixado
no estado bruto após o desarme, e o meio-fio, composto de
pedras naturais embutidas no concreto.
Dès les années trente, Le Corbusier avait théorisé la
construction d’un musée type qu’il avait intitulé: “Le musée
à croissance illimitée”. Cette nouvelle typologie, pensée sur
le modèle d’une spirale carrée, symbolisant l’infinitude de la
connaissance, va servir de base à la construction à Tokyo de
ce musée appelé aujourd’hui: Musée National des Beaux Arts
de l’Occident. Commandé pour abriter la collection d’œuvres
impressionnistes, appartenant à un mécène japonais installé
à Paris, ce musée est accompagné de toute une série de
bâtiments annexes abritant des expositions temporaires.
L’emploi de deux matériaux domine cette architecture:
le béton brut de décoffrage, et les parements de pierre
naturelle enchassées dans le béton pour les éléments de
parements des façades.
135
TÓQUiO: MUSEU DE ARTE OCIDENTAL, 1957
Desenho em corte de níveis com legendas, indicações de
materiais, iluminação, silhuetas, tirage hélio sobre papel
tirage, assinado por Le Corbusier e datado de 09/07/1956
TÓQUiO: MUSEU DE ARTE OCIDENTAL ,1957
Desenho em planta baixa dos pavimentos 3, 4, 4bis e 5 do
edifício, com quadro de legendas, tirage hélio sobre papel
tirage, assinado por Le Corbusier e datado de 09/07/1956
Tokyo: Musée d’Art Occidental, 1957
Dessin en coupe de niveaux avec légendes, indications de
matériaux, éclairage, silhouettes, tirage hélio sur papier
tirage, signé Le Corbusier et daté 09/07/1956
Tokyo: Musée d’Art Occidental, 1957
Dessin en plan des niveaux 3, 4, 4bis, et 5 du bâtiment
avec tableau de légendes, tirage hélio sur papier tirage,
signé Le Corbusier et daté 09/07/1956
FLC 24617
FLC 24616
136
137
TÓQUiO: MUSEU DE ARTE OCIDENTAL, 1957
Desenho em planta de conjunto dos edifícios culturais com quadro de
legendas e orientação, tirage hélio sobre papel tirage, assinado por Le
Corbusier e datado de 09/07/1956
Tokyo: Musée d’Art Occidental, 1957
Dessin en plan d’ensemble des bâtiments culturels avec tableau de
légendes et orientation, tirage hélio sur papier tirage, signé Le Corbusier
et daté 09/07/1956
FLC 24615
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Hospital de Vene za (1964–1965)
Hôpital de Venise (1964–1965)
A construção de um novo hospital em Veneza foi um projeto
que nunca chegou a ser realizado, mas cujo interesse histórico
e teórico não sofre de nenhuma ambiguidade com relação à
história do urbanismo e da arquitetura do século XX. Pensado
como uma prolongação do bairro do Canareggio, o mais
setentrional dos “Sestieri” de Veneza, próximo à estação
ferroviária, este projeto, contrário à ideia de arquitetura/objeto,
corresponde à criação de um fragmento de tecido urbano,
uma espécie de “urbatectura”, que ingressa habilmente no
gabarito da morfologia urbana de Veneza. Tudo retomando
princípios tipológicos, assim como no caso dos corredores do
hospital, pensados como verdadeiras “calle” venezianas ou
“sottoporteghi”, passagens cobertas que permitem penetrar
nos corações dos bairros.
Construir uma arquitetura contemporânea em Veneza foi uma
problemática com a qual se confrontaram vários mestres da
arquitetura moderna. Portanto, desse ponto de vista, a proposta
radical de Le Corbusier pertence, hoje, ao imaginário histórico
da história da Sereníssima.
Le projet de construction d’un nouvel hôpital à Venise est
un projet qui ne verra jamais le jour, mais dont l’intérêt
historique et théorique, ne souffre d’aucune ambiguïté au
regard de l’histoire l’urbanisme et de l’architecture du XXe
siécle. Pensé en prolongement du quartier du Canareggio,
le plus septentrional des “Sestieri” de Venise, à proximité
de la gare, ce projet, à l’opposé d’une architecture/objet,
correspond à la fabrique d’un morceau de tissu urbain,
une sorte d’“urbatecture” qui vient se glisser habilement
dans le gabarit de la morphologie vénitienne, tout en en
reprenant les principes typologiques comme les couloirs de
cet l’hôpital pensés comme de véritables “calle” vénitiennes
ou les “sottoporthegi” ou passages couverts qui permettent
de pénétrer dans les cœurs d’îlôt.
Construire une architecture contemporaine dans Venise aura
été une problématique à laquelle se seront confrontés de
nombreux maîtres de l’architecture moderne. De ce point
de vue, la proposition radicale de Le Corbusier appartient
aujourd’hui à l’imaginaire historique de l’histoire de la
Sérenissime.
139
Hospital de Veneza
Planta do terceiro nível com
quadro de legendas
Hôpital de Venise
Niveau3. Plan avec tableau
de légende
FLC 32173B
140
Hospital de Veneza
Planta do nível 2A com quadro de legendas
Hôpital de Venise
Niveau2A. Plan avec tableau de légende
FLC 32174B
141
Hospital de Veneza
Planta do primeiro nível com quadro de legendas
Hôpital de Venise
Niveau1. Plan avec tableau de légende
FLC 32173B
142
Maison d´homme Zurique (1967)
Maison d’homme Zurich (1967)
O Pavilhão de Zurique foi o último projeto construído
por Le Corbusier. Assim como em outros casos, trata-se
de uma projeto teorizado durante muito tempo e que
chegou à sua conclusão às margens do lago de Zurique.
Inteiramente construído em metal, esse quadrado duplo
se apresenta como um telhado quebra-sol sob o qual
são deslizadas duas caixas que constituem diferentes
espaços de exposição, recepção e serviço, conectadas
por uma rampa. A estrutura é em chapa de aço dobrada
e os diversos elementos policrômicos da fachada são
montados por parafusamento, de forma aparente. Com
esta pequena edificação, Le Corbusier previu, alguns
anos antes da construção do Centro Pompidou, uma
nova virada da arquitetura, de tal modo que as noções
de flexibilidade dos espaços e o aspecto construtivo
“do it yourself” tiveram suas origens na cultura pop.
Le pavillon de Zurich est le dernier projet construit
de Le Corbusier. Comme souvent il s’agit d’un
projet théorisé de longue date et qui va trouver son
aboutissement au bord du lac de Zurich. Entièrement
construit en métal, ce double carré se présente sous
la forme d’un toit parasol sous lequel sont glissées
deux boîtes desservies par une rampe et qui abritent
différents espaces d’exposition, d’accueil et de service.
La structure est en tôle d’acier pliée, les différents
éléments de façade polychromes sont assemblés par
boulonnage, d’une manière apparente. Avec ce petit
bâtiment, Le Corbusier préfigure, quelques années
avant la construction du Centre Pompidou, un nouveau
tournant de l’architecture dans laquelle les notions de
flexibilité des espaces ainsi que l’aspect constructif “do
it yourself”, puise ses origines dans la culture pop.
Zurich: Pavilhão de esposição ZHLC, 1963
Croqui em elevação da fachada com legendas, notas, croqui em
planta baixa do nível da habitação, lápis preto e colorido sobre
papel vegetal, sem assinatura, sem data
Zurich: Pavillon d’exposition ZHLC, 1963
Croquis élévation de la façade avec légendes, notes, croquis
en plan de niveau du logis, crayon noir et couleur sur calque
d’étude, ni signé, ni daté
FLC 21107
143
144
A Obra Plástica
L’œuvre plastique
145
146
147
Esta importante obra plástica, composta por quase 400 quadros,
aproximadamente 50 esculturas e quase o mesmo número de tapeçarias,
milhares de desenhos, centenas de litografias, colagens, esmaltes,
estampas,... associa-se intimamente à obra de Le Corbusier e ao seu trabalho
de urbanista e arquiteto. Melhor ainda, como ele mesmo relembrou: “Acho
que se foi possível dar alguma atenção à minha obra arquitetônica, é a este
trabalho secreto (subentendendo o desenho e a pintura) que é necessário
atribuir o valor profundo”.
