Parikwene agigniman - Ibis Rouge Editions

Transcription

Parikwene agigniman - Ibis Rouge Editions
Introdução
Parikwene Agigniman – Una apresentação da música parikwene
Esta pequena obra tem por ambição dar a conhecer as músicas do
povo parikwene. Nós procurámos dar uma primeira base, tão simples e
segura quanto possível, para a compreensão desta cultura musical. Com
efeito, nós conhecemos frequentemente pessoas, lemos textos que confundiam os elementos dessas músicas – por exemplo, certas pessoas misturam por vezes o nome dos instrumentos com o nome das danças. Do
mesmo modo, este quadro, organizado sob a forma de fichas, pretende
expor, de maneira clara, os diferentes componentes dessa música para
que os erros não se reproduzam e não se fixem.
Este livro é o fruto de um trabalho que se repartiu em dois tempos:
– uma troca etnográfica em que Pival (Victor Michel) era o interlocutor principal e que decorreu entre 1978 e 1982. As outras cantoras e músicos parikwene que transmitiram os seus conhecimentos
são: senhoras Xabak (Cecilia Yoyo), Apux (Françoise Labonté),
Madeleine Labonté (Bayu), Marie Martin, Cecilia Maurice,
Julienne Baptiste, Emilienne Edouard, Maria Dos Santos, Rose
Maurice, Marie Hypolite, Wayam (Nonotte Maurice), Etiennette
Edouard, senhores Payuyu (Hypolite Maurice), Antoine Yopol,
André Labonté, Georges Labonté (Tig), Ignace Baptiste, Juan Martin, Luiz Norino. Esta primeira etapa foi constituída por numerosas
gravações, bem como por numerosas entrevistas e conversas musicológicas.
– De 2007 a 2010, uma afinação dessas notas, verificações múltiplas,
ajustamentos e uma reescrita a várias mãos. Para tal, juntávamonos, entre 4 a 6 pessoas, sob forma de oficinas, no quadro da associação Takaa. Agradecemos a Luiz Norino, Georges Labonté,
Etiennette Edouard e Julia Yaparra.
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Capiberibe 2009. O trecho que
segue é uma tradução de uma
parte da introdução desta tese de
doutoramento.
Modificámos alguns elementos.
A maioria das trocas e das músicas que estão na origem desta obra
desenrolaram-se no baixo Oyapock, na Guiana Francesa (St. Georges,
Trois Palétuviers, Gabaret).
Os Parikwene falam a língua parikwaki, que é uma língua da família
arawak. E o seu coração geográfico-cultural se situa há mas de quatro
séculos na região do baixo Oyapock. “Esta região foi dividida pela fronteira entre o Brasil e a Guyana francesa em 1900.1” É por isso que eles
podem falar também o patuá (o lingua créole) e o português. “Atualmente, sua população é de aproximadamente duas mil pessoas, divididas
à metade em núcleos populacionais fixos localizados em cada lado da
fronteira. No Brasil, os Parikwene estão distribuídos em cerca de treze
aldeias, localizadas principalmente entre o médio e o baixo rio Urukauá
(Arukwa) […] Essas aldeias fazem parte de uma Terra Indígena demarcada e homologada. Na Guiana, as aldeias parikwene constituem bairros
dos municípios de Saint-Georges, Regina, Roura, Macouria, Montsinery.
Ce petit ouvrage a pour ambition de faire connaître les musiques du
peuple parikwene. Nous avons cherché à donner une première base, simple et sûre autant que possible, pour la compréhension de l’ensemble de
cette culture musicale. En effet, nous avons souvent rencontré des gens,
lu des textes qui confondaient les éléments de ces musiques – par exemple,
certaines personnes mélangent parfois le nom des instruments avec le nom
des danses. Aussi, ce tableau, organisé sous formes de fiches voudrait
exposer de manière claire les différentes composantes de cette musique
pour que les erreurs ne se reproduisent et ne se fixent pas.