Tendo como formação inicial a gravação em caixas de relógios, Le Corbusier
não deixou nunca de desenhar e pintar, apesar de uma recepção inicial de
sua obra plástica relativamente desanimada, resultante de uma crítica que
não amava a mistura de gêneros.
Após uma obra, a da juventude, que buscava a si mesma, mas durante a
qual ele realizou magníficos desenhos de viagens sob a forma de croquis,
aquarelas ou guaches, Charles Edouard Jeanneret, que ainda não assinava
como Le Corbusier, debutou em Paris, a partir de 1918, uma carreira de
pintor com a cumplicidade e com os conselhos perspicazes do pintor
Amédée Ozenfant. Juntos, eles publicaram uma obra intitulada “Após o
Cubismo”, na qual tornaram-se propagandistas de um novo movimento que
eles chamaram de “O Purismo”.
Toda a década 1920-1930 viu a produção de numerosas pinturas originadas
dessa doutrina, que louvava a representação de objetos do cotidiano,
como os pratos, os copos, os cachimbos, os instrumentos musicais; todos
montados como em naturezas mortas, mas criados por uma montagem
sábia, combinando a forma desses elementos entre si e um acabamento que
lhes dá toda uma originalidade.
Na década seguinte, já separado de Amédée Ozenfant, Le Corbusier abordou
uma nova fase de sua obra de pintura, introduzindo a figura humana e o
que ele chamou de os “objetos de reação poética”: seixos, pedras e outros
elementos retirados tanto do mundo industrial quanto da natureza. Sua
pintura ainda era figurativa, apesar de, às vezes, se aproximar das teorias
do surrealismo.
Na terceira e última parte de sua obra, cujas peças são apresentadas nesta
exposição, Le Corbusier aproximou-se da arte abstrata sem renunciar à
arte figurativa. Nesta última parte da obra, os temas mitológicos, como o
demonstra a série dos “Touros”, têm lugar importante. As formas utilizadas
em suas telas, o destacamento entre linhas de desenho e emprego da cor
geram um universo pictórico completamente singular, que tenta criar uma
mediação entre o mundo da arquitetura e aquele das artes plásticas.
A busca dessa unidade entre os diversos campos da expressão plástica
chegou ao seu final no começo dos anos 50, com a doutrina que Le Corbusier
chamou de: “A síntese das artes”.
148
Cette œuvre plastique, importante, près de 400 tableaux, une
cinquantaine de sculptures, presqu’autant de tapisseries, des milliers de
dessins, des centaines de lithographies, des papiers collés, des émaux,
des estampes… est associée étroitement dans l’œuvre de Le Corbusier,
à son travail d’urbaniste et d’architecte. Mieux, comme il le rappelle lui
même: “Je pense que si l’on a pu accorder quelque attention à mon œuvre
d’architecte, c’est à ce labeur secret (sous entendu le dessin et la peinture),
qu’il faut en attribuer la valeur profonde”.
Graveur de boîtiers de montres de formation, Le Corbusier n’aura jamais
cessé de dessiner et de peindre et ce malgré une réception de son œuvre
plastique plutôt boudée à ses débuts, par une critique n’aimant pas le
mélange des genres.
Après une œuvre de jeunesse qui se cherche, mais au cours de laquelle
il réalise de magnifiques dessins de voyages sous forme de croquis,
d’aquarelles ou de gouaches, Charles Edouard Jeanneret, qui ne signe
pas encore Le Corbusier, débute à Paris, dès 1918, une carrière de peintre
avec la complicité et sous les conseils avisés du peintre Amédée Ozenfant.
Ensemble, ils publient un ouvrage intitulé “Après le Cubisme” et dans
lesquelles ils se font les propagandistes d’un nouveau mouvement qu’ils
appelleront: “Le purisme”.
Toute la décennie 1920/1930, voit la production de nombreuses
peintures à partir de cette doctrine qui prône la représentation d’objets
du quotidien comme des assiettes, des verres, des pipes, des instruments
de musique, …assemblés comme dans des natures mortes, mais à partir
d’un montage savant qui combine la forme de ces éléments entre eux et
un rendu glacé et minutieux qui en fait toute l’originalité.
La décennie suivante, Le Corbusier qui s’est entre temps séparé d’Amédée
Ozenfant aborde une nouvelle phase de son œuvre peint, en introduisant
la figure humaine et ce qu’il nomme les “objets à réaction poétique”: des
cailloux, des galets, des éléments issus autant du monde industriel que
de celui de la nature. Sa peinture est alors encore figurative bien qu’elle
s’approche parfois des théories du surréalisme.
La troisième et dernière partie de l’œuvre dont quelques pièces sont
présentées dans cette exposition, voit Le Corbusier se rapprocher de
l’art abstrait, tout en ne renonçant pas à la figuration. Dans cette ultime
partie de l’œuvre les thèmes mythologiques comme le montre la série des
“Taureaux” tiennent une grande place. Les formes utilisées dans ses toiles,
le détachement entre lignes de dessin et emploi de la couleur génèrent
un univers pictural tout à fait singulier et qui tente une médiation entre le
monde de l’architecture et celui des autres arts plastiques.
La recherche de cette unité entre les divers champs de l’expression plastique,
trouvera son aboutissement au début dans années cinquante au travers de
la doctrine que Le Corbusier intitulera: “La synthèse des arts”.
149
150
Desenhos
Dessins
ESTUDO PARA A SÉRIE TOUROS, 1952
Giz colorido sobre papel preto, assinado
L-C e datado de 52 embaixo
Etude pour la série des
taureaux, 1952
Craies de couleurs sur papier noir,
signé L-C et daté 52 en bas
FLC 3151
151
DUAS MÃOS CRUZADAS, 1955
Lápis preto sobre papel, sem assinatura,
datado embaixo à direita “p. Touro XIII,
nascimento do Minotauro - maio 55”
Deux mains croisées, 1955
Crayon noir sur papier, non signé,
daté en bas à droite “p. Taureau XIII,
naissance du Minotaure - mai 55”
FLC 352
ESBOÇO SOBRE O TEMA DO TOURO
Grafite sobre papel, sem assinatura,
sem data
Esquisse sur le thème du Taureau
Mine de plomb sur papier, ni signé, ni daté
FLC 3537
152
MULHER E TOURO, 1955
Guache preto sobre papel, assinado
L-C e datado de Chandigarh nov. 55
embaixo à esquerda
Femme et taureau, 1955
Gouache noire sur papier, signé
L-C et daté Chandigarh nov. 55 en
bas à gauche
FLC 5446
VIOLONISTA, 1953
Tinta e lápis de cor sobre papel brun,
datado de Cap Martin 21 agosto 53
embaixo à esquerda
Guitariste, 1953
Encre et crayons de couleurs sur
papier brun, non signé, daté Cap
Martin 21 août 53 en bas à gauche
FLC 4346
Busto de mulher inclinada
tocando violão, 1953
Lápis de cor sobre papel, sem
assinatura, datado de Chandigarh
maio 53 acima à esquerda
Femme en buste penchée
jouant de la guitare, 1953
Crayons de couleurs sur papier,
non signé, daté Chandigarh mai
53 en haut à gauche
FLC 1476
153
ESTUDO PARA QUADRO “UBU”, 1940
Tinta, guache, pastéis e água sobre papel
canson, assinado Le Corbusier e datado de
Ozon 40 embaixo à direita
Etude pour tableau “Ubu”, 1940
Encre, gouache, pastels et eau sur papier
canson, signé Le Corbusier et daté Ozon
40 en bas à droite
FLC 3402
154
ÍCONE, 1956–1959
Caneta hidrocor e lápis de cor sobre papel
gaufré, assinado L-C à esquerda e datado
de Cap Martin 16/9/59 ao centro e 56/59
à esquerda
Icone, 1956–1959
Feutre et crayons de couleurs sur papier
gaufré, signé L-C à gauche et daté
Cap Martin 16/9/59 au milieu et 56/59
à gauche
FLC 5445
ÍCONE, 1956–1959
Caneta hidrocor preta sobre papel,
assinado L-C e datado de 56-59
Icone, 1956–1959
Feutre noir sur papier,
signé L-C et daté 56-59
FLC 4000
“César” (Touro LIMOUSIN campeão em 1900), 1955
Grafite sobre papel, pena, tinta azul, pastéis e água sobre
papel, assinado L-C e datado de Chandigarh 16 nov. 55
abaixo à direita
“César” (Taureau limousin champion en 1900), 1955
Mine de plomb, plume, encre bleue, pastels et eau sur papier,
signé L-C et daté Chandigarh 16 nov. 55 en bas à droite
FLC 3634
155
156
Litog rafias
Lithographies
CABEÇA E MÃOS CRUZADAS
Album Unité, prancha 14
Litografia
TÊTE ET MAINS CROISÉES
Planche 14 de l’Album Unité
Lithographie
157
CONCHA, PEIXE E MÃO
Prancha 6 do Álbum Unité
Litografia
COQUILLAGE, POISSON ET MAIN
Planche 6 de l’Album Unité
Lithographie
158
ESPIRAL E MÃOS CRUZADAS
Prancha 11 do Álbum Unité
Litografia
ESPIRAL E MÃOS CRUZADAS
Planche 11 de l’Album Unité
Lithographie
159
MÃOS E MULHER DEITADA
Prancha 11 do Álbum Unité
Litografia
MAINS ET FEMME ALLONGÉE
Planche 11 de l’Album Unité
Lithographie
160
TOURO
Prancha 2 do Álbum Unité
Litografia
TAUREAU
Planche 2 de l’Album Unité
Lithographie
161
MÃOS CRUZADAS
Prancha 16 do Álbum Unité
Litografia
MAINS CROISÉES
Planche 16 de l’Album Unité
Lithographie
162
Colag ens
Papiers collés
papelão para tapeçaria “Présence”, 1951
Colagem sobre papelão, com monograma L-C e
datado de 51 abaixo à direita
CARTON POUR TAPISSERIE “PRÉSENCE”, 1951
Papiers collés sur carton, monogrammé L-C
et date 51 en bas à droite
FLC 101
Papelão para tapeçaria
“Uma corda caíDa do céu”, 1930–1951
Colagem, tinta e caneta esferográfica sobre
papelão, assinado Le Corbusier e datado de
30-51 à tinta abaixo à direita
Carton pour tapisserie
“Une corde tomba du ciel”, 1930–1951
Papiers collés, encre et stylo bille sur carton,
signé Le Corbusier et daté 30-51 à l’encre
en bas à droite
FLC 102
163
Papelão para tapeçaria
“As ilhas são corpos de mulheres”, 1948
Folha impressa, com monograma L-C e datado
de 48 abaixo no centro
Carton pour tapisserie
“Les iles sont des corps de femmes”, 1948
Feuille imprimée, monogrammé L-C et daté 48
en bas au milieu
FLC 104
164
PROJETO DE CARTAZ PARA EXPOSIÇÃO
EM PARIS, 1962–1963
Colagem, tinta preta e giz branco sobre papel preto,
monograma L-C em giz branco abaixo à direita,
sem data
Projet d’affiche pour exposition:
Paris, 1962–1963
Papiers collés, encre noire et craie blanche sur
papier noir, monogrammé L-C à la craie blanche
em bas à droite, non daté
FLC 99
POLIFEMO, 1955
Colagem, papel jornal e tinta preta sobre papel
Ingres, assinado Le Corbusier e datado de janeiro 55
à tinta abaixo no centro
Polyphème, 1955
Papiers collés, papier journal et encre noire sur
papier Ingres, signé Le Corbusier et daté janvier 55
à l’encre en bas au milieu
FLC 100
165
DUAS DAMAS VIOLONISTAS
(PROJETO PARA TAPEÇARIA), 1960
Colagem sobre fundo de papel preto,
monograma L-C 60 datado de maio 60
abaixo à direita
Deux dames guitaristes
(projet pour tapisserie), 1960
Papiers collés sur fond papier noir,
monogrammé L-C 60 et daté mai 60
en bas vers la droite
FLC 114
O TOURO TRIVALENTE
Colagem colorida e tinta preta,
monograma L-C datado de Cap Martin
agosto 58 abaixo no centro
Le taureau trivalent
(projet pour tapisserie) - 1958
Papiers collés de couleurs et encre
noire, monogrammé L-C et daté Cap
Martin août 58 en bas au Milieu
FLC 111
166
Pinturas
Peintures
ARCOLE SIMLA, 1952
Óleo sobre tela
Arcole Simla, 1952
Huile sur toile
167
Totem 3
1926–1939–1961
Óleo sobre tela
Totem 3
1926–1939–1961
Huile sur toile
168
TOURO X ,1955
Óleo sobre tela
Taureau X, 1955
Huile sur toile
169
ÍCONE 3, 1956
Óleo sobre tela
Icône 3, 1956
Huile sur toile
170
TOURO X, 1955
Óleo sobre tela
Taureau X, 1955
Huile sur toile
Esculturas
Sculptures
TOTEM, 1950
Madeira natural e ferro
Totem, 1950
Bois naturel et fer
171
172
OZON II, 1940–1962
Madeira policromada
Ozon II, 1940–1962
Bois polychrome
173
Panurge II, 1962
Madeira policromada
Panurge II, 1962
Bois polychrome
174
Tapeçaria
Tapisseries
TRÊS MULHERES SOBRE FUNDO BRANCO, 1950
Tapeçaria
TROIS FEMMES SUR FOND BLANC, 1950
Tapisserie
175
NATUREZA MORTA, 1965
Tapeçaria
NATUREZA MORTA, 1965
Tapisserie
176
Biog rafia
BIOGRAPHIE
177
178
1887 6 de outubro, nascimento de Charles-Edouard
Jeanneret (Le Corbusier), rua De La Serre, em La Chauxde-Fonds, filho de Georges Edouard Jeanneret, cinzelador
e esmaltador de relógios, e de Marie Charlotte Amélie
Jeanneret-Perret, musicista.
1891
Escola primária de La Chaux-de-Fonds.
1900 Formação como gravador na Escola de Arte em
que ensina Charles l’Eplattenier.
1902 Diploma honorífico na Exposição Internacional
das Artes Decorativas de Turim por um relógio gravado.
1904 Início do curso superior de decoração (anexo
da escola) dirigido por Charles L´Eplattenier, que leva Le
Corbusier para a arquitetura.
1905 Encomenda de um projeto de mansão em La
Chaux-de-Fonds por um membro da comissão da Escola
de Arte, Louis Fallet, em colaboração com René Chapallaz, arquiteto.
1907 Viagem de dois meses e meio pela Itália: Milão, Florença (setembro) – visita ao Convento de Ema
em Galluzzo; Siena, Bolonha, Padova, Gargoano, Veneza
(outubro – início de novembro). Em novembro, Viena, via
Budapeste. Estadia de quatro meses em Viena: elaboração dos projetos das mansões Stotzer et Jacquemet (La
Chaux-de-Fonds).
1908 Viena: encontro com J. Hoffmann e os artistas
Moser e Klimt.
1909 Em março, viagem a Paris via Nuremberg, Strasburgo, Nancy. Em Lyon, encontro com Tony Garnier. Em
Paris, visita a Jourdain Plumet, Sauvage, Grasset. Trabalho
com Auguste e Gustave Perret como desenhista. Outono:
retorno para La Chaux-de-Fonds para construir as mansões Sotzer e Jacquemet.
1910 Fundação dos Ateliers “d’Arts Réunis” (Artes
Reunidas) para a melhoria da Arte. Participação em uma
corrida nacional de ski (Grindelwald). Abril: Missão da
Escola de Arte de La Chaux-de-Fonds para estudar o movimento das Artes Aplicadas na Alemanha. “Estudo sobre
o movimento da Arte Decorativa na Alemanha”, publicado em 1912 em La Chaux-de-Fonds. Inverno: 5 meses
no atelier Peter Behrens (Berlin). Encontro com Mies Van
der Rohe e Walter Gropius.