Ce livre est le fruit d’un travail qui s’est réparti en deux temps :
– un échange ethnographique où Pival (Victor Michel) était l’interlocuteur principal, et qui s’est tissé entre 1978 et 1982. Les autres
chanteuses et musiciens parikwene qui ont transmis leurs connaissances sont : mesdames Xabak (Cecilia Yoyo), Apux (Françoise
Labonté), Madeleine Labonté (Bayu), Marie Martin, Cecilia Maurice, Julienne Baptiste, Emilienne Edouard, Maria Dos Santos, Rose
Maurice, Marie Hypolite, Wayam (Nonotte Maurice), Etiennette
Edouard, messieurs Payuyu (Hypolite Maurice), Antoine Yopol,
André Labonté, Georges Labonté (Tig), Ignace Baptiste, Juan Martin, Luiz Norino. Cette première étape était constituée de nombreux
enregistrements, ainsi que de nombreux entretiens et conversations
musicologiques.
– De 2007 à 2010, une mise à plat de ces notes, des vérifications multiples, des ajustements et une réécriture à plusieurs. Pour cela nous
nous retrouvions de 4 à 6 personnes sous forme d’ateliers dans le
cadre de l’association Takaa. Là encore, nous tenons à remercier
Luiz Norino, Georges Labonté, Etiennette Edouard et Julia
Yaparra.
La plupart des échanges et des musiques qui sont à l’origine de cet
ouvrage se sont déroulées sur le bas Oyapock en Guyane française (St.
Georges, Trois Palétuviers, Gabaret).
Les Parikwene parlent la langue parikwaki, qui est une langue de la
famille arawak. Et leur cœur géographico-culturel est situé depuis plus
de quatre siècles dans la région du bas Oyapock. « Cette région a été coupée par la frontière entre le Brésil et la France en 1900.1 » C’est pourquoi
ils peuvent parler aussi le créole et le portugais. « Actuellement, la population totale est d’environ 2000 personnes, réparties de manière égale en
des espaces de résidence fixes situés des deux côtés de la frontière. Au
Brésil, les Parikwene sont distribués en treize villages environ, situés principalement sur les cours moyen et bas de la rivière Arukwa (Urucauá).
[…] Ces villages sont inclus dans un territoire indigène homologué. En
Guyane les villages parikwene constituent des quartiers des communes
de Saint-Georges, Régina, Roura, Macouria, Montsinery. Un nombre
appréciable de Parikwene vivent aussi dans l’agglomération de Cayenne.
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Capiberibe 2009. Tout le passage
qui suit est une traduction d’une
partie de l’introduction de cette
thèse de doctorat. Nous en avons
modifié certains éléments.
Parikwene Agigniman – Une présentation de la musique parikwene
Introduction
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Parikwene Agigniman – Una apresentação da música parikwene
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Capiberibe id.
É possível encontrar uma discussão interessante sobre esta denominação em Capiberibe op. cit.:
55-61.
Um número apreciável de Parikwene vive também na aglomeração de
Cayenne. Esse povo possui uma longa história de contatos com os nãoameríndios” […]2.
Entre os componentes que contribuíram para a formação do povo
parikwene, certos clãs e certos grupos Karipuna integrados, ocupavam a
margem norte da foz do Amazonas no momento da chegada dos Europeus no siglo dezesseis, teríamos pois aí, nessas músicas, elementos culturais testemunhos dessas grandes culturas da foz do Amazonas.
Hoje em dia, os Karipuna do rio Kuripi tocam a música dos Parikwene, ao passo que, em consequência direta da ação dos missionários,
os Parikwene do Brasil praticamente já não tocam a sua própria música.
A totalidade deste povo, as gentes que fazem esta cultura, se chamam
Palikur, ou Parikwene (Parikwanoh para as mulheres). Optámos neste
escrito por utilizar a palavra parikwene porque corresponde a uma denominação menos exterior3.
Esta obra fala da música parikwene sob o ângulo dos repertórios, ou
seja, dos conteúdos ou das expressões sonoras e da forma como se organizam. Falaremos pouco dos músicos, dos encontros, das festas. Tratamos
aqui das diferentes músicas, e falamos muito pouco de dança, porém para
a maior parte destes repertórios, música e dança não estão separados,
andam juntos.