1911 Encontro com Heinrich Tessenow, arquiteto da
cidade-jardim de Hellerau. Em maio, partida para Dresden para a viagem ao Oriente: Praga, Viena, Budapeste,
Belgrado, Bucareste, Tarnovo, Gabrovo, Kasanlink, Istambul, Monte Athos (21 dias), Atenas e Itália meridional,
em companhia de seu amigo, Auguste Klipstein, estudante de história da arte. Durante esta viagem, vários desenhos, croquis, notas consignadas em seis cadernetas e
várias centenas de fotografias. Redação de artigos para
a “Feuille d´Avis” de La Chaux-de-Fonds. Outubro: retorno para La Chaux-de-Fonds, passando pelo Convento de
Ema, para criar com Charles l’Eplattenier, uma nova seção
na Escola de Arte.
1912 La Chaux-de-Fonds: construção da mansão Jeanneret-Perret e Favre-Jacot (Le Locle).
1913 Primeira exposição “A linguagem das Pedras” no
salão de outono em Paris.
1914 Viagem a Colônia (Exposição do Werkbund). Estudos para a casa “Dom-Ino”.
1915 Estadias ocasionais em Paris para estudar na
Biblioteca Nacional (departamento de gravuras). Preparação do manuscrito “A construção das cidades”.
1916 Construção da Mansão Schwob (La Chaux-deFonds) e do cinema La Scala (La Chaux–de-Fonds).
1917 Partida definitiva de La Chaud-de-Fonds. Abertura do primeiro atelier de arquitetura na Rua de Belzunce nº 20 e, em seguida, na Astorg nº 29. Instalação até
1933 na Rua Jacob nº 20. Conselheiro da Sociedade
de aplicação de concreto armado (abril 1917 – janeiro
1919).
1918 Encontro com o pintor Amédée Ozenfant e vários artistas: Braque, Juan Gris, Picasso, Lipchitz, etc.
Primeira pintura “La chéminée” (A chaminé). Exposição
“purista” na Galeria Thomas em Paris, com Ozenfant.
1919 Fundação de “L´esprit nouveau”(O espírito
movo) em colaboração com Amédée, Ozenfant e Paul
Dermée.
1920 Encontro com Fernand Léger. Adota o pseudônimo Le Corbusier do nome de um de seus ancestrais
albigenses.
1921 Com Ozenfant, aquisição de obras para Raoul
La Roche na venda Kahnweiller. Exposição de quadros
Jeanneret na Galeria Druet.
1922 Início da colaboração com seu primo Pierre
Jeanneret. Primeira conferência na Sorbonne. Encontro
com Yvonne Gallis, manequim monegasca, com quem Le
Corbusier se casa em 1930. Apresentação do projeto
da Cidade Contemporânea de três milhões de habitantes no Salão de Outono. Construção da Mansão Besnus
(Vaucresson) e do atelier Ozenfant (Paris). Estudos para
diversos projetos: casa Citrohan, imóveis-mansões...
179
180
1923 Publicação de “Vers une architecture” (Para
uma arquitetura). Exposição Jeanneret-Ozenfant na Galerie “l’Effort Moderne”(O esforço moderno) de Léonce
Rosenberg. Construção das mansões La Roche e Jeanneret (Paris – Auteuil) e “Le Lac” (“O lago”) [“La petite
Maison” (“A casinha”) – Corseaux].
1924 Instalação do atelier da Rua de Sèvres nº 35
(Paris). Conferências em Genebra, Lausane, Praga. Encontro com Krishnamurti. Publicação de “Urbanisme”.
Construção de casas para operários (Lège – Gironde) e
das casas Lipchitz-Miestschaninoff (Boulogne sur Seine).
1925 Publicação de “A arte decorativa atual), “Almanaque da arquitetura moderna” , “A pintura moderna”
(com Ozenfant). Apresentação ao Ministro Anatole de
Monzie por Gertrude Stein. Construção do “Pavilhão do
Espírito Novo” (Paris) e da “Cidade Frugès” (Pessac).
Estudos para “O projeto vizinho” e a mansão Meyer.
1926 Morte de Edouard Jeanneret, pai de Le Corbusier,
dia 11 de abril. Publicação de “Arquitetura da época
maquinista”. Construção da mansão Cook (Boulogne
sur Seine), da casa Guiette (Anvers), da casa Ternisien
(Boulogne sur Seine) e do Palácio do Povo (Exército de
Salvação, Paris).
1927 Conferências em Madri, Barcelona (visita às construções de Antonio Gaudi), Bruxelas, Frankfurt. Concurso
para o Palácio da Sociedade das Nações em Genebra.
Construção da mansão Stein (Garches), da casa Planeix
(Paris) e das mansões Weissenhof (Stuttgart).
1928 Fundação dos CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna) em La Sarraz. Publicação
de “Uma casa – um palácio”. Conferências em Praga e
Moscou. Férias em Picquey (Bassin d´Arcachon). Construção da mansão Baizeau (Cartagena), da mansão
Church (Ville d´Avray), do Pavilhão Nestlé (Paris) e do
Centrosoyus (Moscou).
1929 Viagens pela América do Sul. Dez conferências.
Encontro com Josephine Baker no navio entre Bordeaux
e Rio de Janeiro. Apresentação, no Salão de Outono, dos
móveis Le Corbusier, em colaboração com Charlotte Perriand e Pierre Jeanneret. II CIAM em Frankfurt. Construção
da mansão Savoie (Poissy), estudos para o Mundaneum e
o urbanismo na América do Sul.
1930 Naturalização francesa, casamento com Yvonne
Gallis dia 18 de dezembro. Viagem a Moscou (encontros
com Meyerhold, Taïrov, Eisenstein). Viagem pela Espanha com F. Léger, Pierre Jeanneret. III CIAM em Bruxelas.
Publicação de “Precisões sobre o estado atual da arquitetura e do urbanismo”. Colaboração na revista “Plans”.
Construção do apartamento de Beistéqui (Paris), da
mansão de Mandrot (Le Pradet), do imóvel Clarté (Genebra) e do Pavilhão Suíço (Cidade Universitária, Paris).
Projetos de urbanismo em Argel e estudos da “Cidade
resplandecente” e do Palácio dos Soviets.
1931 Viagem pela Espanha em companhia de Pierre
Jeanneret, Marrocos e Argélia. Visita do M´Zab (Ghardaïa). Construção do imóvel na Rua Nungesser et Coli
(Boulogne sur Seine).
1932 Participação no concurso de ideias para a Exposição das Artes Técnicas (1937). Conferências em
Estocolmo, Oslo, Göteborg, Anvers, Argel, CIRPAC em
Barcelona.
1933 Doutor Honoris Causa da Faculdade de Zurique.
IV CIAM em Atenas.
1934 Instalação em seu apartamento-atelier-terraço
no 7º andar do imóvel da rua Nungesser et Coli nº 24.
Conferências em Roma, Milão, Argel, Barcelona. Frequentes viagens a Argel. Visita à fábrica Fiat em Turim.
1935 Publicação de “Aircraft” e “A cidade resplandecente”, Série de conferências em Boston, Chicago, Filadélfia, Madison, Hartford. Viagem à Tchecoslováquia
(Zlin). Encontro com Joseph Savina. Exposição de arte
primitiva por Louis Carré no apartamento de Le Corbusier. Construção da casa de fim de semana (La Celle Saint
Cloud) e da mansão Sextant (Les Mathes).
1936 Segunda viagem pela América do Sul a bordo
do Graf-Zeppelin. Encontros com Oscar Niemeyer, Lúcio
Costa, Affonso Reidy e outros para a construção do Ministério da Educação Nacional e da Saúde. Conferências
(Rio de Janeiro). Estudos para o estádio de 100.000
pessoas (Paris).
1937 Cavalheiro da Legião de Honra. V CIAM em
Paris. Conferências em Bruxelas e Lyon. Publicação de
“Quando as catedrais eram brancas”. Construção do Pavilhão dos Tempos Novos. Estudo do Plano de Paris e do
imóvel Cartesiano.
1938 Exposição de pintura no Kunsthaus de Zurique e
na Galeria L. Carré (Paris). Cirurgia no Hospital de SaintTropez após um acidente provocado por uma hélice de
barco durante um banho. Publicação de “Canhões, munições? Obrigado! Habitações, por favor” e “A ilha insalubre nº 6”. Realização de oito afrescos na casa de J.
Badovici em Cap Martin.
1939 Encontro com Jean Giraudoux durante a criação de um comitê de estudos preparatórios de urbanismo (CEPU). Diploma de membro estrangeiro da
181
Academia Real de Belas-Artes de Estocolmo. Publicação de “O lirismo dos novos tempos” e “Urbanismo”
na revista “Le Point”.
1940 No dia 11 de junho de 1940, fechamento do
ateliê na Rua de Sèvres nº 35.
1941 Partida para Ozon (Pirineus) com sua mulher,
Yvonne, e Pierre Jeanneret. Estadia prolongada em Vichy. Publicação de “Destino de Paris” e de “Nas quatro
estradas”.
1942 Fundação da ASCORAL (Assembléia de Construtores para a Renovação Arquitetural). Missão oficial
em Argel. Reabertura do atelier da Rua de Sèvres n° 35.
Publicação de “A casa dos homens” com F. de Pierrefeu
e de “Construções Murondins”.
1943/44 Início da colaboração com Joseph Savina. Publicação de “Conversas com os estudantes das escolas
de arquitetura” e de “A carta de Atenas”. Pesquisas sobre
as Unidades de Habitação.
1945 Fundação do ATBAT (Ateliê dos edificadores).
Encontro com Eugène Claudius Petit. Partida a bordo do
liberty ship “Vernon S. Hood”: aperfeiçoamento dos estudos sobre o Modulor com Hanning. Publicação de “Três
Estabelecimentos Humanos”.
1946 Viagem aos Estados Unidos. Encontro com Albert Einstein.
1947 Perito da Comissão Sede da ONU para a construção do Palácio das Nações Unidas. Conferências sobre o Modular. VI CIAM em Bridgewater. Apresentação
da grade CIAM. Conferências em Bogotá. Exposição em
Viena. Publicação de “Proposta de urbanismo”, “Maneira
de pensar o Urbanismo e Sede da ONU”. Construção da
usina Claude e Duval (Saint Dié) e lançamento da pedra
fundamental da Unidade de Habitação (Marselha).
1948 Várias exposições nos Estados Unidos. VII CIAM
em Bérgamo.
1949 Início da colaboração com Pierre Baudouin para
a execução de tapeçarias. Publicação de “New world of
space”. Construção da mansão Curutchet (La Plata). Visita da Unidade de Habitação de Marselha com Jean Pierre
Aumont.
1950 Primeiros esboços para a Capela de Ronchamp.
Designação como Conselheiro do Governo do Punjab
para a realização de sua nova capital, com Pierre Jeanneret, Maxwell Fry e Jane Drew. Publicação do “Modulor I”,
de “Poesia sobre Argel” e de “Unidade de Habitação de
Marselha”. Construção da Cabana em Cap Martin.
182
1951 18 de fevereiro: primeira viagem à Índia. Visita a
Chandigarh e Ahmedabad. VIII CIAM em Hoddesdon. Conferências em Bogotá. Estadia em Nova York e trabalho com
Constantino Nivola sobre esculturas de areia e pinturas
murais. Afastamento de Le Corbusier do concurso para a
construção da sede da UNESCO. Exposição no Museu de
Arte Moderna (Nova York). Apresentação do monumento
“A mão aberta” de Chandigarh. Construção da Capela de
Notre Dame du Haut (Ronchamp), das mansões Shodan e
Sarabhai (Ahmedabad), do Museu (Ahmedabad), do Palácio
dos Fiandeiros (Ahmedabad) e início dos estudos para os
projetos de Chandigarh: Assembleia, Alta Corte, Palácio do
Governo, Secretaria, Museu. Conferência de Le Corbusier na
Trienalle de Milão.
1952 “Commandeur” da Legião de Honra. Viagem à Índia. Construção das casas Jaoul (Neuilly sur Seine) e da Unidade Habitacional (Rezé les Nantes).
1953/54 Nomeação para o Comitê dos 5 com Gropius,
Breuer, Markelius e Rogers para dirigir o anteprojeto da
UNESCO (Paris). Visita a Jean Martin, esmaltador, em Luynes. IX CIAM em Aix-en-Provence. Exposições sobre a obra
plástica no Museu de Arte Moderna em Paris, Berna e Côme.
Publicação de “Uma pequena casa”. Construção do Convento Sainte Marie de La Tourette (Evreux), da Casa do Brasil e
da Cidade Universitária (Paris) com Lúcio Costa.
1955 Doutor Honoris Causa da Escola Politécnica Federal
de Zurique. Inauguração da Alta Corte de Justiça por Nehru.
Publicação do “Poema do ângulo direito”, do “Modulor 2” e
de “ Arquitetura da felicidade – o urbanismo é uma chave”.
Construção da estela do túmulo de Le Corbusier e da Barragem de Bhakra.
1956 Recusa de Le Corbusier de ensinar na Escola de Belas
Artes. Publicação de “Os planos de Paris”. Exposição em Lyon.
1957 Morte de Yvonne Le Corbusier (5 de outubro).
Grande exposição retrospectiva, chamada “Dez capitais”,
organizada por W. Boesiger em Zurique, Berlim, Munique,
Frankfurt, Viena, Haia, Paris, etc... Exposição no Museu de
Belas Artes de La Chaux-de-Fonds. Cidadão Honorífico de
La Chaux-de-Fonds. Membro da Academia Real de Belas Artes de Copenhague. “Commandeur” das Artes e Letras. Publicação de “Von der poesie des Bauens” e de “Ronchamp”.
Construção da Unidade Habitacional de Berlim com Lucio
Costa, do Convento Sainte Marie da La Tourette (Evreux),
da Unidade Habitacional de Briey de La Forêt e do Museu
de Arte Ocidental (Tóquio).
1958 Viagem aos Estados Unidos. Diploma “Litteris et Artibus” oferecido pela Suécia dia 12 de setembro. Diploma de
Honra da Exposição Universal e Internacional de Bruxelas.
Criação do “Poema eletrônico” em colaboração com Edgar
Varèse. Construção da Secretaria de Chandigarh e do Pavilhão Philips em Bruxelas.
1959 Doutor Honoris Causa da Universidade de Cambridge. Campanha internacional para o título de Monumento Histórico da cidade Savoie. Viagens à Índia. Construção da Casa
da Cultura em Firminy.
1960 Morte de Marie Charlotte Amélie Jeanneret-Perret,
mãe de Le Corbusier, dia 5 de fevereiro, com 101 anos.
Conferência na Sorbonne dia 4 de fevereiro. Publicação de
“Atelier da Pesquisa Paciente”. Construção da barragem de
Kembs Niffer.
1961 “Commandeur” da Ordem do Mérito. Doutor Honoris Causa da Universidade da Colômbia. Medalha de ouro
do Instituto Americano dos Arquitetos. Frequentes viagens
a Firminy. Execução de sete desenhos para as tapeçarias
da Alta Corte de Chandigarh. Realização de um aparelho
de jantar para o restaurante Prunier (Londres) inspirado no
desenho da tapeçaria “As mãos”. Exposições em Zurique e
Estocolmo. Publicação de “Orsay – Paris 1961”. Viagens à
Índia. Construção, em colaboração com J. L. Sert, do Carpenter Visual Arts Center (Cambridge).
1962 Viagem ao Brasil para estudar a implantação da Embaixada da França em Brasília. Exposição retrospectiva no
Museu de Arte Moderna (Paris). Inauguração do prédio da
Assembleia de Chandigarh e construção da Unidade Habitacional de Firminy.
1963 Medalha de ouro da Cidade de Florença. Grande
Oficial da Legião de Honra. Doutor Honoris Causa da Universidade de Genebra. Exposição no Palácio Strozzi (Florença).
Construção do Centro Le Corbusier (Zurique).
1964 Encomenda do hospital de Veneza. Exposições em
Zurique e La Chaux-de-Fonds.
1965 Retomada do estudo do Monumento de “A mão
aberta” para Chandigarh. Diploma da Sociedade de Arquitetura de Boston. Publicações de “Textos de desenhos para
Ronchamps”. Construção do Estádio de Firminy.
27 de agosto de 1965: morte de Le Corbusier durante um
banho no Mediterrâneo.
1º de setembro de 1965: cerimônias fúnebres na Cour
Carrée do Louvre. Inumação no cemitério de Cap Martin.