A palavra agigniman, traduzida por “música”, designa antes de mais
o jogo de instrumentos de sopro. No título geral, nós englobamos, pois,
de forma abusiva os cantos, o toque do tambor…
Encontraremos neste texto listas de cantos e de peças instrumentais.
A importância relativa atribuída a estas listas poderá parecer excessiva,
elas ocupam demasiado espaço, se poderá dizer. Mas elas têm pelo menos
duas razões de ser: mostrar a riqueza dessa música, as grandes quantidades de cantos diferentes que ela comporta, e por outro lado tentar mostrar
que cada um desses repertórios varia de pessoa para pessoa. Para certos
repertórios, podem ocorrer variantes sensíveis, nós não pretendemos de
forma alguma propor uma norma, ou fazer acreditar numa unicidade
dessas formas.
Do mesmo modo, existem diferentes maneiras de pronunciar as palavras em geral e as letras dos cantos em particular. Estas diferenças podem
estar ligadas ao clã de pertença, à geração, ou ser extremamente pessoais.
Os repertórios e a maneira de os interpretar podem também mudar
ao longo do tempo, de uma geração para outra, e nós não desejávamos
de todo que a apresentação que nós fizéssemos levasse a pensar num
património passado e fixo. Para nós, esses cantos, essas orquestras de
clarinetes estão vivos e continuam a se modificar, à se transformar e à
transformar o mundo.
Os dados aqui apresentados são desiguais: para certos repertórios,
nós dispomos de boas informações, para outros repertórios, poucas coisas.
Nós não falaremos aqui dos cantos das igrejas evangelistas, do brega
do zouk ou do ragga, muito presentes nas diferentes aldeias parikwene.
2
3
Capiberibe id.
On trouvera une discussion intéressante sur cette dénomination
dans Capiberibe op. cit. : 55-61.
Parikwene Agigniman – Une présentation de la musique parikwene
Ce peuple a une longue histoire de contacts avec les non-amérindiens »
[…]2.
Parmi les composantes qui ont contribué à la formation du peuple
parikwene, certains clans et certains groupes Karipuna intégrés, occupaient la rive nord de l’embouchure de l’Amazone à l’arrivée des européens, nous aurions donc là, dans ces musiques, des éléments culturels
témoignant de ces grandes cultures de l’embouchure de l’Amazone.
Aujourd’hui, les Karipuna de la rivière Kuripi jouent la musique des
Parikwene, tandis que, en conséquence directe de l’action des missionnaires, les Parikwene du Brésil ne jouent presque plus leur propre
musique.
L’ensemble de ce peuple, les gens qui font cette culture, s’appellent
Palikur, ou Parikwene (Parikwanoh pour les femmes). Nous avons choisi
dans cet écrit, d’utiliser le mot parikwene car il correspond à une dénomination moins extérieure3.
Cet ouvrage parle de la musique parikwene sous l’angle des répertoires, c’est-à-dire des contenus ou des expressions sonores et de la façon
dont ils s’organisent. Nous parlerons peu des musiciens, des rencontres,
des fêtes. Nous traitons ici des différentes musiques, et parlons très peu
de danse, pourtant pour la plupart de ces répertoires, musique et danse
ne sont pas séparés, ils vont ensemble.
Le mot agigniman, traduit par « musique », désigne avant tout le jeu
d’instruments à vent. Dans le titre général, nous englobons donc de
manière abusive les chants, le jeu du tambour…
On trouvera dans ce texte des listes de chants et de pièces instrumentales. L’importance relative accordée à ces listes pourra sembler excessive,
elles prennent trop de place pourra-t-on dire. Mais elles ont au moins
deux raisons d’être : montrer la richesse de cette musique, la très grande
quantité de chants différents qu’elle comporte, et d’autre part tenter de
laisser apparaître que chacun de ces répertoires varient d’une personne à
l’autre. Pour certains répertoires, il peut y avoir des variantes sensibles,
nous ne prétendons aucunement proposer une norme, ou faire croire à
une unicité de ces formes.