183
184
1887 Le 6 octobre, naissance au 38 rue de la Serre,
à La Chaux-de-Fonds, de Charles-Edouard Jeanneret (Le
Corbusier), fils de Georges Edouard Jeanneret, graveur
et émailleur de montres, et de Marie Charlotte Amélie
Jeanneret-Perret, musicienne.
1891 Ecole primaire de La Chaux-de-Fonds.
1900 Formation de graveur ciseleur à l'Ecole d'Art
oú enseigne Charles l'Eplattenier.
1902 Diplôme d'honneur à l'Exposition internationale des Arts Décoratifs de Turin pour une montre de
poche ciselée.
1904 Entrée au cours supérieur de décoration (annexe de l'Ecole dirigé par Charles L'Eplattenier, lequel
dirige Le Corbusier vers l'architecture.
1905 Commande d'une villa à La Chaux-de-Fonds
pour un membre de la commission de l'Ecole d'Art, Louis
Fallet, collaboration avec René Chapallaz, architecte.
1907 Voyage de deux mois et demi en Italie: Milan,
Florence (septembre). Visite de la Chartreuse d'Ema
àGalluzzo; Sienne, Bologne, Padoue, Gargoano, Venise
(octobre – début novembre). En novembre, départ pour
Vienne via Budapest. Séjour de 4 mois à Vienne: élaboration des plans des villas Stotzer et Jacquemet (La
Chaux-de-Fonds).
1908 Vienne: Rencontre avec J. Hoffmann et les artistes Moser et
1909 Klimt – En mars, voyage à Paris via Nuremberg,
Munich, Strasbourg, Nancy. A Lyon, rencontre avec Tony
Garnier. A Paris, visite chez Jourdain, Plumet, Sauvage,
Grasset. Entrée chez Auguste et Gustave Perret comme
dessinateur à la demi-journée.
Automne 1909: retour à La Chaux-de-Fonds pour
construire les villas Stotzer et Jacquemet.
1910 Fondation des Ateliers d'Arts Réunis pour
l'amélioration de l'Art. Participation à une course nationale de ski (Grindelwald). Avril: Mission de l'Ecole d'Art
de La Chaux-de-Fonds pour étudier le mouvement des
Arts Appliqués en Allemagne"Etude sur le mouvement
d'Art Décoratif en Allemagne" publié en 1912 à La
Chaux-de-Fonds. Hiver: entrée pour 5 mois à l'atelier
Peter Behrens (Berlin). Rencontre avec Mies Van der
Rohe et Walter Gropius.
1911 Rencontre avec Heinrich Tessenow, architecte de
la cité-jardin d'Hellerau. En mai, départ de Dresde pour
le voyage d'Orient: Prague, Vienne, Budapest,Belgrade,
Bucarest, Tarnovo, Gabrovo, Kasanlik, Istanbul, le Mont
Athos (21 jours), Athènes et l'Italie méridionale en
compagnie de son ami, Auguste Klipstein, étudiant en
histoire de l'art. Au cours de ce voyage, nombreux dessins, croquis, notes consignés dans six carnets, ainsi
que plusieurs centaines de photographies. Rédaction
d'articles, extraits de ces carnets, pour la "Feuille d'avis"
de La Chaux-de-Fonds.
Octobre 1911: retour à la Chaux-de-Fonds, en passant par la Chartreuse d'Ema, pour créer, avec Charles
l'Eplattenier, une nouvelle section de l'Ecole d'Art.
1912 La Chaux-de-Fonds: Construction de la villa
Jeanneret-Perret et de la villa Favre-Jacot (Le Locle).
1913 Première exposition des dix aquarelles "Le langage des Pierres" au Salon d'Automne à Paris.
1914 Voyage à Cologne (Exposition du Werkbund) –
Etudes pour la maison "Dom-Ino".
1915 Séjours occasionnels à Paris pour étudier à la
Bibliothèque Nationale (département des Estampes) –
Préparation du manuscrit "La construction des villes".
1916 Construction de la villa Schwob (La Chaux-deFonds) et du cinéma La Scala (La Chaux-de-Fonds).
1917 Départ définitif de La Chaux-de-Fonds. Ouverture du premier atelier d'architecture au 20 rue de
Belzunce, puis au 29 rue d'Astorg. Installation, jusqu'en
1933, au 20 rue Jacob. Conseil auprès de la Société d'Application du béton armé (avril 1917 – janvier
1919).
1918 Rencontre avec le peintre Amédée Ozenfant
et plusieurs autres artistes: Braque, Juan Gris, Picasso,
Lipchitz etc... Première peinture "La cheminée". Exposition "puriste" à la Galerie Thomas à Paris, avec Ozenfant.
1919 Fondation de "L'Esprit Nouveau" en collaboration avec Amédée Ozenfant et Paul Dermée.
1920 Rencontre avec Fernand Léger. Prend le pseudonyme de Le Corbusier du nom de l'un de ses ancêtres albigeois.
1921 Avec Ozenfant acquisition d'oeuvres, pour le
compte de Raoul La Roche, à la vente Kahnweiler. Exposition de tableaux Jeanneret à la Galerie Druet.
1922 Début de collaboration avec son cousin
Pierre Jeanneret. Première conférence à la Sorbonne.
Rencontre avec Yvonne Gallis, mannequin monégasque,
que Le Corbusier épousera en 1930. Présentation
du plan de la Ville contemporaine de trois millions
185
d'habitants au Salon d'Automne. Construction de
la villa Besnus (Vaucresson) et de l'atelier Ozenfant
(Paris). Etudes pour divers projets: maison Citrohan,
Immeubles-villas...
1923 Publication de "Vers une Architecture". Exposition Jeanneret-Ozenfant à la Galerie "l'Effort moderne"
de Léonce Rosenberg. Construction des villas La Roche
et Jeanneret (Paris – Auteuil) et "Le Lac" ("La petite
Maison" – Corseaux).
1924 Installation de l'atelier au 35 rue de Sèvres (Paris
6ème). Conférences à Genève, Lausanne, Prague. Rencontre
de Krishnamurti. Publication d'"Urbanisme". Construction
des maisons ouvrières (Lège – Gironde) et des maisons
Lipchitz-Miestschaninoff (Boulogne sur Seine).
1925 Publication de "l'Art Décoratif d'Aujourd'hui",
"Almanach d'Architecture Moderne", "La Peinture Moderne" (avec Ozenfant). Présentation au Ministre Anatole de Monzie par Gertrude Stein. Construction du
Pavillon de l'Esprit Nouveau (Paris) et de la cité Frugès
(Pessac). Etudes pour "Le Plan Voisin" et la villa Meyer.
1926 Mort de Georges Edouard Jeanneret, père de
Le Corbusier, le 11 avril. Publication de "Architecture
d'époque machiniste". Construction de la villa Cook
(Boulogne sur Seine), de la maison Guiette (Anvers), de
la maison Ternisien (Boulogne sur Seine) et du Palais
du Peuple (Armée du Salut) (Paris).
1927 Conférences à Madrid, Barcelone (visite des
constructions de Antonio Gaudi), Bruxelles, Francfort.
Concours pour le Palais de la Société des Nations à Genève. Construction de la villa Stein (Garches), de la maison
Planeix (Paris) et des villas du Weissenhof (Stuttgart).
1928 Fondation des CIAM (Congrès Internationaux
d'Architecture Moderne) à La Sarraz. Publication de
"Une Maison – Un Palais". Conférences à Prague et
Moscou. Vacances au Picquey dans le Bassin d'Arcachon. Construction de la villa Baizeau (Carthage), de la
villa Church (Ville d'Avray), du pavillon Nestlé (Paris) et
du Centrosoyus (Moscou).
1929 Voyages en Amérique du Sud. Cycle de dix
conférences. Rencontre de Joséphine Baker sur le bateau reliant Bordeaux à Rio. Présentation, au Salon
d'Automne, des meubles Le Corbusier en collaboration
avec Charlotte Perriand et Pierre Jeanneret. Deuxième
congrès CIAM à Francfort. Construction de la villa Savoye (Poissy), études pour le Mundaneum et l'urbanisme en Amérique du Sud.
1930 Naturalisation française. Mariage avec Yvonne
Gallis le 18 décembre. Voyage à Moscou (rencontres
avec Meyerhold, Taïrov, Eisenstein). Voyage à travers
l'Espagne avec F. Léger, Pierre et Albert Jeanneret.
Conférences CIAM III à? Bruxelles. Publication de
"Précisions sur un état présent de l'Architecture et
de l'Urbanisme". Collaboration à la revue "Plans".
186
Construction de l'appartement de Beistégui (Paris), de la
villa de Mandrot (Le Pradet), de l'immeuble Clarté (Genève)
et du Pavillon Suisse (Cité Universitaire. Paris). Projets
d'urbanisme à Alger et études de la Ville Radieuse et du
Palais des Soviets.
des Beaux-Arts de Stockholm. Publication de "Le Lyrisme
des Temps nouveaux" et de "l'Urbanisme" dans la revue
"Le Point".
1940 Le 11 juin 1940, fermeture de l'atelier 35 rue de
Sèvres puis
1931 Voyage à travers l'Espagne en compagnie de
Pierre Jeanneret, puis au Maroc et en Algérie. Visite du
M'Zab (Ghardaïa). Construction de l'immeuble rue Nungesser et Coli (Boulogne sur Seine).
1941 Départ pour Ozon (Pyrénées) avec sa femme,
Yvonne, et Pierre Jeanneret. Séjour prolongé à Vichy. Publication de "Destin de Paris" et de "Sur les quatre routes".
1932 Participation au concours d'idées pour l'Exposition Internationale des Arts et Techniques (1937). Conférences à Stockholm, Oslo, Göteborg, Anvers, Alger, CIRPAC
à Barcelone.
1942 Fondation de l'ASCORAL (Assemblée de Constructeurs pour une Rénovation Architecturale). Mission officielle à Alger. Réouverture de l'Atelier 35 rue de Sèvres.
Publication de "La Maison des Hommes" avec F. de Pierrefeu et des "Constructions Murondins".
1933 Docteur Honoris Causa de la Faculté de Zurich.
CIAM IV à Athènes.
1934 Installation dans son appartement-atelier-terrasse
au 7ème étage de l'immeuble 24 rue Nungesser et Coli.
Conférences à Rome, Milan, Alger, Barcelone. Fréquents
voyages à Alger. Visite de l'usine Fiat à Turin.
1935 Publication de "Aircraft" et "La Ville Radieuse".
Série de conférences à Boston, Chicago, Philadelphie, Madison, Hartford. Voyage en Tchécoslovaquie (Zlin). Rencontre avec Joseph Savina. Exposition d'art primitif par
Louis Carré dans l'appartement de Le Corbusier. Construction de la maison de week-end (La Celle Saint Cloud), et de
la villa le Sextant (Les Mathes).
1936 Second voyage en Amérique du Sud à bord du
Graf-Zeppelin. Consultations avec Oscar Niemeyer, Lucio
Costa, Alfonso Reidy et autres pour la construction du Ministère de l'Education Nationale et de la Santé. Conférences
Rio. Etude pour le stade de 100.000 places (Paris).
1937 Chevalier de la Légion d'Honneur. Ve CIAM à Paris. Conférences à Bruxelles et Lyon. Publication de "Quand
les Cathédrales étaient blanches". Construction du Pavillon
des Temps Nouveaux. Etude du Plan de Paris et de l'immeuble Cartésien.
1938 Exposition de peinture au Kunsthaus de Zurich
et à la Galerie L. Carré (Paris). Opération à l'Hôpital de
Saint Tropez suite àun grave accident provoqué par l'hélice d'un bateau au cours d'une baignade. Publication de
"Des canons, des munitions? Merci! Des logis s.v.p." et de
"l',Ilôt insalubre nº 6". Réalisation de huit fresques dans la
maison de J. Badovici à Cap Martin.
1939 Rencontre de Jean Giraudoux à l'occasion de la
création d'un comité d'études préparatoires d'urbanisme
(CEPU) Diplôme de Membre étranger de l'Académie Royale
1943/44 Début de la collaboration avec Joseph Savina.
Publication de "Entretiens avec les étudiants des Ecoles
d'Architecture" et de "La Charte d'Athènes". Recherches
sur les Unités d'Habitation.
1945 Fondation de l'ATBAT (ateliers des bâtisseurs).
Rencontre de Eugène Claudius Petit. Départ à bord du liberty ship "Vernon S. Hood": mise au point des études sur
le Modulor avec Hanning. Publication des "Trois Etablissements Humains".
1946 Voyage aux Etats Unis. Rencontre avec Albert
Einstein.
1947 Expert auprès de la Commission UN Headquarters
pour la construction du Palais des Nations Unies. Conférences sur le Modulor. VIe CIAM à Bridgewater. Présentation de la grille CIAM. Conférences à Bogota. Exposition à
Vienne. Publication de "Propos d'urbanisme". "Manière de
penser l'urbanisme" et "UN Headquarters". Construction
de l'usine Claude et Duval (Saint Dié) et pose de la première pierre de l'Unité d'Habitation (Marseille).
1948 Plusieurs expositions aux Etats-Unis. VIIe CIAM à
Bergame.
1949 Début de la collaboration avec Pierre Baudouin
pour l'exécution de tapisseries. Publication de "New World
of Space". Construction de la Villa Curutchet (La Plata).
Visite de l'Unité d'habitation de Marseille avec Jean Pierre
Aumont.
1950 Premières esquisses pour la Chapelle de Ronchamp. Désignation comme Conseiller du Gouvernement
du Punjab pour la réalisation de sa nouvelle capitale, avec
Pierre Jeanneret, Maxwell Fry et Jane Drew. Publication du
"Modulor I", de "Poésie sur Alger" et de "l'Unité d'Habitation de Marseille". Construction du Cabanon à Cap Martin.
1951 18 février: Premier voyage en Inde. Visite de
Chandigarh et d'Ahmedabad. VIIIe CIAM à Hoddesdon.
Conférences à Bogota. Séjour à New York et travail avec
Constantino Nivola sur des sculptures de sable et des peintures murales. Mises à l'écart de Le Corbusier du Concours
pour la construction du siège de l'UNESCO. Exposition au
Musée d'Art Moderne (New York). Présentation du monument "La Main ouverte" de Chandigarh. Construction de la
Chapelle Notre Dame du Haut (Ronchamp), des villas Shodan et Sarabhai (Ahmedabad), du Musée (Ahmedabad),
du Palais des Filateurs (Ahmedabad) et début des études
pour les projets de Chandigarh: Assemblée, Haute Cour,
Palais du Gouverneur, Secrétariat, Musée. Conférence de
Le Corbusier à la triennale de Milan.
1952 Commandeur de la Légion d'Honneur. Voyage en
Inde. Construction des maisons Jaoul (Neuilly sur Seine) et
de l'Unité d'Habitation (Rezé les Nantes).
1953/54 Nomination au Comité des 5 avec Gropius,
Breuer, Markelius et Rogers pour diriger l'avant-projet
de l'UNESCO (Paris). Visite chez Jean Martin, émailleur,
à Luynes. IXe CIAM d'Aix en Provence. Expositions sur
l'oeuvre plastique au Musée d'Art Moderne à Paris, Berne
et Côme. Publication de "Une petite maison". Construction
du Couvent Sainte Marie de la Tourette (Eveux), de la Maison du Brésil, et de la Cité Universitaire (Paris) avec Lucio
Costa.
1955 Docteur Honoris Causa de l'Ecole Polytechnique
Fédérale de Zurich. Inauguration de la Haute Cour de justice par Nehru. Publication du "Poème de l'Angle Droit", du
"Modulor 2", et de "l'Architecture du bonheur. L'urbanisme
est une clef". Construction de la stèle de la tombe de Le
Corbusier et du Barrage (Bhakra-Dam).
1956 Refus de Le Corbusier d'enseigner à l'Ecole des
Beaux-Arts. Publication de "Les plans de Paris". Exposition
à Lyon.
1957 Mort d'Yvonne Le Corbusier (le 5 octobre).Grande
exposition rétrospective, dite "des dix Capitales", organisée par W. Boesiger à Zurich, Berlin, Munich, Francfort,
Vienne, La Haye, Paris etc... Exposition au Musée des
Beaux Arts de La Chaux-de-Fonds. Citoyen honoraire de la
ville de La Chaux-de-Fonds. Membre de l'Académie Royale
des Beaux Arts de Copenhague. Commandeur des Arts
et Lettres. Publication de "Von der Poesie des Bauens" et
de "Ronchamp". Construction de l' Unité d'habitation (Berlin), de la Maison du Brésil de la Cité Universitaire (Paris)
avec Lucio Costa, du Couvent Sainte Marie de La Tourette
(Eveux), de l'Unité d'habitation (Briey en Forêt) et du Musée d'art occidental (Tokyo).