De même, il y a différentes manières de prononcer les mots en général
et les paroles des chants en particulier. Ces différences peuvent être liées
au clan d’appartenance, à la génération, ou être très personnelles. Ainsi,
dans ce livre même, on pourra noter quelques différences dans la graphie
de certains mots.
Les répertoires et la manière de les interpréter peuvent aussi changer
au cours du temps, d’une génération à l’autre, et nous ne voudrions absolument pas que la présentation que nous en donnons laisse croire à un
patrimoine passé et fixe. Pour nous, ces chants, ces orchestres de clarinettes sont vivants et continuent à se modifier, à se transformer et à transformer le monde.
Les données présentées ici sont inégales : pour certains répertoires
nous disposons de bonnes informations, pour d’autres répertoires, peu
de choses.
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Este livro pretende ser um suporte de transmissão desta riqueza cultural que são as músicas dos Parikwene. A vós de completar este quadro
simples falando com os vossos parentes.
Parikwene Agigniman – Una apresentação da música parikwene
Os registros etnomusicográficos na origem desta obra foram realizados no quadro do centro Orstom (IRD) de Cayenne, para parte em colaboração com Françoise e Pierre Grenand. Os dados complementares
foram fornecidos no quadro da associação Takaa, e com a ajuda financeira pontual do CNRS (UPS 2561), da DAC Guiana no que se refere à digitalização das gravações iniciais, e do Centro de Arquivos e dos
Documentos Etnográficos da Guiana (CRILLASH, Universidade das Antilhas – Guiana). Estes são arquivados na Biblioteca nacional de França
em Paris, na fonoteca do Laboratório de Etnomusicologia do CNRS (CREMLESC) em Nanterre, junto da associação Takaa em Saint-Georges de l’Oyapock, nos Arquivos Departamentais da Guianae, no Museu Kuachí em
Oiapoque, e no CADEG na universidade em Cayenne. O CRILLASH também
financiou a tradução do texto em português. O programa europeu LEADER
financiou a edição e mastering do CD. O disco foi editado e masterizado
por Leonardo Pires Rosse com software livre e gratuito. Agradecemos
também a Kátia Kukawka que ajudou na preparação do manuscrito, a
Eduardo Pires Rosse, e a Kamilo Laks Martínez para ajuda com os softwares e os sonogramos.
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Nous ne parlerons pas ici des chants des églises évangélistes, du brega
du zouk ou du ragga, très présents dans les différents villages parikwene.
Ce livre se veut un support de transmission de cette richesse culturelle
que sont les musiques des Parikwene. A vous de compléter ce tableau simple en parlant avec vos parents.
Parikwene Agigniman – Une présentation de la musique parikwene
Les relevés ethnomusicographiques à l’origine de cet ouvrage ont été
réalisés dans le cadre du centre Orstom (IRD) de Cayenne, pour partie en
collaboration avec Françoise et Pierre Grenand. Les données complémentaires ont été apportées dans le cadre de l’association Takaa, avec l’aide
financière ponctuelle du CNRS (UPS 2561) et de la Direction des affaires
culturelles de la Guyane pour la numérisation des enregistrements initiaux. Ces enregistrements sont archivés à la Bibliothèque nationale de
France, à la phonothèque du Laboratoire d’ethnomusicologie du CNRS
(CREM-LESC) à Nanterre, auprès de l’association Takaa, au Museu Kuahí
d’Oiapoque, aux Archives départementales de la Guyane, ainsi qu’au
Centre d’archives et des documents ethnographiques de la Guyane (CRILLASH – Université des Antilles et de la Guyane). Le CRILLASH a également
permis le financement de la traduction du texte en portugais. Le montage
et le mastering du CD ont été financés par le programme européen Leader
et réalisés par Leonardo Pires Rosse sur un logiciel libre et gratuit. Nous
remercions également Kátia Kukawka qui nous a aidés dans la préparation du manuscrit, Eduardo Pires et Kamilo Laks Martínez pour l’assistance informatique et les sonagrammes.
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