1958 Voyage aux Etats Unis. Diplôme "Litteris et Artibus" remis par la Suède le 12 septembre. Diplôme
d'Honneur de l'Exposition Universelle et Internationale de
Bruxelles. Création du Poème Electronique en collaboration avec Edgar Varèse. Construction du Secrétariat de
Chandigarh et du Pavillon Philips (Bruxelles).
1959 Docteur Honoris Causa de l'Université de
Cambridge. Campagne internationale pour le classement au titre de Momument Historique de la villa Savoye. Voyages en Inde. Construction de la Maison de la
Culture (Firminy).
1960 Mort de Marie Charlotte Amélie Jeanneret-Perret,
mère de Le Corbusier, le 15 février, dans sa 101ème année. Conférence à La Sorbonne le 4 février. Publication
de "l'Atelier de la Recherche Patiente". Construction de
l'Ecluse (Kembs Niffer).
1961 Commandeur de l'ordre du Mérite. Docteur Honoris Causa de l'Université de Colombie. Médaille d'or de
l'Institut Américain des Architectes. Fréquents voyages à
Firminy. Exécution de sept dessins pour les tapisseries de
la Haute Cour de Chandigarh. Réalisation d'un service de
vaisselle pour le restaurant Prunier (Londres) inspiré du
dessin de la tapisserie "Les Mains". Expositions à? Zurich et Stockholm. Publication de "Orsay – Paris 1961".
Voyages en Inde. Construction, en collaboration avec J-L.
Sert, du Carpenter Visual Arts Center (Cambridge).
1962 Voyage au Brésil pour étudier l'implantation de
l'Ambassade de France à Brasilia. Exposition rétrospective
au Musée d'Art Moderne (Paris). Inauguration du bâtiment
de l'Assemblée de Chandigarh et construction de l' Unité
d'Habitation (Firminy).
1963 Médaille d'or de la Cité de Florence. Grand officier
de la Légion d'Honneur. Docteur Honoris Causa de l'Université de Genève. Exposition au Palais Strozzi (Florence).
Construction du Centre Le Corbusier (Zurich).
1964 Commande de l'hôpital de Venise. Expositions à
Zurich et La Chaux-de-Fonds.
1965 Reprise de l'étude du Monument de la Main Ouverte pour Chandigarh. Diplôme de la Société d'Architecture de Boston. Publications de "Textes et dessins pour
Ronchamp". Construction du Stade (Firminy).
Le 27 août 1965: mort de Le Corbusier à Cap Martin au
cours d'une baignade dans la Méditerranée.
Le 1er septembre: obsèques officielles dans la Cour Carrée du Louvre. Inhumation au cimetière de Cap Martin.
187
Bibliog rafia seleti va
Bibliographie sélective
Fundação Le Corbusier, A obra plástica, Edição de la Villette, 2005
André Malraux, Orações fúnebres, Gallimard, 1971
Gilles Ragot e Mathilde Dion, Le Corbusier na França, Le Moniteur, 1997
Jacques Sbriglio, Le Corbusier - Habitar, da Residência Savoye a Unidade Habitacional de Marselha,
Actes Sud, Cité de l’Architecture et du Patrimoine, 2009
Yannis Tsiomis, Le Corbusier - Conferências do Rio, Flammarion, 2006
Fondation Le Corbusier, L’Œuvre plastique, Editions de la Villette, 2005
André Malraux, Oraisons Funèbres Gallimard, 1971
Gilles Ragot et Mathilde Dion, Le Corbusier en France, Le Moniteur, 1997
Jacques Sbriglio, Le Corbusier Habiter, de la villa Savoye à l’Unité d’habitation de
Marseille, Actes Sud, Cité de l’Architecture et du Patrimoine, 2009
Yannis Tsiomis, Le Corbusier Conférences de Rio, Flammarion, 2006
Ag radecimentos
remerciements
Anne Louyot
Chantal Haage
Danilo Santos de Miranda
Dimitry Ovtchinnikoff
Embaixador Roberto Soares de Oliveira
Embaixador Yves Edouard Saint-Geours
Isabelle Godineau
Jean-Pierre Duport
Joseph Galiano
Séverine Etchenique
Sylvie Debs
“França.Br 2009” de Ano da França no Brasil
(21 de abril até 15 de novembro) é
organizada:
Na França: pelo Comissariado Geral Francês,
pelo Ministério das Relações Exteriores e
Europeias, pelo Ministério da Cultura e da
Comunicação e por Culturesfrance.
No Brasil: pelo Comissariado Geral Brasileiro,
pelo Ministério da Cultura e pelo Ministério das
Relações Exteriores.
“França.Br 2009” l’Année de la France
au Brésil (21 avril – 15 novembre) est
organisée:
En France: par le Commissariat Général
Français, le Ministère des Affaires Etrangères
et Européennes, le Ministère de la Culture et
de la Communication et Culturesfrance.
Au Brésil: par le Commissariat Général
Brésilien, le Ministère de la Culture et le
Ministère des Relations Extérieures.
Fic ha técnica do Catálog o
Crédits du catalogue
Realização / Réalisation
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Organização / ORGANISATION
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Coordination d´Édition e de Textes
Coordination de Production
Coordination Técnique
Projet d´Édition
Design GrAPHIQUE
Tratamento de imag em /
Quadrado Redondo
Ar te final / Finalisation
Forma e Conteúdo
Traitement d´Images
Artistique
Tradução / Traduction
Denis Cardoso
Re visão de te xto /
Suzana Oellers
Révision DU TEXTe
Pesquisa de imag em (Fundação Le Corbusier) /
Recherche d´Images (Fondation Le Corbusier)
Isabelle Godineau
Arqui vo fotog ráfico / Archives photographiques
Fundação Le Corbusier / Fondation Le Corbusier
Fotog rafias /
PHOTOGRAPHIE
Fabio Scrugli: p. 5, 6, 7, 8, 40, 146, 149, 150, 164, 166, 167, 168, 169,
170, 172, 173, 174, 175, 188, 189
Fundação Le Corbusier / Fondation Le Corbusier :
p. 96, 98, 102, 109, 111, 118, 119, 142, 183, 185
G.E. Kidder Smith: p. 126
Lucien Hervé: p. 14, 17, 18, 22, 27, 32, 38, 178, 181
Olivier Martin-Gambier: p. 84, 122, 125, 128, 133, 134, 136
Paul Koslowski: p. 78, 80, 81, 86, 88, 89, 92
Werner Wolf: capa /
© FOLC/AUTVIS 2010
couverture
Dados internacionais de catalogação na publicação
Bibliotecária responsável: Mara Rejane Vicente Teixeira
Sbriglio, Jacques.
Le Corbusier : entre dois mundos / Jacques
Sbriglio, Jean-Pierre Duport, Nicola Goretti ;
organizadora: Ariadne Giacomazzi Mattei Manzi. Curitiba, PR : Museu Oscar Niemeyer, 2010.
192 p. : principalmente il. ; 24 x 30 cm
ISBN 978-85-60638-14-7
Texto também em francês.
1. Le Corbusier, 1887-1965. 2. Arquitetura
moderna – Séc. XX. I. Duport, Jean-Pierre.
II. Goretti, Nicola. III. Manzi, Ariadne Giacomazzi
Mattei. IV. Museu Oscar Niemeyer.
CDD ( 22ª ed.)
720.944
Rua Marechal Hermes, 999
Centro Cívico - 80530-230
Curitiba - Paraná - Brasil
Fone 55 41 3350 4455
www.museuoscarniemeyer.org.br
No âmbito de França.br 2009, o ano da frança no brasil
Cooperação
Representação
no Brasil
Organização
das Nações Unidas
para a Educação,
a Ciência e a Cultura
Centrais Elétricas do Rio Jordão S.A.
Cooperação
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no Brasil
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das Nações Unidas
para a Educação,
a Ciência e a Cultura
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